Olá, pessoal!
Como vocês estão?
Já conversei com vocês sobre as mudanças aqui do blog e uma delas será a
presença de mais resenhas do gênero NÃO-FICÇÃO. Até 2015 li poucos livros do
gênero, mas os que li me agradaram ao extremo, é por isso que em 2016 quero
aproveitar todas as chances que tiver de me embrenhar nessas leituras. No final
do ano, já sabia por quais mudanças o blog iria passar, e tendo isso em mente
solicitei dois livros do gênero com a INTRÍNSECA,
um deles foi A SEXTA EXTINÇÃO da ELIZABETH KOLBERT, que vou contar para
vocês todas as etapas dessa leitura.
ELIZABETH KOLBERT
Editora: INTRÍNSECA
Nº págs: 336
Gênero: Não-Ficção
SINOPSE: Ao longo dos últimos quinhentos milhões de anos, o mundo passou por cinco
extinções em massa brutais, nas quais sua biodiversidade caiu de maneira
abrupta. A mais conhecida foi a que eliminou os dinossauros, quando um
asteroide colidiu com o planeta há 65 milhões de anos. Hoje vem sendo
monitorada a sexta extinção, possivelmente a mais devastadora da história da
Terra. Mas, dessa vez, a causa não é um as - teroide ou algo semelhante. Nós
somos a causa. Em A sexta extinção, a jornalista Elizabeth Kolbert explica de
que maneira o ser humano alterou a vida no planeta como absolutamente nenhuma
espécie o fizera até hoje. Para isso, lança mão de trabalhos de dezenas de
cientistas nas searas mais diversas e vai aos lugares mais remotos em busca de
respostas. Kolbert apresenta ao leitor doze espécies — algumas desaparecidas,
outras em vias de extinção — e, a partir daí, chega à conclusão assustadora de
que uma quantidade inigualável de animais está desaparecendo bem diante de
nossos olhos. Ao mesmo tempo, a jornalista traça um panorama de como a extinção
tem sido entendida pelo homem nos últimos séculos, desde os primeiros artigos
sobre o tema, do naturalista francês Georges Cuvier, até os dias de hoje.
Kolbert mostra que a sexta extinção corre o risco de ser o legado final da
humanidade e nos convida a repensar uma questão fundamental: o que significa
ser humano?
Leio não-ficção da mesma forma que livros de contos, um pouco por dia, e
por isso vou apresentar a resenha do livro em forma de diário, confiram:
LIDO EM 04/01 –
PRÓLOGO, A SEXTA EXTINÇÃO e OS MOLARES DO
MASTODONTE
É com um PRÓLOGO fascinante que
ELIZABETH abre seu livro e nos
insere no contexto do que vai explorar durante as páginas. É também de forma
assustadora que ela nos leva a refletir sobre os rumos que o planeta está
tomando e como estamos sendo causadores de nossa própria destruição.
A autora dividiu os capítulos de forma a expor sobre alguma vida na terra
que já se extinguiu ou está próxima à extinção. O primeiro capítulo, A SEXTA EXTINÇÃO, fala sobre a
rã-dourada-do-panamá e alguns outros anfíbios que, infelizmente, já encontraram
a extinção. A forma como KOLBERT
narrou a descoberta dessas rãs e o processo que as levou a extinção foi
bastante triste, principalmente porque muitos de nós não enxerga a grande
importância que a biodiversidade tem no mundo. O homem hoje, preocupado com
invencionices e aparatos tecnológicos, deixou de olhar para a natureza como se
ela fosse um ser supremo. O homem de hoje pensa que pode domá-la, e não
consegue ver que cada mínima mudança provocada nesse meio tão rico, pode levar
a situações extremas e catastróficas. Apesar de a rã-dourada-do-panamá ser o
foco do capítulo, a autora não descarta os outros anfíbios, e fiquei chocada
por ter contato com esse capítulo logo assim, de cara, pois não faz muito
tempo, umas três semanas no máximo, estava caminhando na rua com meu namorado e
disse pra ele que há muito não via mais sapos em minha cidade. Nasci na capital
de São Paulo e lá residi até meus 15 anos, e sempre que vinha passar as férias
aqui (no interior) na casa de minha vó, ficava IMPRESSIONADA e ASSUSTADA com a
quantidade de sapos que existiam na cidade. Eram MUITOS mesmo. Quando chovia
então... Colocavam-se panos nas frestas das portas para que eles não passassem,
se uma porta era esquecida aberta havia uma revista na casa inteira antes de
dormir, tamanha quantidade deles e cara de pau ao adentrar nas casas. Aos 15
anos eu e meus pais nos mudamos para cá, e foram poucas às vezes em que vi
sapos na cidade. Eles ainda existiam, mas em menor quantidade, bem menor
quantidade. Três semanas atrás, quando comentei o fato de não ver mais sapos
com meu namorado, foi porque passamos em uma calçada escura, coisa que ninguém
fazia na minha infância, pois corríamos o risco de pisar em algum desses bichos
a cada cinco passos, e hoje, ao ver ELIZABETH
expor como as rãs e alguns anfíbios estão já extintos ou aos poucos estão se
extinguindo, foi um choque de realidade muito grande, pois isso não é visto
apenas no Panamá, local em que ela fez grande parte da pesquisa sobre os
anfíbios, aqui mesmo, na minha pequena cidade, já é possível notar o quanto
esses animais sumiram de cena. Sabia que A
SEXTA EXTINÇÃO seria um livro que causaria grande impacto, mas não achei
que logo no primeiro capítulo iria conseguir me alertar para o quão grave a
situação já está.
