4 de dezembro de 2014

RESENHA: APOSTA FATAL - Jean-François Parot (Ed. Vestígio)



Boa tarde, pessoal!

Depois de trazer duas decepções literárias no começo da semana, agora falo de um livro que me deixou completamente grata pela leitura: APOSTA FATAL, do JEAN-FRANÇOIS PAROT, lançado pela VESTÍGIO.

Aposta FatalAPOSTA FATAL (vol. 1)
JEAN-FRANÇOIS PAROT
Série: Nicholas Le Floch
Editora: VESTÍGIO              
Ano: 2014                  
Nº págs: 384
Gênero: Policial, Suspense

SINOPSE: Nicolas Le Floch em trama sinistra na Paris do século XVIII. Em 1761, o jovem Nicolas Le Floch, vindo da Bretanha, chega a Paris e é contratado pelo Sr. de Sartine, superintendente-geral da polícia do rei Louis XV. Como investigador, Nicolas logo descobrirá a crueldade dos homens e a brutalidade das conspirações no mundo do crime parisiense, onde tudo gira em torno do jogo, da devassidão e do roubo, que se interligam por incontáveis labirintos. O primeiro assassinato irá mergulhá-lo no cerne da podridão e de perversidades que envolvem um delegado corrupto, uma esposa saída de uma casa de prostituição, um cadáver no porão de uma residência na Rua dos Blancs-Manteaux, um carrasco, espiões, masmorras e necrotérios. E tudo isso pode acabar conduzindo-o à presença do rei e de sua favorita, Madame de Pompadour. Uma investigação cheia de reviravoltas e revelações surpreendentes, que faz reviver a atmosfera, as ruas, os nobres e os mendigos, os ritos, os crimes e os mistérios da Paris do século XVIII.

Depois de ter lido O OURO DE QUIPAPÁ, de um autor também francês, e ter me decepcionado, fiquei com medo de ler APOSTA FATAL, porém, como uma de minhas metas é ler todos os livros que a VESTÍGIO lança, resolvi encarar o desafio, e como foi gratificante mergulhar nos mistérios dessa aventura.

A história se passa em 1761, mas não pensem que por causa disso PAROT ocupou-se com uma linguagem rebuscada, cheia de firulas, como era comum à época, pelo contrário, o autor optou por uma linguagem simples e deliciosa, dessas que tornam a história fluida e o livro impossível de largar. E após as decepções que tive com MATAR ALGUÉM e com O OURO DE QUIPAPÁ, que menciono na resenha minha decepção ao ver a mulher brasileira retratada de forma tão depreciativa, foi um verdadeira glória ler APOSTA FATAL e ver que o autor teve um cuidado imenso com as palavras até mesmo para falar das prostitutas que fazem parte do enredo. Como foi gratificante ver que mesmo com palavras simples PAROT conseguiu manter a classe em sua obra, sem precisar usar do subterfúgio da vulgaridade para tornar as personagens ou o meio social francês interessantes. E bem sabemos que a França, nesse época, era dada a imensas festividades em bordeis com as moças que lá trabalhavam, e foi magnífico ver que ainda assim houve um tom respeitoso por parte do autor ao retratar todo esse ambiente da época. Também pudera, JEAN além de autor é diplomata, portanto, o uso das palavras não deve ser complicado para esse homem. (Amém, e obrigada por me levar a um prazer absoluto com esse enredo fantástico!).

Foi realmente encantador acompanhar as investigações de Nicolas Le Floch pela Paris do século XVIII. A ambientação é realmente magnífica e a sensação é a de entrar em uma máquina do tempo e viajar para o passado. O autor descreve tudo de forma tão minuciosa e interessante que consegui “enxergar” até o mau cheiro de que ele falou, rs.

Le Floch me ganhou logo de cara, pois JEAN não fez rodeios para apresentar o personagem e seu passado. Rapidamente somos conduzidos à triste e trágica história de vida do rapaz, que já não bastasse ter perdido tudo, também perde o amor quando vai a Paris tornar-se investigador. Mas isso acontece porque o pai da moça, que é padrinho de Nicolas, não quer o romance. A revelação do motivo não traz grande surpresa, ainda assim é gratificante a passagem.

O enredo policial é fabuloso, mas confesso que exatamente como já aconteceu em outras leituras de época, diante da grandiosidade do ambiente retratado, não consigui dar tanta atenção à vertente policial, pois as descrições de lugares e de personalidade dos personagens pertencentes àquela sociedade acabaram me atraindo mais. Apesar disso, chamo atenção para as descrições dos cadáveres... ADOREI! Haja estômago!

