29 de agosto de 2013

RESENHA: FALE! - Laurie Halse Anderson (Ed. Valentina)

Oi, gentes!

Hoje vou falar de um livro MUITO comentado e aguardado: FALE! da LAURIE HALSE ANDERSON, lançamento da editora VALENTINA.

Fale!SINOPSE: “Fale sobre você... Queremos saber o que tem a dizer.”Desde o primeiro momento, quando começou a estudar no colégio Merryweather, Melinda sabia que isso não passava de uma mentira deslavada, uma típica farsa encenada para os calouros. Os poucos amigos que tinha, ela perdeu ou vai perder, acabou isolada e jogada para escanteio. O que não é de admirar, afinal, a garota ligou para a polícia, destruiu a tradicional festinha que os veteranos promovem para comemorar a chegada das férias e, de quebra, mandou vários colegas para a cadeia.
E agora ninguém mais quer saber dela, nem ao menos lhe dirigem a palavra - insultos e deboches, sim - ou lhe dedicam alguns minutos de atenção, com duvidosas exceções. Com o passar dos dias, Melinda vai murchando como uma planta sem água e emudece. Está tão só e tão fragilizada que não tem mais forças para reagir.
Finalmente encontra abrigo nas aulas de arte, e será por meio de seu projeto artístico que tentará retomar a vida e enfrentar seus demônios: o que, de fato, ocorreu naquela maldita festa?

Conheci a narrativa da autora com GAROTAS DE VIDRO. Fiquei em completo choque quando li o livro. Forte, dramático e real, GAROTAS DE VIDRO fez com que eu mergulhasse em profundo desespero. Por conta desse livro, aguardei com enorme ansiedade por FALE!

Acredito que a grande maioria saiba do que se trata a história de Melinda, mas, para evitar estragar a surpresa de quem não sabe, não vou contar. O fato é que, como li já sabendo as razões de Melinda ter se calado, tive uma sensação diferente com a narrativa. Acredito que se não soubesse o que aconteceu com a garota, teria considerado ela bastante boba e a narrativa por vezes cansada, e só me surpreenderia com suas atitudes depois de revelados os motivos; mas como já sabia a razão da tristeza profunda pela qual a personagem passava, senti-me completa com a leitura.

Saber o que havia ocorrido com Melinda fez com que eu prestasse mais atenção a cada fato da narrativa, a cada parágrafo que ela narrava, e a cada mínima coisa que ela dizia. Através das próprias palavras dela vamos percebendo suas mudanças de atitude e postura. E ao mesmo tempo em que Melinda se encolhe para o mundo, nosso coração se encolhe com a tristeza que vamos sentindo.

É extremamente triste ver que uma menina que tinha uma vida normal vai se afastando do mundo e se calando para todos. Mais triste ainda é ver a posição dos pais dela, que em momento algum parecem se preocupar com os problemas da garota, ou tentar descobrir o que houve para que ela mudasse de forma tão brusca. O que mais dói na leitura é saber que, infelizmente, na vida real, pais que negligenciam seus filhos de fato existem e se quer percebem que algo errado os perturba.

Foi sufocante saber o que havia ocorrido com Melinda e ver que ela nunca contava nada para ninguém. Por muitas e muitas vezes senti vontade de entrar no livro e gritar para as pessoas que a cercavam se elas eram idiotas ou o quê? Chegar até a parte em que ela resolvia contar seu “segredo” para alguém foi sufocante. A todo momento sentia meu coração apertado e um forte desespero. Quando, por fim, ela resolveu contar o que lhe havia acontecido na tal festa, sucumbi as lágrimas e me permiti chorar até soluçar.

Melinda é a personagem perfeita. Por várias vezes ri com seus sarcasmos e ironias, por várias vezes senti seu sofrimento e medo, por várias vezes quis colocar ela no meu colo e resolver sua situação. A sensação de ler FALE! é de ser um psicólogo e estar ouvindo uma criança lhe contar uma história que a afetou profundamente, a diferença é que o especialista estaria pronto para lhe dar conselhos, enquanto nós leitores só temos a opção de chorar depois dos relatos de Melinda.

FALE! é profundo e encantador. Adorei saber que o livro é adotado em algumas escolas e acredito que deveria ser adotado no Brasil também. Ao final temos uma entrevista com a LAURIE HALSE ANDERSON que acaba por nos chocar tanto quanto o livro. Uma de suas respostas me deixou de cabelo em pé, e com uma tristeza profunda ao saber como os meninos pensam em relação ao assunto abordado no livro.

