Oi, gente!
Na semana passada
recebi vários livros policiais, por isso até agora só tivemos resenha desse
gênero. Hoje não vai ser diferente. Vou falar sobre VESTIDO DE NOIVO, do PIERRE
LEMAITRE, lançado pela VERTIGO.
Esse foi o 5º livro da editora que li, e, ao contrário dos outros quatro, que
achei o máximo, considerei VESTIDO DE
NOIVO bem mediano.
PIERRE LEMAITRE
Editora: VERTIGO
Nº págs: 272
Gênero: Thriller
SINOPSE: Sophie, uma jovem mulher que leva uma vida pacata, começa a cair lentamente
na loucura: milhares de pequenos e inquietantes sinais se acumulam e, de
repente, tudo se acelera. Seria ela a responsável pela morta da sua sogra, do
seu marido enfermo? Pouco a pouco ela se encontra envolvida em vários
assassinatos, dos quais ela não tem a menor lembrança. Então, desesperada,
porém lúcida, ela organiza sua fuga, muda de nome, de vida, se casa, mas o seu
terrível passado a alcança. As sombras de Hitchcock e de Brian de Palma pairam
sobre esse thriller diabólico.
A realidade é que VESTIDO DE NOIVO não é propriamente um
livro policial, e sim um thriller psicológico. Vendo por esse lado, o livro
cumpre sua completa função: a de nos deixar tensos durante a leitura e de mexer
com nossos nervos. Contudo, como muitos de vocês sabem, minha preferência pelo
gênero é maior quando em seu enredo temos uma perseguição policial, pistas,
suspeitos, etc, o que não existe em VESTIDO
DE NOIVO.
A história começa
com Sophie. Em uma narrativa feita em terceira pessoa, vamos conhecendo o
presente da moça, seu passado e os corpos que ela supostamente foi deixando
para trás: marido e sogra. Ficamos sabendo mais sobre seu atual trabalho como
babá, e as razões de ela se achar louca, uma delas: não se lembra de ter
cometido os crimes, mas também existe muita coisa de que ela não se lembra.
No início o enredo
me pegou de jeito. A paranoia de Sophie é evidente e não há dúvidas de que
existe algo, ou alguém mais, relacionado aos crimes. A própria sinopse deixa
isso claro. Porém, com o passar das páginas, Sophie foi me irritando de forma
descomunal. Após o garotinho de quem ela toma conta ser assassinado e tudo
apontar para ela, a personagem começa a fugir e se esconder, ao mesmo tempo em que
fica em dúvida se foi ela, se é louca, se tem algum problema na cabeça, etc. A
insistência dela em ficar acreditando que fosse louca me irritou profundamente.
Primeiro, porque louco nunca assume que é louco, segundo, se ela assim se
achasse, deveria procurar tratamento, principalmente quando o marido faleceu,
coisa que a personagem não fez.
O começo tão
promissor passou a me deixar ainda mais desgostosa com a leitura quando vi que
não entrava em cena uma investigação. Ok, sei que é um thriller psicológico,
sei que foi intenção do autor, mas, poxa vida, a única coisa que aparece de
investigação são pequenos trechos que esporadicamente Sophie lê nos jornais com
notícias sobre os crimes que cometeu, que vão aumentando cada vez mais. Até
podia achar isso normal, não fosse a criança assassinada filho de duas pessoas
famosas e influentes, e, por conta disso, por mais que fosse a intenção do
autor, senti falta de uma linha investigativa e ponto.
Sophie já tinha
atingido os limites de minha paciência quando finalmente é interrompida e temos
o diário de um outro personagem, dessa vez contado em primeira pessoa. O que
ele está fazendo naquelas páginas e em seus relatos é óbvio, mais uma vez
comecei ler com grande empolgação e acabei achando enfadonho no meio, pois
parecia que o personagem enrolava demais para contar algo que já sabíamos.
Todavia, o fim dessa parte me surpreendeu imensamente. Quando o personagem
revelou seu nome, fiquei Oo! (“putz, que massa!”). E foi só a partir daí que
passei a achar o livro interessante. Isso aconteceu na página 182, em um livro
de 268, ou seja, exigiu muita paciência de minha parte.
Mas, acabada essa
ladainha, VESTIDO DE NOIVO tomou
novo rumo. Mesmo não tendo uma investigação, Sophie pareceu acordar e virar uma
heroína de verdade. Dessas dignas de chamarmos de mocinha “foda”, pois a tal
investigação ficou por sua própria conta e risco. Foi aí que a personagem
cresceu e se tornou enorme no livro, uma personagem brilhante e fascinante, não
uma mocinha meio mosca morta que era o que vinha aparentando ser na parte
inicial do livro. De repente Sophie arregaçou as mangas, mostrou-se uma mulher
de brios e de inteligência incomum, e foi atrás não apenas de descobrir os
mistérios que a estavam cercando, mas entrou num jogo de gato e rato disposta a
tudo para sair vitoriosa, até mesmo arriscar a vida.
Depois de 182
páginas, VESTIDO DE NOIVO me
surpreendeu de forma completamente gratificante e teve um final digníssimo!
Além de ter adorado o final, passei a amar a escolha do título do livro, que
não havia entendido até então. Mas, é óbvio que na hora de avaliar, não poderia
deixar de lado que mais de 60% do livro me causou uma enorme irritação, e
também não posso deixar de compará-lo com outros thrillers psicológicos que já
li, e muito menos com outros títulos da editora, ao qual dois deles já entraram
para meus favoritos, por isso, dei apenas 3 estrelas.