9 de junho de 2014

RESENHA: O GUARDIÃO INVISÍVEL - Dolores Redondo (Ed. Record)



Boa tarde, pessoal.

Essa semana será muito especial aqui no blog, pois será completamente dedicada aos últimos lançamentos policiais da editora RECORD e seus selos. Para começar, vou falar de O GUARDIÃO INVISÍVEL, escrito pela espanhola DOLORES REDONDO.

O Guardião Invisível O GUARDIÃO INVISÍVEL (vol.1)
DOLORES REDONDO
Série: Trilogia Baztán
Editora: RECORD              
Ano: 2014                  
Nº págs: 364
Gênero: Policial, Suspense

SINOPSE: Às margens do rio Baztán é encontrado o corpo de uma adolescente, assassinada em uma cerimônia macabra. No local, há pelos de diversos animais, vestígios de couro e rastros de algo não humano. Ela não foi a primeira vítima nem será a última. A imprensa logo responsabiliza o basajaun pelo crime, uma figura mítica guardiã dos bosques. Agora, Amaia Salazar, a investigadora responsável pelo caso, precisa retornar à sua cidade natal e lidar com fantasmas do passado enquanto busca um assassino em série muito mais aterrador do que pode imaginar. 

Após ler a sinopse de O GUARDIÃO INVISÍVEL, fiquei imediatamente interessada pela leitura, mas não imaginei que teria em mãos um livro tão incrível como encontrei. A história policial delineada é de enlouquecer, principalmente pelo modus operandi com que são cometidas as mortes. As assassinadas são jovens meninas que parecem mais maduras do que realmente são. Apesar de matá-las, o assassino preocupa-se em colocá-las em posições “virginais” para serem encontradas. No entanto, uma das mortes choca pela brutalidade com que acontecem: violência e estupro. No meio dessa trama investigativa, Amaia Salazar, investigadora de polícia, entra em cena, e eis que uma história que já era boa ficou ainda melhor.

Amaia é o tipo de personagem que rouba as cenas, até mesmo a das garotas mortas, pois seu passado é secreto e sombrio e demora muito a dar migalhas que revelem algo ao leitor, portanto, a curiosidade surge e é abrandada muito lentamente, fazendo com que fiquemos realmente doidos pelas próximas páginas, não apenas para solucionar os crimes, mas por saber mais sobre Amaia e o que ela esconde. Quando o passado é revelado, não é fácil de entender as razões do que aconteceu e é impossível não ficar com o coração apertado e se sentir dilacerado com o que a personagem passou na infância. DOLORES escreveu o passado de Amaia de uma forma tão impressionante, que em alguns momentos esqueci que estava lendo um livro policial e foquei no drama que essa mulher viveu dentro de sua família quando ainda era uma criança. Foi medonho o que ela teve que suportar, mas foi gratificante ver como que com tantas marcas e mágoas em seu passado, ainda assim, ela conseguiu se tornar uma mulher forte e determinada. Não que tenha passado incólume pelo que houve ou que tenha esquecido, apenas deixa o passado escondido o máximo possível dentro de si, tentando não despertá-lo.

Os segredos que a família esconde são muitos e a relação com alguns desses parentes é sempre tensa, principalmente com uma de suas irmãs, que confesso ter odiado desde o primeiro momento em que apareceu. Ela é amarga, irritante e se acha superior a todos. É cheia de moralismos, ensinamentos e culpa todos, principalmente Amaia, por tudo que sai diferente do que ela imagina ou planeja. A irritação quando a personagem aparece é impossível de ser abrandada, contudo, ela é uma importante figura na trama. Aliás, todos os familiares que cercam Amaia são.

Não satisfeita por ter criado uma excelente história policial e uma protagonista maravilhosa, DOLORES resolveu colocar uma pitadinha de misticismo em sua obra, o que deu a ela um ar inigualável! Foi um prazer indescritível ler O GUARDIÃO INVISÍVEL, pois ora a vertente policial assumia o primeiro plano, ora parecia que era a história de Amaia a roubar esse lugar, e ora parecia ser o misticismo em torno de algumas figuras da natureza que se destacavam. O impressionante é que tudo pareceu interessante na medida certa, o que tornou o enredo genuíno e, apesar das crendices locais abordadas, nada absurdo.