Mais uma vez digo que não vou deixar explicito o problema de Melinda, pois sei que tem leitores que apreciam a surpresa, contudo, nesse caso, acredito que seria melhor saber o problema da personagem, para assim poder acompanhar seus pensamentos e sentimentos em relação ao que lhe aconteceu desde o início.


Quanto à edição feita pela VALENTINA, o trabalho está primoroso. A capa está perfeita e é muito mais bonita ao vivo, e também é soft touch (ADORO). As páginas são amarelas, a fonte está em tamanho perfeito e o espaçamento confortável. Ou seja, toda a diagramação está extremamente cuidadosa para nos propiciar uma leitura confortável; enquanto que a narrativa de HALSE está pronta para nos propiciar uma leitura chocante, dramática e forte. Que a VALENTINA traga ainda mais livros da autora para o país! J


FICHA DO LIVRO





FALE!
LAURIE HALSE ANDERSON
Editora: VALENTINA
Ano: 2013                   
Nº págs: 248
Gênero:Drama

27 de agosto de 2013

RESENHA: TODO DIA - David Levithan (Galera Record)

Oi, pessoal.

Vou abrir essa semana com a resenha de TODO DIA do DAVID LEVITHAN, lançado pela GALERA RECORD.

Todo DiaSINOPSE: Neste novo romance, David Levithan leva a criatividade a outro patamar. Seu protagonista, A, acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Depois de 16 anos vivendo assim, A já aprendeu a seguir as próprias regras: nunca interferir, nem se envolver. Até que uma manhã acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento, todas as suas prioridades mudam, e, conforme se envolvem mais, lutando para se reencontrar a cada 24 horas, A e Rhiannon precisam questionar tudo em nome do amor.

Como muitos de vocês sabem, esse ano a GALERA está mimando muito seus parceiros. Primeiro todos nós recebemos O FUTURO DE NÓS DOIS, logo depois WILL & WILL, e faz pouco, o tão falado MÉTRICA. Esse mês o mimo ficou por conta de TODO DIA, do LAVITHAN.

Faz quase três semanas que recebi e li o livro, mas não conseguia de forma alguma sentar para escrever a resenha. Portanto, vocês já ficam avisados que nada do que eu disser aqui será suficientemente bom para demonstrar o quanto o livro foi significativo e importante para mim. Faltam-me palavras para escrever sobre TODO DIA.

Meu primeiro contato com LEVITHAN foi com WILL & WILL, escrito em parceria com o John Green. Confesso ter gostado muito mais da parte de Green nesse livro, mas ao ver o Vitor (da Ed. Record) comentar no twitter que o LEVITHAN era muito melhor, que TODO DIA isso, TODO DIA aquilo, fiquei com a pulga atrás da orelha. Sempre que via um comentário dele me perguntava: “por que raios ele acha o LEVITHAN melhor que o Green? Impossível! Qualquer pessoa em sã consciência sabe que Green é o cara!”

Quando terminei de ler TODO DIA, entendi as razões de o Vitor elogiar tanto o autor, e sim, ele é melhor, MUITO melhor que o Green! Na verdade, é muito melhor que vários autores que estão desfilando com suas obras YA e NA pelo meio literário.

Vou tentar explicar todas as razões desse meu fascínio por TODO DIA.

Primeiro: a linguagem! Fantástica, adulta, poética. As palavras de LEVITHAN soam como música. Suas palavras são intensas, profundas e nos levam a variadas reflexões sobre a vida e o ser humano. Esse foi o aspecto do livro que mais me ganhou. Há muito que não leio algo com um modo tão intenso e belo de ser narrado.

