4 de janeiro de 2016

RESENHA: UMA PONTE ENTRE ESPIÕES - James B. Donovan (Ed. Record)



Boa tarde, pessoal!

Para fecharmos com chave de ouro a maratona de resenhas do GRUPO EDITORIAL RECORD, hoje vou falar do magnífico UMA PONTE ENTRE ESPIÕES do JAMES B. DONOVAN.

Uma Ponte Entre Espiões UMA PONTE ENTRE ESPIÕES
JAMES B. DONOVAN
Editora: RECORD              
Ano: 2015
Nº págs: 490
Gênero: Biografia

SINOPSE: Ao mesmo tempo um drama processual noir e um brilhante estudo psicológico, Uma ponte entre espiões é o envolvente e fascinante relato do maior caso de espionagem de uma geração. Na manhã de 10 de fevereiro de 1962, James B. Donovan começou a percorrer a ponte Glienicke, a famosa “ponte dos espiões”, que na época ligava Berlim Oriental à Ocidental. Com ele, caminhava Rudolf Ivanovich Abel, durante anos chefe da espionagem soviética nos Estados Unidos. Do outro lado estava Francis Gary Powers, o piloto americano do U-2 abatido pelos soviéticos. Duas pessoas que não se conheciam, representantes de mundos opostos. Neste livro, Donovan conta como negociou a troca e defendeu Abel em todos os estágios de seu julgamento. Abel foi o mais talentoso, misterioso e eficiente espião de sua época. Seu julgamento, que começou em um tribunal distrital do Brooklyn e terminou na Suprema Corte dos Estados Unidos, revelou os métodos e os êxitos da espionagem soviética.

Esse é aquele tipo de livro que a gente lê, absorve tudo, reflete muito e no fim não consegue dizer nada! Simplesmente porque faltam palavras para escrever o impacto tão forte que ele causa. Fosse um livro ficcional, seria bastante fácil, mas sendo uma biografia, é algo que chega arrepiar, tamanha destreza com que é conduzida e tamanha “secura” com que é narrada.

Em UMA PONTE ENTRE ESPIÕES temos os relatos verídicos vivenciados pelo advogado DONOVAN ao defender seu cliente, Abel, o primeiro e mais eficiente espião soviético. O livro, escrito originalmente na década de 1960, ganhou uma edição brasileira agora, provavelmente, embalado pelo lançamento do filme, dirigido por ninguém menos que Steven Spielberg. Tive contato com as duas mídias e quero falar sobre ambas aqui na resenha.

Primeiramente, o que mais me impressionou foi a forma como duas histórias foram contadas de formas diferentes, mas trazendo à tona todos os momentos principais. No filme, temos uma carga dramática maior, provavelmente pela excelente interpretação de Tom Hanks no papel do advogado DONOVAN, mas senti que o filme teve uma preocupação maior em mexer com o emocional, de fazer com que o telespectador sofresse com o personagem, afinal, ele foi bastante humanizado na versão cinematográfica.

Já no livro, senti que a narrativa do “verdadeiro” DONOVAN foi mais crua, mais seca, sem tempo para querer florescer algum sentimento no coração do leitor; por vezes, parecia que ele não queria nem mesmo fazer isso, o que queria era fazer um relato nu e cru sobre o julgamento de Abel, como a defesa procedeu, porque pensava de determinadas formas, porque insistia em certas opiniões, porque tinha certas convicções, etc. DONOVAN também deixou claro os bastidores desse julgamento e as “sujeiras” que ocorreram nesse meio tempo, até que o julgamento chegasse à Suprema Corte Americana.

Não nego que adorei ambas as mídias e ambos os retratos feitos da história, mas admito que Spielberg foi um pouco poético em sua adaptação, o que fez com que eu sentisse uma emoção diferente ao ver o filme. Senti como se algumas passagens tocassem meu coração e me sensibilizassem. Contudo, apesar de não ter sentido isso com o livro, mesmo porque ele não tem todo esse apelo dramático, dou nota UM MILHÃO para a narrativa de DONOVAN, que me cativou completamente desde a primeira página e me deixou de queixo caído com seus pensamentos, atitudes e, principalmente, com sua coragem e sabedoria.

Foi incrível a forma como ele bateu o pé que seu cliente, apesar de acusado de espionagem, deveria ter direito a um julgamento justo, mesmo que a imensa maioria da população fosse contra isso e contra suas opiniões. Foi fantástica a forma como DONOVAN nunca se deixou levar pela opinião dos mais poderosos. Mais interessante que isso, foi a relação e a ligação que DONOVAN criou com Abel, que achei parcamente explorada no filme, aliás, por vezes, durante a leitura, tive a sensação de que existia um laço de amizade forte surgindo entre o advogado e Abel, mas no filme não consegui enxergar essa relação, que passou a ser mais como advogado e cliente mesmo. O que me foi estranho, pois como já disse, achei que o filme teve um lado dramático muito maior que o livro, mas ficou parecendo que essa dramaticidade existia apenas no que se referia ao DONOVAN e sua vida pessoal, ou pode ser ainda que eu tenha achado que ela existiu por causa do Tom Hanks e seus vários trejeitos de pena, que sério, faziam meu coração ficar apertadinho até quando coisas menos importantes estavam acontecendo, porque ele sempre parecia fazer uma cara de sofredor :S

Mas, voltando ao livro, temos DONOVAN expondo várias de suas conversas com Abel, temos correspondências trocadas entre eles, opiniões, entrevistas, etc. Apesar disso, dessa aproximação entre os dois, senti que DONOVAN as expôs para demonstrar de fato como foi sua relação com Abel nesse período, e não porque queria arrancar algum tipo de emoção do leitor, afinal, a minha impressão até o final do livro foi a de que DONOVAN foi bastante cru em seus relatos, querendo mostrar como tudo realmente aconteceu, sem necessidade de “florear” sua história e os acontecimentos que permearam os muitos anos de sua vida e convivência com Abel, mesmo porque, TUDO o que ele contou foi interessante demais para que necessitasse de qualquer fantasia.

A parte que fala sobre a troca dos "reféns" também foi magnífica em ambas as mídias, mas também gostei mais no livro, pois como houve mais aprofundamento na relação entre o advogado e Abel, acabou sendo uma passagem muito mais significativa e intensa nessa mídia. 


E é isso que tenho para dizer sobre UMA PONTE ENTRE ESPIÕES. Livro magnífico, filme fantástico, deve-se ter contato com os dois para poder absorver profundamente a história. 2016 mal começou, mas acho que já tenho um eleito para os melhores do ano \o/


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4 comentários:

  1. Alexandre Gasparetto4 de janeiro de 2016 às 16:36

    Mariii esse livro deve ser muito bom!!!adoraria lê-lo, e por isso já está na minha lista!!Feliz 2016...

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  2. Gostei muito da sua resenha.
    Asssti o filme deste livro no cinema no ano passado e fiquei impressionada com ele. Cheguei a comprar o livro, mas confesso que ainda não opeguei para ler, mas a sua resenha me fez olhar com mais vontade ainda para esse bonitinho na minha estante.

    Beijinhos
    tudooqueeuleio.blogspot.com.br

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    Respostas
    1. Oi, Ana! Fiquei feliz em saber que a resenha te empolgou a ler. Achei o filme fabuloso também. Depois que ler, volta pra contar o que achou.

      Beijocas
      Mari

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