1. Quando e como você resolveu que queria se tornar escritor? Você teve o apoio de alguém em especial?
Desde pequeno escrevia redações para ler diante da classe. Todos ficavam encantados com minha imaginação.
Fiquei adormecido muito tempo, até que comecei a participar de concursos de contos e desde então choveu elogios pelas publicações. Foi então que me reencontrei com aquele menino cheio de imaginação e decidi colocar minhas ideias no papel e me tornar verdadeiramente escritor. Agora jamais poderia deixar de citar minha mãe que sempre me apoia e que depositou um grande voto de confiança em meu novo caminho.
2. Conta pra gente como você, sendo médico, se envolveu com a literatura?
Sempre gostei de ler. Dos 12 aos 18 anos, vivia trancado dentro de um quarto lendo. Minha mãe ficava horrorizada... Meu primeiro impacto com a magia da literatura foi quando li Operação Cavalo de Tróia de J.J Benitez. Foi amor pela ficção e realismo fantástico a primeira vista. Depois vieram outros: O senhor dos Anéis, O código da Vince e sucessivamente. Isso fez com que a paixão apenas aumentasse ainda mais tornando-se transbordante, em especial pela ficção.
3. Quando você apresenta o livro com suas palavras, você conta sobre sua viagem a Buenos Aires e como teve o insight para escrever o romance após ver a rosa branca no túmulo de Evita. A rosa imediatamente lhe fez pensar num romance que reuniria religião, política, filantropia e investigação, ou algum dos itens chegaram a sua mente após começar a escrever?
É fato. Tudo começou em uma viagem para Buenos Aires. No passeio fui conhecer a Recoleta (um dos bairros nobres da cidade) e fazia parte deste passeio visitar o túmulo de Eva Perón. Ao chegar ao local (que por sinal um dos túmulos mais visitados e repletos de flores) foi quando me deparei com uma rosa branca, com um laço azul pregado com um percevejo pouco abaixo das sépalas colocada em um local discreto e ao mesmo tempo único.
A partir daí, a trama como um relâmpago surgiu em minha mente, só que ainda não estava bem nítida. Desde daquela época tinha vontade de escrever um romance misturando fatos místicos com suspense e ficção.
Mas o insight mesmo veio quando estava em uma aula de pós-graduação, quando instantaneamente vi o livro diante de meus olhos, como num filme... Aí foi só fazer o esboço e começar a trabalhar. Evitei fazer um livro extenso ou muito descritivo. Queria algo que fizesse com que o leitor ficasse preso na trama do inicio ao fim. Mas confesso que enquanto escrevia o livro, algumas novas ideias surgiram.
4. Quando comecei a ler O ENIGMA DO FOGO SAGRADO e me deparei com o nome dos políticos sendo LUIS e JOSÉ, imediatamente lembrei do caso de corrupção envolvendo nossos políticos com esses nomes. O uso dos nomes para os personagens foi proposital? Caso tenha sido, você acredita que usar tais nomes faz com que os leitores relacionem os personagens com os acontecimentos que envolveram o país, ou acredita que o assunto, infelizmente, já foi esquecido?
Na verdade escolhi os nomes mais comuns. Existem milhares de Luis, Josés, Marias, etc... São nomes belos e repletos de significado.
A política e a corrupção apenas entraram na trama com o objetivo de dar espaço para Nicolas Flynth fazer o trabalho que lhe é nato: investigar.
Nunca escondi que amo a fantasia e o realismo fantástico. Agora se existe corrupção na política, em se tratando de um livro de ficção, posso dizer que isso é apenas uma mera coincidência...