Segundo: os personagens. Gente, não escondo: ODEIO essa onda de New Adult. Os personagens são pobres, infantis, imaturos, só pensam em sexo, sublimam o amor entre casais como se fosse a coisa mais importante do mundo, mais importante que a família, amigos, futuro e qualquer outro aspecto da vida. Eles não pensam, não refletem, apenas agem por impulso diante dos seus desejos, e pra piorar, já passaram da adolescência, então, não justifica toda a dramaticidade da coisa. Esses personagens me irritam, e detestei todos os livros que li sobre o gênero. Comparo com NA por ser um tipo de livro que vem explorando o amor de forma extenuante. E então encontrei TODO DIA, que além de sua linguagem adulta, traz também PERSONAGENS ADULTOS AOS 16 ANOS (!!!!). Claro que existe um drama no enredo, mas não é aquele mimimi adolescente que cansa quem, como eu, há muito passou dos 20. Aos 16 anos, os personagens de LEVITHAN são maduros, coerentes e intensos. Não agem por impulsos e tentam sempre procurar ver a situação por vários aspectos, não como se tudo fosse lindo, mágico e puro amor; eles procuram pesar as conseqüências de suas decisões de forma real e sem rodeios, por mais que fiquem machucados com as escolhas. Os diálogos de seus personagens são INTELIGENTES e reflexivos.

Terceiro: a premissa. Ok, Sr. DAVID “GÊNIO” LEVITHAN, de onde surgiu essa ideia de um personagem acordar a cada dia no corpo de um ser humano diferente? Nunca foi tão prazeroso acompanhar tantos personagens em seu cotidiano. A. entrava em seus corpos, vivia neles por um dia, e expunha todas as fragilidades, perturbações e pensamentos daquelas mentes.

Quarto: a curiosidade. Terminei TODO DIA sem saber quem ou o quê A. é. E não, isso não me incomodou, ao contrário, fez com que eu ficasse ainda mais feliz por ter lido esse livro tão perfeito, afinal, a atitude sublime e madura de A. ao final do livro, deixa claro que ele realmente não poderia ser humano, afinal, como comentou a Ceile do Este Já Li, não somos seres tão elevados a ponto de termos a atitude de A.

Mas a palavra que me marcou em TODO DIA foi REFLEXÃO. Impossível ler tal livro e não refletir sobre nossa própria vida, sobre nossos próprios relacionamentos e sentimentos. Quem nunca se manteve num relacionamento fracassado por comodismo? Quem nunca se pegou pensando no sentido da vida? Quem nunca colocou outra pessoa em primeiro lugar? Quem nunca teve pensamentos ruins sobre a vida? Quem nunca pensou em fugir? Se esconder? Quem nunca viveu fechado em um mundo só seu? Quem nunca teve medo? Dúvidas? Tristeza? Amargura? É ao percorrer por essa mistura de pensamentos e personalidades que A. vai nos mostrando a face humana. É através de cada uma dessas pessoas que vamos refletindo em quais desses aspectos nossa própria vida já se encontrou. Foram por essas realidades tão perfeitamente bem exploradas por LEVITHAN que consegui sentir como vários dos personagens que permeiam o livro se sentiram. DAVID consegue criar uma empatia gigantesca entre leitor e seus diversos personagens. Mesmo quando um deles nada tem a ver com nossa realidade, conseguimos nos colocar em seu lugar e compreender suas atitudes e pensamentos.

Ao final de TODO DIA, agradeci por estar sozinha em casa. Chorei convulsivamente. Quando me dei conta da atitude que A. estava tomando, pensei: “você é bom demais para ser real”. E como já disse ali em cima, é por sua atitude que fica claro que ele jamais poderia ser humano, afinal, em maior ou menor grau, somos todos egoístas.

Nunca senti um prazer tão grande ao chorar com uma leitura. Nunca senti que as lágrimas foram tão justificadas. Chorei de tristeza, de angústia, mas, principalmente, de orgulho. Orgulho pela atitude de A., orgulho por seus pensamentos, orgulho por sua natureza, orgulho por ele ser o quê é, o quê quer que ele seja.

Ao terminar o livro, a única coisa que pude pensar foi: PUTA QUE PARIU! ESSE É O LIVRO MAIS FODA DE TODOS OS TEMPOS!

Desculpem o palavreado, mas nada define melhor TODO DIA do que essa frase. Dizer que ele entrou para meus favoritos é pouco, dizer que foi o melhor livro que li nesse ano de 2013 também. Por isso, tenho que dizer: TODO DIA foi um dos MELHORES LIVROS que li na VIDA!


LEVITHAN... VOCÊ É O CARA! Não me restam dúvidas ;)


FICHA DO LIVRO

TODO DIA
DAVID LEVITHAN
Editora: GALERA               
Ano: 2013
Nº págs: 280
Gênero: Drama

26 de agosto de 2013

CAIXA DE CORREIO #113

Boa tarde, pessoal!

