Oi, gente!
Esse mês a INTRÍNSECA resolveu mimar seus
parceiros e nos enviar, em primeiríssima mão, a prova de A MULHER SILENCIOSA, da A.S.A.
HARRISON, e é sobre esse thriller que vou falar na resenha de hoje.
A.S.A. HARRISON
Editora: INTRÍNSECA
Nº págs: 256
Gênero: Thriller
SINOPSE: Jodi e Todd estão juntos há 20 anos e, aparentemente, levam uma vida
invejável. Todd é um empreiteiro bem-sucedido que pode bancar alguns luxos,
como o enorme apartamento com uma vista deslumbrante para o lago, um Porsche
(dele) e um Audi (dela) na garagem, e o estilo de vida de Jodi. Psicoterapeuta,
ela atende em casa apenas dois clientes por dia, e tem tempo de sobra para as
sessões de pilates, as aulas de arranjos florais, os passeios com Freud, o
golden retriever do casal, e o preparo das refeições gourmet de que tanto
gosta. Jodi ainda fica ansiosa ao ouvir a chave do marido abrindo a porta. Todd
diz que nunca encontrará uma mulher igual a ela. Essa fachada perfeita, porém,
está prestes a ruir. Todd é um adúltero incurável, e Jodi sabe disso. Ela é a esposa
silenciosa, preparada para tolerar as traições do marido com o intuito de
manter as aparências. Até que Todd sai de casa - para viver com uma mulher com
metade da idade dela, filha de seu melhor amigo. Magoada, humilhada e, por fim,
financeiramente abalada, Jodi começa a contemplar o assassinato como uma opção
razoável. Contado alternadamente nas perspectivas dele e dela, 'A mulher
silenciosa' é um livro sobre um casamento à beira do fim, um casal na direção
da catástrofe, concessões que não podem ser feitas e promessas que não serão
cumpridas. Um thriller psicológico sofisticado, que seduz o leitor desde a
primeira página.
Primeira coisa:
esqueçam a comparação com GAROTA EXEMPLAR. Tirando o fato de ambos os livros
falarem sobre casamento e homens adúlteros, em nada mais se assemelham. A MULHER SILENCIOSA é um thriller
puramente psicológico, com quase nenhuma ação, o que dá ao livro um ar mais
sombrio e menos dinâmico, ao contrário de GAROTA EXEMPLAR. Esclarecido isso,
vou falar sobre meus sentimentos em relação ao livro, que foram os mais
bizarros possíveis. Digo bizarros porque nunca me senti tão “misturada” com uma
leitura, isso porque AMEI e ODIEI o livro. Não, não é que amei algumas coisas e
odiei outras, eu realmente AMEI o livro porque ODIEI praticamente tudo, e não
tenho ideia de como vou conseguir explicar isso para vocês.
HARRISON conta, em capítulos alternados pelo ponto
de vista de Jodi e Todd, a história do relacionamento dos dois. A forma como a
autora vai moldando a relação é fantástica, pois não contamos com uma história
cronológica, pelo contrário, vamos sendo inseridos no tempo e espaço conforme
os personagens relembram de alguma situação no momento presente. Isso é uma
característica que gosto muito nos livros. Gosto de não termos o tempo
definido, de a história não seguir uma lógica linear, e principalmente, adoro
ficar perpassando pelo passado e ir montando em minha cabeça a ordem dos fatos.
O livro é
interessantíssimo, extremamente bem trabalhado, e o fato de sabermos desde o
princípio que haverá um assassinato, nos deixa perplexos com a forma com que
Jodi vai vendo sua vida desmoronar e como vai elaborando o crime. Mas atenção,
isso não significa que durantes páginas e mais páginas veremos uma Jodi
vingativa, que pensa, elabora e põe um plano em ação. Pelo contrário, a
personagem aceita o assassinato por ser sugestionável, e é sempre morna, o que me irritou muitas vezes e em várias situações me
fez vê-la como uma mosca morta sem reação.
Abominei muitas
das reações de Jodi, principalmente a de viver em negação quanto ao abandono do
marido. A mulher trabalha na área de psiquiatria, e exatamente por isso fiquei
irritada com a forma de ela agir durante a separação, pois tenho certeza que
ela não indicaria a nenhuma paciente vivenciar a experiência da forma como ela
vivenciou. Confesso que as atitudes dela fizeram com que eu duvidasse de sua
capacidade profissional, pois, por causa de suas reações e aceitações as MUITAS
das transgressões e mentiras do marido, pareceu que ela era uma mulher com
baixíssima auto-estima, com falta de amor próprio e que era ela quem realmente
precisava de ajuda psiquiátrica. Na realidade, temos algumas páginas que tratam da
análise que Jodi fez anos atrás, e que revelaram uma importante situação e
trauma que ela vivenciou, mas, ainda
assim, não achei que isso justificasse o modo de aceitação vivido em
relação ao mau caratismo de Todd.