O segundo capítulo, OS MOLARES DO
MASTODONTE, já não achei tão interessante quanto o primeiro, mas sei que
foi pelo fato de os animais aqui retratados já estarem extintos há muitos anos.
Creio que pegar um ser que vive entre nós e mostrar como sua população vem
sendo dizimada a cada dia causa um impacto muito maior na leitura.
LIDO EM 05/01 – O
PINGUIM ORIGINAL e A SORTE DAS
AMONITES
KOLBERT inicia o capítulo
O PINGUIM ORIGINAL falando sobre
Darwin e sua teoria da evolução e extinção. O que mais achei interessante nesse
capítulo foi a opinião de Darwin sobre a extinção e a forma como a jornalista a
refutou, parecendo até mesmo abismada com os apontamentos dele, que dizia não
ser possível observar a evolução e a extinção “a olho nu”, que a extinção
existia por causa da evolução, que quando uma espécie evoluía e se tornava mais
forte, outra deixava de existir. Darwin parecia não querer culpar o homem pela
extinção de algumas espécies. O interessante é que KOLBERT demonstrou que enquanto ele ficou trancado estudando, os
ornitólogos confirmaram e PRESENCIARAM a extinção do arau-gigante, ave que se
assemelhava aos pinguins. Achei bastante interessante o fato de a autora
colocar em xeque algumas crenças/opiniões de Darwin, ainda mais porque, logo
após, ele próprio presenciou a extinção de uma espécie de tartaruga em uma de
suas viagens a ilha Charles, mas ainda assim ele acreditava que a extinção era
apenas um efeito colateral da evolução.
Ainda nesse capítulo, KOLBERT
explica que os araus foram sumindo. Primeiro devido ao comércio de suas penas
(pelo homem), depois pela matança da espécie (também pelo homem), e é de forma
um tanto quanto chocante que ela relata como foi a morte do último casal da
espécie. Foi uma leitura que me causou enorme raiva.
Já em A SORTE DAS AMONITES, a autora fala um pouco sobre o meteoro
que devastou os dinossauros e eliminou ¾ da vida que existia na terra, e fala
também das amonites, moluscos que também tiveram seu fim no Cretácio. Confesso
que fiquei muito mais interessada no capítulo por causa dos dinossauros e do
meteoro, e que as partes sobre as amonites pouco me atraíram.
LIDO EM 06/01 – BEM-VINDO
AO ANTROPOCENO e O MAR AO NOSSO
REDOR
Não li o livro inteiro, mas algo me diz que cheguei a dois capítulos dos
mais interessantes em A SEXTA EXTINÇÃO.
BEM-VINDO AO
ANTROPOCENO nos põe frente a algumas mudanças de paradigmas
relacionadas à história das extinções. Nesse capítulo, ela retoma à primeira
grande extinção, que levou ao fim 85% das espécies marinhas, e também nos
insere dados medonhos sobre a datação das extinções, que acreditava ocorrer
a cada 26 milhões de anos por causa de uma passagem de nosso sistema solar pela
Via Láctea. Hoje essa concepção temporal não é mais aceita, mas não deixa de
ser assustadora, ainda mais quando, poucas linhas depois, a autora nos conta
que a extinção do Permiano-Triássico foi a maior e mais catastrófica de todas
as extinções até o momento e que eliminou de vez praticamente toda forma de
vida multicelular existente no planeta.
Outro ponto interessante do capítulo é a abordagem sobre os ratos. Em uma
de suas viagens, ELIZABETH
encontrou-se com um cientista que não apenas estudava o passado das extinções,
como também tinha um olho no futuro da evolução de algumas espécies, e então
ele desenvolveu sua teoria sobre os ratos e o comportamento e tamanho dessas
criaturas daqui a alguns anos. Sim, achei assustador. Já ouvi tantas vezes a
frase “se o mundo acabasse só as baratas sobreviveriam” que nunca parei para
pensar o que aconteceria com outras formas de vida se elas permanecessem no
planeta.