5. Como foi o processo de construção do personagem Nicolas Flynth? Existe um pouco de você nele, ou dele em você?
Vixe! Rs.. Acredito que todo personagem tem um pouquinho do autor escondido no perfil psicológico. Nicolas tem algumas semelhanças minhas, por exemplo: não é capaz de matar, colo de mãe e talvez um pouco do romantismo, que no caso de Nicolas é meio imaturo. Por outro lado, nosso protagonista é obstinado na necessidade de desvendar um mistério e tem uma visão acima de nossa realidade... Encontra pistas onde ninguém jamais pensaria em procurá-las. Nisso somos divergentes... Recentemente terminei um novo livro (não é a continuação do Enigma do Fogo Sagrado). Nesta nova ficção, criei um psicopata e posso lhe assegurar que não temos nada em comum... rs.
6. Flynth se envolve, de maneira diferente, com duas mulheres, também muito diferentes. Você se baseou em mulheres conhecidas para compor as personagens, física e psicologicamente?
Na verdade como todo gênio, quando se trata de relacionamento Nicolas deixa a desejar, envolvendo-se por completo na busca do Amor Perfeito. Nicolas pensa que o amor é uma investigação – uma ciência exata. Só que o próprio destino lhe ensina em traços amargos que ele está errado. Quanto ao perfil das personagens, elas foram criadas aleatoriamente objetivando o enriquecimento da trama.
7. Conta pra gente um pouquinho de Porto Calvário.
Porto Calvário foi meu primeiro livro. A trama é muito interessante. Relata a história de uma ex medica e o pai que são forçados abrir mão do poder e do dinheiro, bem como mudar de identidade e ir morar em um local repleto de misticismo – Porto Calvário, onde pessoas desaparecem misteriosamente e nenhuma autoridade consegue descobrir o que está acontecendo. A protagonista se envolve com uma velha bruxa, rica em conhecimento místico e juntas partem a solucionar o mistério, ao mesmo tempo em que as ameaças que os forçaram a trocar de identidade começam a caçá-los. É aí que a história atinge o clímax. Quando escrevi Porto Calvário era muito jovem. Os livros se esgotaram rapidamente. Tenho intenção em futuramente lançar uma segunda edição revisada.
8. O ENIGMA DO FOGO SAGRADO é apenas o primeiro volume. Mate nossa curiosidade e nos conte quantos volumes vão ser e se já está programada uma data de lançamento para a continuação.
O livro será uma trilogia. Na verdade já terminei o livro II da trilogia do Enigma do Fogo Sagrado. Estou apenas aparando algumas arestas.
A data de lançamento ainda é incerta, pois as editoras demoram um pouco na analise dos originais. Vou fazer de tudo para que até meados do segundo semestre ele já esteja nas livrarias.
De qualquer forma, antes da continuação espero que em breve vocês tenham um novo livro em mãos, só que desta vez com inicio meio e fim, para os mais ansiosos.
9. Sabemos que no Brasil é um pouco complicado lançar um livro. Como foi esse processo pra você? Quais etapas seguiu? O que você sentiu ao ver seu livro impresso?
A emoção de ver um livro impresso é indescritível.
De fato as editoras são empresas e querem lucrar com autores de Best Sellers – venda garantida.
Poucas são as editoras que se arriscam a investir em um autor desconhecido, e quando o fazem, muitas vezes retrocedem por se sentir sem perspectiva. Temos excelentes autores com ótimos livros guardados no “cemitério da gaveta”, esperando por uma chance, só que muitas vezes acabam abandonando a ideia.
Posso lhe garantir que ainda estou trilhando um árduo caminho como escritor. Mas assim como Nicolas, eu não desisto.
10. Para você, qual a importância da literatura e do hábito de ler?
Ler é fundamental, não importa o que seja.
Jamais teria realizado meus sonhos sem os livros. Eles formaram grande parte de meu caráter e blindaram minha capacidade de discernimento.
Para que tenhamos um país culto, precisamos de pessoas cultas onde a leitura é o pilar de sustentação.
RAPIDINHAS
a) Um livro: O senhor dos Anéis
b) Um autor: Rubem Alves
c) Uma música: With Or Without You
d) Uma banda: U2
e) Um filme: O Ilusionista
f) Um ator: Al Pacino
g) Uma atriz: Julia Roberts
h) Uma frase: “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” – Albert Einstein.
CONTATOS DO HERMES: