Oi, pessoal.
Hoje vou falar de
um livro que me deixou com a sensação de “sei lá”. Vocês devem estar se
perguntando que sensação é essa, e minha resposta é a mesma: “sei lá”. Sabem
quando quase tudo em um livro te desagrada e mesmo assim você não consegue
largá-lo, e quando termina percebe que aprendeu muito, mas que o livro
significou pouco? Foi assim que me senti com o lançamento da editora PLANETA, O MOMENTO, escrito pelo DOUGLAS
KENNEDY.
DOUGLAS KENNEDY
Editora: PLANETA
Nº págs: 528
Gênero: Drama, Romance
SINOPSE: Thomas Nesbitt é um escritor recém-divorciado que está em crise de
meia-idade. Vivendo de maneira bastante reservada no Maine — em contato apenas
com a filha e tentando se recuperar pelo fim de um longo casamento – sua
solidão é interrompida em uma manhã de inverno quando recebe uma caixa. O nome
Dussmann, que está marcado no embrulho, o desestabiliza completamente, pois
pertence à mulher com quem ele teve um caso de amor intenso, em Berlim, 25 anos
antes. Durante um período em que a cidade era dividida em duas e as lealdades
pessoais e políticas eram frequentemente intimidadas pelas sombras profundas da
Guerra Fria. Recusando-se, inicialmente, a enfrentar o que ele pode encontrar
na caixa, Thomas é forçado a lidar com um passado que manteve secreto durante toda
a vida. No processo, ele acaba revivendo os meses que passou em Berlim, lugar
onde pela primeira e única vez descobriu a força extraordinária do verdadeiro
amor. Petra Dussmann, a mulher para quem ele entregou seu coração, não era
apenas uma refugiada e sim alguém que vivia com uma tristeza profunda
permanente que acabou reescrevendo o destino dos dois.
Após ler a sinopse
de O MOMENTO tinha certeza que
estaria frente a um romance maravilhosamente bem construído e bastante intenso,
mas o que encontrei foi uma fascinante história política e um romance tolo.
A princípio o
livro deu uma fisgada em mim. Thomas Nesbitt é um escritor recém divorciado que
vive “assombrado” por um antigo amor. Com essa premissa, já estava preparada
para as lágrimas e a caixa de lenço, mas o que encontrei foi um personagem
pobre, imaturo, que do início ao fim foi exatamente igual e não cresceu nem
aprendeu com os erros.
Nesbitt, é o tipo
de homem que foge de compromissos, mas que um dia, ao viajar para Berlim para
escrever seu segundo livro, encontra em uma alemã o verdadeiro amor. E foi aí
que, para mim, a história afundou de vez. Thomas, que está com seus mais de 50
anos, volta ao passado para contar sobre sua vida e início de carreira aos 20 e
poucos. Antes de embarcar para a Alemanha, ele havia tido um romance que durara
4 meses, e que chegou ao fim porque o personagem não conseguia se comprometer
nem dizer eu te amo. Mas, ao chegar na Alemanha e entrar para trabalhar em seu
primeiro dia em uma rádio, ele vê uma mulher e se apaixona imediatamente. Uma
semana depois eles estão juntos pela primeira vez, no dia seguinte, no segundo
encontro, ela aparece de mala e tudo na porta dele, passam a morar juntos e ele
diz que a ama.
Minha opinião?
Ridículo e inverossímil. Por mais que o personagem tenha se sentido atraído por
uma mulher em uma primeira olhada, dizer que a amava após o segundo encontrou
me pareceu extremamente forçado e irreal, ainda mais para um personagem que já
tinha passado páginas e mais páginas dizendo que não gostava de se comprometer.
Se fosse um livro de cem páginas, compreenderia que o autor estava sendo
suscito para contar a relação do casal e focando em pontos principais, mas em
um livro com mais de 500 páginas, esperava um desenvolvimento maior dessa
relação e um florescimento passo a passo do sentimento.
