26 de março de 2014

RESENHA: O MOMENTO - Douglas Kennedy (Ed. Planeta)



Oi, pessoal.

Hoje vou falar de um livro que me deixou com a sensação de “sei lá”. Vocês devem estar se perguntando que sensação é essa, e minha resposta é a mesma: “sei lá”. Sabem quando quase tudo em um livro te desagrada e mesmo assim você não consegue largá-lo, e quando termina percebe que aprendeu muito, mas que o livro significou pouco? Foi assim que me senti com o lançamento da editora PLANETA, O MOMENTO, escrito pelo DOUGLAS KENNEDY.

O MomentoO MOMENTO
DOUGLAS KENNEDY
Editora: PLANETA              
Ano: 2014                  
Nº págs: 528
Gênero: Drama, Romance

SINOPSE: Thomas Nesbitt é um escritor recém-divorciado que está em crise de meia-idade. Vivendo de maneira bastante reservada no Maine — em contato apenas com a filha e tentando se recuperar pelo fim de um longo casamento – sua solidão é interrompida em uma manhã de inverno quando recebe uma caixa. O nome Dussmann, que está marcado no embrulho, o desestabiliza completamente, pois pertence à mulher com quem ele teve um caso de amor intenso, em Berlim, 25 anos antes. Durante um período em que a cidade era dividida em duas e as lealdades pessoais e políticas eram frequentemente intimidadas pelas sombras profundas da Guerra Fria. Recusando-se, inicialmente, a enfrentar o que ele pode encontrar na caixa, Thomas é forçado a lidar com um passado que manteve secreto durante toda a vida. No processo, ele acaba revivendo os meses que passou em Berlim, lugar onde pela primeira e única vez descobriu a força extraordinária do verdadeiro amor. Petra Dussmann, a mulher para quem ele entregou seu coração, não era apenas uma refugiada e sim alguém que vivia com uma tristeza profunda permanente que acabou reescrevendo o destino dos dois.

Após ler a sinopse de O MOMENTO tinha certeza que estaria frente a um romance maravilhosamente bem construído e bastante intenso, mas o que encontrei foi uma fascinante história política e um romance tolo.

A princípio o livro deu uma fisgada em mim. Thomas Nesbitt é um escritor recém divorciado que vive “assombrado” por um antigo amor. Com essa premissa, já estava preparada para as lágrimas e a caixa de lenço, mas o que encontrei foi um personagem pobre, imaturo, que do início ao fim foi exatamente igual e não cresceu nem aprendeu com os erros.

Nesbitt, é o tipo de homem que foge de compromissos, mas que um dia, ao viajar para Berlim para escrever seu segundo livro, encontra em uma alemã o verdadeiro amor. E foi aí que, para mim, a história afundou de vez. Thomas, que está com seus mais de 50 anos, volta ao passado para contar sobre sua vida e início de carreira aos 20 e poucos. Antes de embarcar para a Alemanha, ele havia tido um romance que durara 4 meses, e que chegou ao fim porque o personagem não conseguia se comprometer nem dizer eu te amo. Mas, ao chegar na Alemanha e entrar para trabalhar em seu primeiro dia em uma rádio, ele vê uma mulher e se apaixona imediatamente. Uma semana depois eles estão juntos pela primeira vez, no dia seguinte, no segundo encontro, ela aparece de mala e tudo na porta dele, passam a morar juntos e ele diz que a ama.

Minha opinião? Ridículo e inverossímil. Por mais que o personagem tenha se sentido atraído por uma mulher em uma primeira olhada, dizer que a amava após o segundo encontrou me pareceu extremamente forçado e irreal, ainda mais para um personagem que já tinha passado páginas e mais páginas dizendo que não gostava de se comprometer. Se fosse um livro de cem páginas, compreenderia que o autor estava sendo suscito para contar a relação do casal e focando em pontos principais, mas em um livro com mais de 500 páginas, esperava um desenvolvimento maior dessa relação e um florescimento passo a passo do sentimento.

Já na segunda noite que passam juntos, a alemã conta para Thomas sobre sua sofrida vida no outro lado de Berlin. Conta seu passado, como era a cidade, o que fizeram a ela e a seu filho, etc. E foi a única parte realmente boa do livro e que valeu a pena. Sempre que ouço algo sobre a Alemanha, a 2ª Guerra e Hitler vêm a minha mente. Ao falar sobre Berlin, penso no muro, mas jamais soube que durante a divisão de Berlin um de seus lados passou por um regime ditatorial. Para falar dessa abordagem da história política DOUGLAS foi realmente fantástico.

Gosto bastante quando autores misturam fatos reais com ficção, mas gosto quando elas se encaixam e são interessantes na mesma medida, o que não aconteceu em O MOMENTO, que poderia muito bem ser dividido em dois livros: um interessantíssimo retrospecto histórico a um regime ditatorial, e um caso tórrido de amor sem sal algum.

O caso de amor dos personagens não me convenceu. O trágico rompimento deles não me entristeceu e nada do que aconteceu com eles depois me comoveu. Pelo contrário, do começo ao fim segui achando Thomas um homem ridículo, pois deixou que esse único amor do passado marcasse sua vida para sempre. Ok, realmente o que aconteceu com o casal foi forte e decepcionante, mas o personagem tinha MUITAS páginas para evoluir, sair do círculo vicioso em que se colocou e não fez isso.

Outro ponto que me incomodou horrores no personagem foi a forma que ele falava de seu divórcio e de sua futura ex-esposa. Por diversas vezes ele fala sobre um amigo que conheceu a esposa e dizia que ela não era a mulher certa para ele, que ela era fria e distante, que ele precisava de uma mulher que se envolvesse mais emocionalmente. Aí vem minha pergunta: por que ele merecia isso se não demonstrava sentimento algum por ninguém? Por que Thomas merecia uma mulher que lhe mimasse se era incapaz de uma palavra de carinho ou consolo? Do começo ao fim ele foi um personagem egoísta, com um amigo igualmente egoísta, achando que ele merecia muito, quando claramente era um personagem que não dava nada de bom a ninguém.

Quanto a sua relação com a filha, por mais que o personagem parecia se esforçar para construí-la, ainda assim ela parecia distante a todo o momento. Uma das desculpas constantes do personagem é que o casamento e a vida dos pais foi um fracasso e isso o deixou distante e meio amargo... Querido Thomas, já ouviu falar em psicólogo?


A verdade é que não engoli o personagem. É um homem fraco, frio e distante, que quer das pessoas aquilo que nunca foi disposto a dar, mas se faz de vítima de uma situação que não existe e que só se tornou extremamente presente em sua vida porque ele mesmo quis assim. Thomas Nesbitt é um personagem que precisa de tratamento, rápido!




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2 comentários:

  1. Conheço essa sensação de "sei lá". Realmente a sinopse é interessante, nem parece que é do livro que você resenhou. Trágico isso. :/ Ótima resenha.

    Abraço!
    http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

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  2. Agora que eu terminei de ler o livro, posso comentar a resenha!
    Eu fiquei bastante surpresa quando li a sua opinião, porque concordo completamente!!! É fácil duas pessoas terem a mesma opinião quando gostam de um livro, mas é difícil quando não gostam. Algumas pessoas que eu conheço deram 4 estrelas, então eu fiquei Uow!
    O que realmente me tirou do sério foi o romance. Ele tinha todo um background triste na família, era rancoroso, não acreditava no amor... E aí se apaixona DO NADA? Não tem como entender. Não mesmo!
    E nem vou começar a falar do Thomas, porque se eu for falar tudo o que penso dele hahaha!
    Resumo: vou fugir dos livros do Douglas Kennedy, porque fiquei com muito medo de ter que ler outro livro assim!

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