Acredito que O MAR AO NOSSO REDOR
seja o capítulo mais importante do livro, pois ele nos insere no contexto de
hoje e no que está acontecendo com nossos oceanos e clima. O tema do
aquecimento global já é corriqueiro, mas, ainda assim, KOLBERT conseguiu apresentar dados assustadores e alarmantes sobre
o assunto. Mas, ela adentrou ainda mais fundo no quesito dos oceanos e da
enorme acidez que eles estão absorvendo devido à grande quantidade de CO2 que
o homem vem produzindo.
Até esse momento da leitura eu estava aproveitando bastante, mas creio que
esses dois capítulos fizeram com que eu tivesse um “baque” e visse o quão grave
a situação está. Muito mais grave que imaginamos, muito mais grave que os meios
de comunicação divulgam. Diante tantos apontamentos feitos, creio que o planeta
precisa mais que um S.O.S para poder se recuperar. Não bastassem todos esses
alertas, o capítulo ainda termina dizendo que estamos para deixar o legado mais
cataclísmico na história do planeta.
LIDO EM 07/01 – VIAJANDO
NO ÁCIDO
Nesse capítulo KOLBERT continua
falando na acidez dos oceanos e o que a mudança climática está mudando nos
mares e a que tipo de degradação pode levar. Ela dá uma maior ênfase aos
recifes, contando desde os primórdios até a trágica e assustadora conclusão
atual:
“É provável que os recifes venham a ser o primeiro principal
ecossistema na era moderna a se tornar ecologicamente extinto”
(p.139).
Achei esse capítulo um tanto quanto maçante, mas a frase acima me
despertou e fez com que eu lesse de forma mais interessada. Muitas vezes
parecemos não dar tanta importância aos seres de menor tamanho, mas o
interessante em A SEXTA EXTINÇÃO é a
importância que a autora dá mesmo aos “menores” organismos que possuem vida.
Menores entre aspas, pois, quando os recifes se juntam, podem margear
quilômetros!
LIDO EM 08/01 – A
FLORESTA E AS ÁRVORES e ILHAS EM
TERRA FIRME
Em A FLORESTA E AS ÁRVORES
somos inseridos com maior profundidade no estudo sobre a flora e como as
mudanças climáticas a está atingindo. Apesar disso, afirma-se que as florestas
tropicais tiveram mais sorte, pois ainda têm um acúmulo de diversidades
biológicas, enquanto que os países que um dia já foram cobertos por gelo, não
tiveram a mesma sorte. O capítulo também fala do Parque Nacional de Manú e do
fato de ele provavelmente ser a região protegida com a maior diversidade
biológica do mundo. Como muitos outros capítulos, esse também termina de forma um
tanto chocante, com um especialista dizendo que
“se a evolução funcionar como costuma funcionar, então o
cenário de extinção começará a parecer apocalíptico”
(p.182)
Em ILHAS EM TERRA FIRME fazemos
uma viagem dentro do nosso país, na misteriosa Amazônia. Da flora à fauna, tudo
é explorado. Confesso que fiquei bastante surpresa com o que foi apresentado,
principalmente por saber que há mais de 30 anos existe um grande projeto na
Amazônia que visa proteger todas as formas de vida. Acredito que por ver tantas
vezes sobre o desmatamento que ocorre na região para a pecuária, nunca achei
que de fato haveria um grupo cuidando dos interesses do meio ambiente, pelo
menos não com tanto afinco e dedicação como demonstrado em A SEXTA EXTINÇÃO. A importância do projeto desenvolvido lá é tanta
que ele vem sendo considerando o mais importante experimento ecológico já
realizado. Apesar desses dados positivos, KOLBERT
não deixa de expor o lado negativo do que vem acontecendo na região.
Provavelmente por falar de “nós” é que esse capítulo foi tão interessante e um
dos meus preferidos.
LIDO EM 09/01 – A
NOVA PANGEIA e O RINOCERONTE FAZ
UMA ULTRASSONOGRAFIA.