Mais uma vez a CAIXA DE CORREIO está atrasada. Mas, antes tarde do que nunca. Semana passada recebi livros que ADOREI:



Da INTRÍNSECA recebi GATACA. Postei a resenha dele na sexta. Confiram AQUI. O livro é MUITO foda! Recomendadíssimo.

Da PLANETA recebi IACOBUS. Fiquei super curiosa com a sinopse e não vejo a hora de ler.

Recebi, de surpresa, dois livros da UNIVERSO DOS LIVROS: UMA LIÇÃO INESQUECÍVEL e OS CÃES NUNCA DEIXAM DE AMAR. Tenho certeza que ambos os livros vão me levar as lágrimas, por isso quero MUITO lê-los.


HEMLOCK GROVE e O VERÃO E A CIDADE, foram trocas feitas pelo Skoob. Fiquei hiper feliz de conseguir esses livros \o/


E vocês, o que andaram recebendo e lendo nessa semana que passou?



Bjs
e boa semana para todos


23 de agosto de 2013

RESENHA: GATACA - Franck Thilliez (Ed. Intrínseca)

Boa tarde, galera.

Ontem terminei de ler um livro que me deixou de boca aberta! GATACA do FRANCK THILLIEZ lançamento desse mês da INTRÍNSECA.

GatacaSINOPSE: O cadáver de uma jovem cientista descoberto na jaula de um centro de estudos de primatas, provavelmente espancado por um chimpanzé. Os restos mortais de uma família de neandertais, assassinada por um primitivo homem de Cro-Magnon, achados no topo de uma montanha nos Alpes. O assassino de crianças Gregory Carnot encontrado morto em sua cela, na cadeia. Um ginecologista especializado em genética selvagemente assassinado dentro de casa. Que elo invisível une esses crimes atrozes, cometidos com trinta mil anos de diferença? Os policiais Lucie Henebelle e Franck Sharko se lançam numa investigação em conjunto. Destroçados pelas terríveis experiências que compartilharam, devorados e estimulados pelo ódio, Lucie e Sharko seguem a trilha da Evolução das espécies, num suspense arrebatador que os conduzirá às origens do Mal. 

Meu primeiro contato com FRANCK foi com SÍNDROME E (resenha). Fiquei em êxtase com a leitura, tamanha genialidade do autor para conduzir a história; e ao mesmo tempo, em choque, por ver que ele trazia um suspense com tema TOTALMENTE diferente do que é comum a esses livros. Foi com grande entusiasmo (e com muitos emails enchendo o saco da Luíza da Intrínseca) que aguardei o lançamento de GATACA.

Sabe quando você lê um livro de um autor e ele é tão bom, mas tão bom, que você fica com aquela terrível sensação de que ele nunca mais vai conseguir se igualar ao livro anterior e você vai ficar decepcionado? Pois é, apesar de toda minha ansiedade em relação à GATACA, pensei exatamente isso, porque nada poderia ser mais diferente e extraordinário que SÍNDROME E.

Obviamente me enganei, afinal, THILLIEZ é o quê? Escritor? Gênio? Pesquisador? Não! O sujeito é uma mistura dos três e de muitas outras coisas que nem consigo expressar. A verdade é essa: estou sem palavras para expressar o que senti com GATACA!

Uma coisa que adoro nos livros de suspense, é que, apesar de eles serem “séries” eles podem ser lidos de forma independente, pois não são uma continuação. Contudo, apesar de GATACA pertencer a essa fórmula, imploro para que antes vocês leiam A SÍNDROME E, do contrário, o magistral final apresentado em SÍNDROME vai passar despercebido.

O fato é que, mesmo GATACA não precisando ser lido na sequência, ele nos traz a história exatamente do ponto que o livro anterior terminou, e é por isso não vou entrar em detalhes. Mas após a tragédia que se abateu sobre Lucie, uma das policiais do livro, ela resolve desvendar todo o mistério que a envolveu em sua verdadeira derrocada. Para isso, vai contar com a ajuda de Sharko, um policial que também tem seus muitos demônios a enfrentar.

O livro começa com o assassinato de uma estudante em uma jaula de macacos. Em um primeiro momento o crime é atribuído ao primata, afinal, além de assassinada, a moça tem um pedaço da face mordido pelo animal (macacos e assassinatos, me fez pensar muito em Poe, rs). Quando é comprovado que o primata não poderia ter cometido o crime, e que a estudante em questão desenvolvia uma tese sobre a violência em canhotos, e que pouco antes de sua morte havia visitado um presidiário, canhoto, culpado por assassinato de menores, e que ele havia se suicidado, uma trama de proporções gigantescas é formada e a polícia começa suas investigações cercando todos os lados dessa fantástica história.