Por causa de sua
profissão, imaginei que Jodi usaria de sua inteligência e saber psicológico
para travar pequenas batalhas de vingancinhas contra o marido, mesmo porque
durante a leitura percebemos que ela adora isso. Como por exemplo, quando o
marido faz algo que ela não gosta e ela retira uma chave de seu chaveiro. Pode
até parecer bobo, mas, conhecendo Todd como ela conhece, ela sabe a reação que
ele terá, e isso traz uma satisfação enorme ao ego dela, e esperei (e desejei)
com muito ardor mais momentos como esse, mais momentos em que ela, através do
conhecimento da psicologia que tinha sobre o marido, iria conseguir vencê-lo,
já que em nível de QI ele parecia tão inferior a ela, mas esses momentos foram poucos e não suficientes para saciar minha própria sede de vingança em relação a Todd.
Todd é o tipo
de homem que faz qualquer mulher perder a fé no sexo masculino. Ele é cretino,
mentiroso, fingido, e, em minha opinião, malvado. Do início ao fim o personagem
irrita por querer aparentar que o que faz não é tão grave, e pior, ele enrola o
leitor de forma a pensarmos que ele não sabe o que faz, que não sabe qual
decisão tomar, e que até determinado momento, que é crucial no livro, está em
dúvida quanto ao que fazer e que atitude tomar em relação à esposa e sua
relação de vinte anos com ela. Mas, para mim, ele estava apenas se vitimizando,
pois diante de algumas atitudes que tomou, pareceu que ele tinha tudo pronto em
sua cabeça, tudo planejado com bastante jeitinho, e que só demorou a revelar
para ver o leitor titubear e não pensar tão mal a respeito dele. Não teve
jeito, Todd foi o cara mais inescrupuloso e egocêntrico que já encontrei na
literatura (amém que foi só na lieratura).
Um dos aspectos
mais singulares de A MULHER SILENCIOSA
é o fato de o livro não fazer suspense algum sobre nada e mesmo assim conseguir
prender nossa atenção para acompanhar a relação fracassada do casal, bem como a
fraqueza de Jodi e o mau caratismo de Todd em relação a toda essa situação. Esse
é aquele tipo de livro que você lê e a todo momento quer dar uma surra em um
dos personagens, sejam por suas atitudes, pensamentos, falsas explicações, reações,
o que for.
A MULHER SILENCIOSA é realmente magnífico! Mas não consigo
entender como dois personagens tão odiosos conseguiram me fascinar a ponto de
gostar tanto do livro. Explica essa, Freud!
"Explica essa, Freud" UHAUHAUHA...excelente desfecho da resenha, é exatamente isso daí. Achei que vc seria mais dura na sua opinião, mas vi que tivemos sentimentos parecidos, apesar de eu achar que a Jodi é MUITO fria e não mosca morta. Tem que ter muito sangue frio para aguentar as coisas que ela aguentou e não descer do salto, hahaha
ResponderExcluirBeijos!
Li o primeiro capítulo do livro e achei MUITO parado...rs. Mas lendo sua resenha deu até vontade de ler. Acho que darei uma chance...rs.
ResponderExcluirBeijos
Carol
Depois de Garota Exemplar entre no clima dos thrillers, no evento da editora quando falaram desse livro logo fiquei curiosa.
ResponderExcluirA resenha só fez crescer mais ainda a curiosidade, é aquela situação já sabemos o que vai acontecer, mas os caminhos até isso podem ser muito interessantes. Com certeza na minha próxima compra esse livro estará no meio.
Bjs,
Garotas de Papel
Primeiro tenho que dizer que adorei o "Explica essa, Freud". [rs] Mas o que concluí é que não sei se eu leria esse livro, não gosto de livros que me deixem com raiva. Ainda mais com personagens "faça o que eu digo mas não faça o que eu faço", que parece ser o caso da protagonista. Mas quem sabe? Ótima resenha.
ResponderExcluirAbraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Oi Mari! Adoro quando a gente não gosta dos personagens e tal, mas acaba gostando do livro, sem conseguir entender muito bem por que. Muito melhor do que quando acontece o contrário rs. O livro parece interessante, a forma da escrita parece ser muito boa, já que prende o leitor mesmo quando já se sabe o que vai acontecer. Mas eu não me interessei muito pelo livro não. Quem sabe eu leia, mas provavelmente não.
ResponderExcluirBeijos,
Adri Brust
http://stolenights.blogspot.com
ResponderExcluirTerminei essa leitura perturbadora hoje.
Acho que me perdi durante a análise que ela fez e terminei sem entender qual foi o trauma que ela vivenciou. :/
Aaah, por favor, me ajudem.
Interessante. Vale a pena ler. Não vale matar.
ResponderExcluirAdorei a forma como você escreve a resenha. Muito bom.. Vou dar uma olhada neste livro da asa harrison
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