Já na segunda
noite que passam juntos, a alemã conta para Thomas sobre sua sofrida
vida no outro lado de Berlin. Conta seu passado, como era a cidade, o que
fizeram a ela e a seu filho, etc. E foi a única parte realmente boa do livro e
que valeu a pena. Sempre que ouço algo sobre a Alemanha, a 2ª Guerra e Hitler vêm a
minha mente. Ao falar sobre Berlin, penso no muro, mas jamais soube que
durante a divisão de Berlin um de seus lados passou por um regime ditatorial. Para falar dessa abordagem da história política DOUGLAS foi realmente fantástico.
Gosto bastante
quando autores misturam fatos reais com ficção, mas gosto quando elas se
encaixam e são interessantes na mesma medida, o que não aconteceu em O MOMENTO, que poderia muito bem ser
dividido em dois livros: um interessantíssimo retrospecto histórico a um regime
ditatorial, e um caso tórrido de amor sem sal algum.
O caso de amor dos
personagens não me convenceu. O trágico rompimento deles não me entristeceu e
nada do que aconteceu com eles depois me comoveu. Pelo contrário, do começo ao
fim segui achando Thomas um homem ridículo, pois deixou que esse único amor do
passado marcasse sua vida para sempre. Ok, realmente o que aconteceu com o
casal foi forte e decepcionante, mas o personagem tinha MUITAS páginas para
evoluir, sair do círculo vicioso em que se colocou e não fez isso.
Outro ponto que me
incomodou horrores no personagem foi a forma que ele falava de seu divórcio e
de sua futura ex-esposa. Por diversas vezes ele fala sobre um amigo que
conheceu a esposa e dizia que ela não era a mulher certa para ele, que ela era
fria e distante, que ele precisava de uma mulher que se envolvesse mais
emocionalmente. Aí vem minha pergunta: por que ele merecia isso se não
demonstrava sentimento algum por ninguém? Por que Thomas merecia uma mulher que
lhe mimasse se era incapaz de uma palavra de carinho ou consolo? Do começo ao
fim ele foi um personagem egoísta, com um amigo igualmente egoísta, achando que
ele merecia muito, quando claramente era um personagem que não dava nada de bom
a ninguém.
Quanto a sua
relação com a filha, por mais que o personagem parecia se esforçar para
construí-la, ainda assim ela parecia distante a todo o momento. Uma das
desculpas constantes do personagem é que o casamento e a vida dos pais foi um
fracasso e isso o deixou distante e meio amargo... Querido Thomas, já ouviu
falar em psicólogo?
A verdade é que
não engoli o personagem. É um homem fraco, frio e distante, que quer das
pessoas aquilo que nunca foi disposto a dar, mas se faz de vítima de uma
situação que não existe e que só se tornou extremamente presente em sua vida
porque ele mesmo quis assim. Thomas Nesbitt é um personagem que precisa de
tratamento, rápido!
Conheço essa sensação de "sei lá". Realmente a sinopse é interessante, nem parece que é do livro que você resenhou. Trágico isso. :/ Ótima resenha.
ResponderExcluirAbraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Agora que eu terminei de ler o livro, posso comentar a resenha!
ResponderExcluirEu fiquei bastante surpresa quando li a sua opinião, porque concordo completamente!!! É fácil duas pessoas terem a mesma opinião quando gostam de um livro, mas é difícil quando não gostam. Algumas pessoas que eu conheço deram 4 estrelas, então eu fiquei Uow!
O que realmente me tirou do sério foi o romance. Ele tinha todo um background triste na família, era rancoroso, não acreditava no amor... E aí se apaixona DO NADA? Não tem como entender. Não mesmo!
E nem vou começar a falar do Thomas, porque se eu for falar tudo o que penso dele hahaha!
Resumo: vou fugir dos livros do Douglas Kennedy, porque fiquei com muito medo de ter que ler outro livro assim!