O que parece ser um livro policial comum, com desdobramentos imagináveis, vai ganhando contornos fascinantes e jamais pensados pelo leitor dos corriqueiros policiais (eu). De repente, somos inseridos a um mundo de genética e DNA, de pura ciência e conexões impensadas com os crimes que permeiam o livro. Os motivos, as razões, a cada momento parecem mais distantes de serem descobertos e revelados. THILLIEZ buscou explorar como a violência se “propaga” nos seres humanos desde seus primórdios, não apenas retratando os assassinos atuais, mas também nos revelando como a sociedade se comportava milhares de anos atrás e como conviviam com os seres violentos que assolavam as comunidades.

Além dessa mescla de ciência e primitivismo que o autor nos apresenta em GATACA, ficamos a todo momento curiosos a respeito da pesquisa que envolve a violência e os canhotos. Quase roí as unhas querendo que me dessem logo uma resposta sobre isso, e não, não sou canhota, se fosse, provavelmente teria pulado as páginas para procurar as respostas ao final, visto que a pesquisa apresentada é um fato real (pasmem!).

Não bastando o livro já ter tudo isso, o autor presenteia, nós, brasileiros, com parte do livro se relacionando ao Brasil e algumas tribos, e também com algumas partes se passando aqui no país. Mas não em lugares que estamos acostumados a conhecer, e sim nos recantos mais escondidos da Amazônia, o que, ao meu ver, tornou a leitura muito mais fascinante e interessante. Desde o princípio o Brasil é citado, mas quando se estabeleceu a relação com o país, a narrativa me conquistou ainda mais e fez com que eu não desgrudasse os olhos do livro por um segundo.

Quando terminei GATACA, fiquei alguns minutos pensando se tinha gostado mais dele ou de A SÍNDROME E. Cheguei à conclusão que é impossível escolher, primeiro porque, apesar de ambos os livros trazerem à tona o assunto da violência, eles são muito diferentes, contudo igualmente fascinantes. E em segundo lugar porque a genialidade do autor é demonstrada nos dois livros, de maneiras também diferentes, mas de forma que nos fazem pensar: “Porra! Como esse cara teve capacidade para escrever isso?!” Minha resposta é de que a inteligência de THILLIEZ é muito superior a de muitos e muitos autores. Por isso, deixei de pensar em comparar os dois livros e coloquei os dois como meus favoritos, afinal, não há nada mais que possa dizer sobre GATACA a não ser: “QUE LIVRO FODA!” (perdoem a expressão). Portanto, LEIAM!!!! 



FICHA DO LIVRO

GATACA
FRANCK THILLIEZ
Editora: INTRÍNSECA                      
Ano: 2013                  
Nº págs: 432
Gênero: Suspense, Policial



21 de agosto de 2013

RESENHA: SOB O CÉU DO NUNCA - Veronica Rossi (Ed. Prumo)

Oi, gente!

A resenha de hoje é sobre uma distopia que estava louca para ler: SOB O CÉU DO NUNCA da VERONICA ROSSI, lançado pela editora PRUMO.