Um ponto que gostei muito na obra, foi o fato de se passar na Espanha. Estou tão acostumada aos policiais americanos, que encontrar uma obra do gênero que se passa em outro lugar torna-se uma experiência diferente e marcante, pois é ótimo poder conhecer como a polícia de outro país age, como pensa, os recursos que dispensa para crimes que envolvem homicídios, etc. Para mim, conhecer esses aspectos, compará-los em suas diferenças e igualdades com policiais americanos, ingleses, escandinavos, é uma das partes mais significativas e importantes da leitura.

Quanto ao desfecho, sou obrigada a dizer que esperava mais. Não que tenha sido fraco ou não convincente, pelo contrário, gostei do personagem escolhido para ser o culpado, gostei dos motivos, gostei de ver toda a distorção que existia em sua psique, gostei das explicações que ele deu, mas, ainda assim, achei que faltou alguma coisa, pois depois de os crimes terem sido desvendados, parece que DOLORES estava com pressa para terminar esse primeiro volume e correu demais para finalizar. Sei que o livro faz parte de uma trilogia e que tanto os personagens como o ambiente, voltarão a ser explorados na sequência, mas simplesmente achei corrido demais e que muita coisa ficou no ar, como por exemplo, o destino de vários personagens, a mim, pareceu que enquanto uns tiveram a vida resolvida e explicada em um mísero parágrafo, outros ficaram pairando, aguardando o segundo livro para poderem ter sua história finalizada. Mas esse foi o único aspecto que não me agradou, do restante, O GUARDIÃO INVISÍVEL foi impecável e adorei tudo o que encontrei. Super recomendo! <3




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5 comentários:

  1. Preciso dizer que vou querer ler? Mari, adoro a empolgação com que você fala dos romances policiais, e com esse não foi diferente. Gostei ainda mais por envolver miticismo. Preciso ler. Ótima resenha.

    Abraço!
    http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

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  2. Ei Mari

    Na lista com certeza!
    Já leu Tríptico e O canto das sereias? Melhores do ano no estilo até agora. ^^
    Ah sem contar a Tess que nunca sai dos meus favoritso rsrs.
    Adorei a resenha, sempre me irrito com finais corridos, mas pelo menos tem continuação rs.

    bjs

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    Respostas
    1. Oi, Fer!

      Tríptico ainda não li, apesar de tê-lo aqui. Mas li o 2 da série, o FISSURA. Fodão de bom! O Canto das Sereias *_* OMG, que livro demais. Não gostei tanto dos protagonistas, mas o assassino compensou.

      Sabia que comecei a ler Tess por sua causa? Sempre via as resenhas no seu blog e fiquei muito interessada. Li um e já amei <3

      Achei o final desse livro bem corrido, mas acredito que a autora vai explorar alguma coisa dele no próximo livro, por isso que optou por fazer desse jeito. Bom, ao menos torço para que seja assim, rs.

      Bjs

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  3. Oi Mari! Fiquei meio com um pé atrás em ver que a autora foca em tantas coisas diferentes, porque é difícil acertar, mas parece que ela acertou a medida de cada coisa, né? E conectou tudo? A história parece incrível, uma das coisas que mais gosto das séries policiais é a história dos protagonistas, e é por isso que eu gosto de ler os livros na ordem (por sinal, bom saber que esse é o primeiro), e parece que nesse livro a autora acertou bem, gostei. Adorei a ideia de ela ir para um lado meio místico, mas acho que talvez eu fique com medo rs.
    Também estou muito acostumada com os policiais americanos, devo estranhar um pouco no início, mas é ótimo para conhecer mais as diferenças e tal. Adorei a resenha, mais um para a minha lista de desejados.

    Beijos,
    Adri Brust
    http://stolenights.blogspot.com

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    Respostas
    1. Adri, tb pensei que ficaria com medo, mas o livro é bastante envolvente, e mesmo tendo esse lado, não perde em momento algum o foco policial. Acho que você vai gostar muito.

      Bjs

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