Outro ponto excelente no livro é o adendo final, em que há a explicação de todas as personagens verdadeiras, bem como alguns lugares famosos. É muito gostoso ler uma obra que mescla ficção e realidade, mas é ainda melhor acabar de ler o livro e poder dar uma espiadinha naqueles personagens citados pertencentes à história real.

A série do NICOLAS já conta com vários volumes e não vejo a hora de ler outros, principalmente para saber mais sobre a vida a amorosa do personagem. Nesse retrato tão belo da época, não deu para deixar os assuntos do coração de fora. Para mim, APOSTA FATAL foi uma leitura excelente e que recomendo de olhos fechados! Confiram! 


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10 comentários:

  1. Você sabe mesmo como me convencer a ler um livro, Mari. Uma história que mistura ficção e realidade e ainda tem uma narrativa fantástica? Esse é pra mim. Com certeza lerei. Ótima resenha.

    Abraço!
    http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

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  2. Olha vejo que não é somente o autor que sabe bem usar as palavras... você também escreveu maravilhosamente bem esta resenha... eu gosto quando as resenhas falam pouco sobre o livro e ao mesmo tempo diz tudo que é necessário...

    Nunca li nada do autor, mas esse cenário de Paris já tem algo que me chama a atenção.. agora essa questão da riqueza de detalhes, pelo que vejo é um tanto quanto comum em livros que tem uma pegada mais histórica..

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  3. Nunca tive contato com qualquer obra deste autor, mas diante dessa sua resenha, não há como nossa mão não coçar para conseguir ter este livro em mãos. Adoro livros ambientados em épocas diferentes.

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  4. Olá, nunca li nada do autor, mas fiquei interessada nesse livro, a editora tem lançamentos muito bons, acho que vale dar uma chance!
    Abraços
    www.estantedepapel.com

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  5. Muito legal quando os autores conseguem nos transportar para os cenários que eles criam, não é?!?! Bom também quando a linguagem que ele usa é simples, mas muito eficiente. E já fiquei bem curioso pra ler, principalmente essa parte dos cadáveres.

    @_Dom_Dom

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  6. Parece ser outra trama empolgante. Espero conseguir ler este. Pois vocême deixou curiosa com a trama e personagens.
    Beijos.

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  7. Ainda bem que a linguagem não é "rebuscada", hein? Acho que é justamente por isso que tenho certo preconceito com estórias que se passam em outras épocas.
    Descrições de cadáveres proibidas para quem tem estômago fraco? Adoro hahahaha

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  8. Este é o primeiro livro lançado por Jean-François Parot e, até onde sei, o único traduzido para o português. Li mais dois dele - "L'Homme au ventre de plomb" (O homem com entranhas de chumbo) e "Le fantôme de la rue Royale" (O fantasma da rua Royale), cada um melhor que o outro. Comprei outros três que ainda não li, além dos DVDs da série de televisão inspirada na obra do autor. Fico contente que tantas pessoas se interessem pelo livro de Parot, porque, dessa forma, talvez a comercialização de seus romances de ficção criminal histórica seja incentivada, o que facilitaria para mim a aquisição de seus livros. O autor é diplomata e historiador e já publicou, de 2000 até agora, 13 livros todos girando em torno da figura de Nicolas LeFloch, detetive no Chatelet

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  9. Este é o primeiro livro lançado por Jean-François Parot e, até onde sei, o único traduzido para o português. Li mais dois dele - "L'Homme au ventre de plomb" (O homem com entranhas de chumbo) e "Le fantôme de la rue Royale" (O fantasma da rua Royale), cada um melhor que o outro. Comprei outros três que ainda não li, além dos DVDs da série de televisão inspirada na obra do autor. Fico contente que tantas pessoas se interessem pelo livro de Parot, porque, dessa forma, talvez a comercialização de seus romances de ficção criminal histórica seja incentivada, o que facilitaria para mim a aquisição de seus livros. O autor é diplomata e historiador e já publicou, de 2000 até agora, 13 livros todos girando em torno da figura de Nicolas LeFloch, detetive no Chatelet

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  10. Impactada com o livro Aposta Fatal e com a perfeicao do texto de Jean Francois Parot , procurei saber mais no ggohle e me deparei com o seu comentário. Parabéns! Terei que me esforçar para ler em frances ou sera que em Portugal ja tem tradução dos demais livro do autor? Pois , quero mais...

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