Em A NOVA PANGEIA passamos a
conhecer mais sobre os morcegos, e como um misterioso pó branco eliminou 90% da
espécie em algumas cavernas americanas. Esse pó, que a princípio fora uma
incógnita, mostrou-se ser um fungo, provavelmente vindo da Europa, e que
devorava a pele dos morcegos. Se alguns capítulos anteriores haviam me chocado,
esse, além do profundo choque, levou-me a uma terrível angústia. Creio que pelo
fato de termos a população dos morcegos dizimada quase que completamente em
apenas 3 invernos, foi que fiquei assustada com o que foi apresentado. KOLBERT narrou de modo até triste como
esses foram encontrados mortos dentro das cavernas, como seus corpos se
espalhavam pelo chão delas e como era impossível pisar em um pedaço de solo que
não tivesse um pequeno corpo. Foi bastante triste. Ainda no capítulo, a autora
também falou de alguns insetos e como esses conseguem se proliferar de forma
rápida, causando uma invasão, enquanto que os morcegos e muitos outros mamíferos
têm uma reprodução mais lenta, o que contribui também a extinção de muitas
espécies.
Já em O RINOCERONTE FAZ UMA
ULTRASSONOGRAFIA, passamos a ter uma noção dos animais de grande porte e a
forma como eles foram se extinguindo. A espécie de rinoceronte em questão
(rinocerontes-de-sumatra), era, no século XIX, tão comum que era considerado uma
praga, nos anos 1980 já estava reduzido apenas a poucas centenas de animais, e
nos dias atuais não chega a uma centena, sendo que nos últimos 30 anos, apenas
3 rinocerontes nasceram. Com isso ela pega o gancho do capítulo anterior e aprofunda
mais a questão do nascimento em mamíferos de grande porte e que geram apenas um
filhote de cada vez e que têm a gestação mais demorada, como os ursos,
elefantes-africanos, leões, tigres, chitas, onças... Por causa desses fatores, essas
espécies de reprodução lenta, estão hoje em declínio, mais perto de chegarem
à dizimação. Além disso, KOLBERT trouxe
à tona algo bastante triste em relação aos rinocerontes e que me surpreendeu,
pois nunca antes tinha ouvido falar de tamanho absurdo: muitos homens caçam
esses animais por causa de seu chifre. Até aí não é novidade, o assustador é o
motivo: o chifre do rinoceronte, além de valer 40 mil dólares o quilo, é
inalado como cocaína em boates e festas da alta sociedade no Sudeste Asiático.
“Mil anos após a chegada do homem, os grandes mamíferos
desapareceram”
(p. 239)
LIDO EM 09/01 – O
GENE DA LOUCURA e A COISA COM PENAS.
Em O GENE DA LOUCURA ficamos
conhecendo mais sobre o homem de Neandethal, suas semelhanças e diferenças com
o homo-sapiens e como eles desapareceram, cerca de 30 mil anos atrás,
justamente quando o homo-sapiens se fez presente nos lugares que eles
habitavam.
“O azar deles fomos nós”
(p. 247)
O capítulo também aborda outros de nossos descendentes: os macacos, e é
impossível não ler essa parte do livro e ficar pensando em O PLANETA DOS
MACACOS. Aliás, é praticamente impossível ler A SEXTA EXTINÇÃO e não ficar pensando se já não estamos fazendo
hora extra por aqui, se já não destruímos o suficiente, se já não é hora de
outro meteoro cair para que tudo se inicie do começo...
Por fim, KOLBERT termina com A COISA COM PENAS, em que dedica o
capítulo a falar sobre um simpático corvo que teve até de ser masturbado para
poder se reproduzir, e em como existem seres humanos capazes de tudo para conservar
as espécies e o planeta (e seria tudo mais fácil se muito mais gente estivesse
disposta a mesma coisa). Um dos levantamentos mais importantes ela deixou para
questionar nesse final de livro, em que nos conta que muitos dos grandes
zoológicos do planeta conservam material genético de várias espécies
congeladas, para o caso de extinção, mas se não seria mais fácil aprendermos a
preservar do que cultivar espécies em vidro para posteridade.
Nas páginas finais, encontramos uma grande frase:
“O Homo Sapiens pode ser não apenas o agente da Sexta
Extinção, mas corre o risco de ser uma de suas vítimas”.
(p.278)
Que aqueles que sejam à favor do planeta, da evolução e da modernidade me
perdoem, mas sermos vítimas significaria apenas que estaríamos colhendo todo o
mal e destruição que plantamos, portanto, mereceríamos esse papel.
A SEXTA EXTINÇÃO foi um livro que
me causou curiosidade desde o seu lançamento, mas só depois de fazer sua
leitura, de digerir cada capítulo, cada peculiaridade tão importante sobre as
espécies que foi colocada em suas páginas, é que me dei conta do quão grandioso
e significativo ele é. Um livro que deveria ser lido por toda a humanidade como
um sinal de alerta para tudo que estamos destruindo. Uma leitura fascinante! 5
estrelas, claro!
Estou doida pra ler esse livro, curto também não-ficção e essa resenha me deixa ainda mais curiosa em conferi essa história.
ResponderExcluirMi, você não vai se arrepender.
ExcluirBjs