Sob O Céu do NuncaSINOPSE: Desde que fora forçada a viver entre os Selvagens, Ária sobreviveu a uma tempestade de Éter, quase teve o pescoço cortado por um canibal, e viu homens sendo trucidados. Mas o pior ainda estava por vir... Banida de seu lar, a cidade encapsulada de Quimera, Ária sabe que suas chances de sobrevivência no mundo além das paredes dos núcleos são ínfimas. Se os canibais não a matarem, as violentas tempestades elétricas certamente o farão. Até mesmo o ar que ela respira pode ser letal. Quando Ária se depara com Perry, o Forasteiro responsável por seu exílio, todos os seus medos são confirmados: ele é um bárbaro violento. É também sua única chance de continuar viva.
Perry é um exímio caçador, em um território impiedoso, e vê Ária como uma menina mimada e frágil – tudo o que se poderia esperar de uma Ocupante. Mas ele também precisa da ajuda dela, somente Ária tem a chave de sua redenção. Opostos em praticamente tudo, Ária e Perry precisam tolerar a existência um do outro para alcançar seus objetivos. A aliança pouco provável entre os dois acabará por forjar uma ligação que selará o destino de todos os que vivem sob o céu do nunca.
Primeiro livro de uma eletrizante trilogia ambientada em um futuro imaginado, mas assustadoramente possível, “Never Sky: Sob o Céu do Nunca” chega ao Brasil rodeado de grande expectativa por parte dos fãs de distopias.
Em um cenário pós-apocalíptico, a população do planeta se dividiu entre aqueles que conseguiram esconder-se em cidades encapsuladas, conhecidas como núcleos, e as que sobreviveram nas áreas externas, mas tornaram-se primitivas. Através de um dispositivo eletrônico, os habitantes dos núcleos podem frequentar diferentes Reinos, cópias virtuais e multidimensionais do mundo que elas deixaram para trás.
Neles se pode fazer qualquer coisa, ser qualquer pessoa, sem consequências no mundo real. Mundos sem dor, sem medo. As palavras dor e medo, porém, fazem parte do vocabulário cotidiano dos que vivem além das paredes dos núcleos. A escritora Veronica Rossi se utiliza da oposição dessas duas sociedades para pensar o poder da tecnologia, seus benefícios, malefícios e alienação que pode provocar nas pessoas.

O motivo de eu estar louca para conferir esse livro é bastante óbvio: a autora é brasileira, e muito mais que isso: conquistou seu espaço lá fora! Sim, SOB O CÉU DO NUNCA foi lançado no exterior antes de chegar nas terras ‘brazucas’, e, para mim, isso é motivo mais que suficiente para correr para ler o que conquistou a ‘gringaiada’.

Livro lido = motivos entendidos. Após ler SOB O CÉU DO NUNCA, entendi a razão de ter havido um ‘boom’ ao redor de NEVER SKY. VERONICA escreveu uma distopia completamente diferente das que eu já havia lido e de forma bastante inteligente. Adorei a mescla de ficção científica no meio da história, fiquei super curiosa sobre as tempestades de éter (fala sério, alguém já havia imaginado algo assim?), sofri com Ária e a busca por sua mãe, assim como sofri com Perry e a busca por seu sobrinho; fiquei embasbacada com a criatividade da autora ao criar um “mundo” Selvagem, com suas falhas; e as Cápsulas com toda sua perfeição.

O começo do livro me pareceu demasiado confuso e por muitas vezes me senti perdida. Demorei muito tempo para entender sobre o tal olho mágico de Ária (sim, ela tem um), no início achei que era um olho de vidro, por ela ter algum problema ocular, mas depois que compreendi que todos os habitantes do Núcleo possuíam um, e que eles permitiam fazer com que as pessoas viajassem por Reinos, fiquei meio em choque!, era quase como um teletransporte (só que sem se mover). Já falei que a autora foi muito criativa? Bom, não custa repetir.

A narrativa é ora sob o ponto de vista de Ária, ora sobre o de Perry. Não sei dizer o que mais me cativou: o mundo de tecnologia avançada de Ária, ou o primitivismo da sociedade de Perry. O fato é que a mescla nos transporta para os dois mundos desses personagens. Conseguimos notar não apenas as diferenças óbvias que separam um “mundo” do outro, mas as diferenças de caráter e personalidade que os meios moldam nos seres humanos.

Desde o princípio fica claro que haverá um envolvimento romântico entre Ária e Perry, e a forma como ele se desenvolveu foi simplesmente adorável. O amor foi nascendo aos poucos, de forma gradativa, sem pressa, com todos os momentos sendo aproveitados. O casal foi aprendendo a lidar com suas diferenças para viver com elas, o que os ajuda a amadurecer ao mesmo tempo. Achei linda a parte em que Perry explica a Ária sobre a primeira menstruação e o que significa para seu povo.


VERONICA criou uma distopia extremamente inteligente e diferente do que estamos habituados a ler. O romance que envolve os personagens também é bastante diferente de toda aquela pressa e furor adolescente que estão “contaminando” os livros. Ao ler SOB O CÉU DO NUNCA, minha curiosidade sobre o motivo de a série fazer tanto sucesso foi sanada, e a brasileira VERONICA ROSSI, mais que merece esse sucesso que está colhendo. Belíssimo livro!


FICHA DO LIVRO

SOB O CÉU DO NUNCA
VERONICA ROSSI
Editora: PRUMO
Ano: 2013                   
Nº págs: 336
Gênero: Distopia