30 de dezembro de 2014

RESENHA: AS GÊMEAS - Saskia Sarginson (Ed. Novo Conceito)



Oi, gente.

O ano está quase acabando e ainda não consegui postar todas as resenhas atrasadas da NOVO CONCEITO. Agora vocês vão poder conferir uma que já está pronta desde 03/04/2014, AS GÊMEAS da SASKIA SARGINSON.

As GêmeasAS GÊMEAS
SASKIA SARGINSON
Editora: NOVO CONCEITO              
Ano: 2014                  
Nº págs: 320
Gênero: Drama

SINOPSE: As gêmeas Isolte e Viola eram inseparáveis na infância, mas se tornaram mulheres muito diferentes: Isolte tem um emprego glamouroso em uma revista de moda de Londres, namora um fotógrafo e vive em um bairro descolado. Viola, desesperadamente infeliz, luta contra um transtorno alimentar e não faz questão de se ajustar a nenhum grupo. O que pode ter acontecido para levar as gêmeas a seguirem trajetórias tão desencontradas? À medida que as duas jovens começam a reviver os eventos do último verão em família, terríveis segredos do passado vêm à tona – e ameaçam invadir suas vidas adultas.

Faz alguns dias que li AS GÊMEAS e ainda não sei o que pensar. Em alguns pontos o livro me encantou e senti absoluto prazer em lê-lo, em outros, achei a narrativa cansada, enfadonha, que parecia estar ali para encher linguiça.

A coisa que mais gostei e achei simplesmente sublime, foi a forma da narrativa. Não estou falando de primeira ou terceira pessoa, mas sim na gostosa saladinha que a autora fez ao contar e recontar o presente e o passado. A trama é toda cheia de recortes, nada faz parte de um ponto específico ou de uma cronologia certa, e isso foi divino, pois me fez colocar a cachola para funcionar e vagar com a imaginação pelos diversos universos que a autora explorou. A parte mais gostosa disso tudo foi que não houve avisos, interrupções ou pausas. Você simplesmente está lendo algo que aconteceu hoje, contado em terceira pessoa por Issy e, de repente, a história retorna alguns anos atrás para ser contada em primeira pessoa por Viola. Isso tudo pode soar confuso no começo, mas conforme adentramos no livro e nos acostumamos com essa forma de narrar, passamos a achar deliciosa essa mescla temporal.

Caso alguém tenha ficado meio confuso com essa explicação, tentarei ser mais imagética, pois creio ser mais fácil de assimilar quando damos um exemplo visual. Quem assiste ao seriado THE FOLLOWING vai notar a semelhança na forma de narrar. Na série, sempre há um retorno ao passado, sem ordem cronológica alguma, para apresentar algumas situações que envolveram os personagens; o mesmo acontece em AS GÊMEAS, e posso dizer que foi completamente fascinante ler dessa forma, uma das poucas coisas que realmente achei fantástica no livro.

Quanto ao enredo, estava gostando até chegar ao final, depois que fechei o livro, achei-o sem propósito e sem sentido. Isso porque as irmãs contaram seus dramas e tristezas de infância e o livro terminou de forma totalmente aberta, deixando-me cheia de curiosidade e dúvidas. Até gosto quando isso acontece, mas, nesse caso, como nada sobre o passado foi respondido, tudo o que foi contado pareceu sem propósito, foi como ler um livro inteiro com várias possibilidades, ter várias perspectivas e não ver nada se formando, simplesmente porque a autora resolveu deixar tudo aberto e nada solucionado para dar uma “sensação de esperança” – palavras da própria autora.

Outro ponto que me irritou ao final, e mais ainda ao ler as palavras da própria autora, foi a questão sobre o desaparecimento de uma personagem, que ficou ali, pairando pelas páginas, com várias incertezas e nenhum esforço para se obter respostas definitivas e significativas; pois é, mais um ponto, dentre tantos, que a autora deixou em aberto. A justificativa dela? “...Teria empurrado o livro para o gênero da ficção policial”. Então, se não era a intenção, para que colocar isso no livro? Mesmo porque essa parte foi realmente fantástica, e antes do desaparecimento houve um ritual, e... Não vou ficar contando para vocês não me xingarem, mas o fato é que tudo foi bem até ali e “puff”, acabou sem resposta só porque a autora ACHOU que revelar, preto no branco, a verdade seria voltar o livro para o gênero da ficção policial ¬¬.

No mais, a história das gêmeas é contada de forma bastante intensa. Conseguimos sentir a tristeza que permeia a vida delas e as razões. Impossível não se apiedar mais de Viola, que é quem ficou com mais marcas e sofre de uma doença terrível. Issy, apesar de suas angústias, dúvidas e sofrimento, conseguiu seguir adiante na vida e encontrar o sucesso. Não digo a total felicidade, pois percebemos que a insegurança está sempre presente na vida da personagem, mas ela é alguém menos dependente que Viola e que não está disposta a viver no passado.

Em geral é um livro regular, para ser bom, faltou emocionar e cortar o coração, faltou deixar o leitor destroçado mesmo, e acredito que isso não foi possível porque, apesar de Issy ser uma personagem mais centrada, ela me pareceu meio apática ao passado, enquanto que Viola se agarrava a ele para continuar vivendo e não sucumbir à doença.


Não sei, mas, para mim, faltou algo e não consegui dar uma nota maior que 2. 


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Um comentário:

  1. Mari, esse livro parece ter uma proposta incrível, mas fico triste em perceber que a autora resolveu não dar um final digno para ele. Me pareceu, pelo que você disse, que a autora resolveu: criem o final que vocês acharem melhor para o meu livro. Apesar disso, fiquei bem curiosa com a história, principalmente com esse desaparecimento, mas provavelmente vou terminar o livro com raiva também pela falta de finalização. Pretendo ler sim, mas já vou com isso na mente para não me decepcionar tanto. Adorei a resenha.

    Beijos,
    Adri
    Stolen Nights

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