Oi, gente!
Vou encerrar essa
semana falando de um livro que chegou de surpresa aqui em casa: O JOGO DE RIPPER da ISABEL ALLENDE,
lançado pela BERTRAND BRASIL.
ISABEL ALLENDE
Editora: BERTRAND BRASIL
Nº págs: 490
Gênero: Policial, Suspense
SINOPSE: Ripper é um inocente jogo de RPG que envolve
cinco participantes de diferentes países, reunidos via Skype, para desvendar
enigmas criminais. Amanda, filha de um policial da divisão de homicídios de São
Francisco, é viciada em crimes sinistros e neste jogo de mistério online.
Quando o vigia de uma escola é assassinado e uma
série de mortes misteriosas começa a acontecer em São Francisco, os cinco
jogadores de Ripper se envolvem com os casos. Afinal, eles logo se dão conta de
que os crimes parecem ter sido cometidos por um mesmo assassino.
Mas o que deveria ser apenas um entretenimento
vira questão de vida ou morte quanto Amanda percebe que o cerco do serial
killer se fecha em torno de alguém que ela ama. Um plano perverso, premeditado
até o último detalhe, está prestes a se tornar realidade. A escritora chilena
Isabel Allende faz sua estreia no gênero policial em um romance repleto de
intrigas, humor e ironia.
A grande maioria
do pessoal que passa aqui pelo blog sabe que tenho loucura por livros policiais.
Contudo, o livro da ALLENDE não
havia me interessado por dois motivos: primeiro: não gosto de narrativas que
envolvam jogos de computador. Li um livro do tipo e fiquei meio traumatizada. Segundo:
a autora não está acostumada a escrever livros policiais, então tive medo de
encarar essa primeira experiência dela com o gênero. E a leitura confirmou que estava
certa em meus temores, pois diante tantas incoerências e enrolações que
encontrei na trama, acabei por considerá-la bem fraca.
Logo de cara já
somos inundados com uma infinidade de personagens e cada um deles é
“estraçalhadamente” detalhado. Geralmente, adoro a quantidade de detalhes nos
livros policiais, contanto, claro, que sejam RELEVANTES E PERTINENTES para a
narrativa, e foi aí que ALLENDE já
me irritou, pois pelo menos 40% das descrições de vida de muitos dos
personagens poderiam ser facilmente descartadas, pois nãos acrescentaram em
NADA na investigação dos mortos. A sensação que tive foi que a autora ficava
enrolando e falando demais pra tentar fazer o livro ganhar páginas e ver se
através do cansaço fazia o leitor desistir de querer adivinhar o culpado, mesmo
porque, passam-se MUITAS páginas para que a investigação, e não os mínimos
detalhes de cada um que respira durante o enredo, entre realmente em foco.
Outro ponto que me
desagradou, mas de forma diferente do que imaginei, foi o jogo de RPG. Meu medo
era que o livro ficasse descrevendo bonequinhos e cenários do jogo, e fiquei
satisfeita ao constatar que isso não aconteceu, porém, algumas coisas em torno
no jogo, e que envolviam a investigação, foram demasiadas absurdas. Amanda, que
é a mestra do jogo, é a filha de Bob Martín, o inspetor-chefe do Departamento
de Homicídios, e como ela adora desvendar mistérios, acaba por ler os
relatórios da polícia e consegue obter muitas informações, algumas delas sigilosas e que não devem ser divulgadas, com seu pai ou a assistente dele. Para mim,
isso foi EXTREMAMENTE forçado, absurdo e inverossímil! Como que um policial,
chefe de departamento, de posse de informações sigilosas, as passa para sua
filha de 17 anos para que ela as compartilhe com os cinco amigos do grupo de
RPG? ALLENDE que me desculpe, mas
nunca vi nada tão falso quanto isso! A garota simplesmente chega à delegacia,
fala com a assistente do pai, obtém informações mil e sai repassando para os
colegas. Não bastando, quando não é ela a conseguir tais informações, elas são
passadas para seu avô, que também está envolvido com o jogo de RPG. Aí
pergunto: “E o profissionalismo desse inspetor?” Enquanto em TODOS os livros
policiais, os chefes de departamento lutam para manter seus descobrimentos
secretos e ficam extremamente bravos quando algum policial deixa “escapar”
informações para mídia, em O JOGO DE
RIPPER o próprio chefe é quem sai abrindo a boca e contando tudo que está
acontecendo, como se isso não fosse nada demais ¬¬
Em muitos momentos
pensei em desistir da leitura, só prossegui porque tenho o habito de ler os
agradecimentos antes, e ali ALLENDE
agradece ao psicólogo que a ajudou a formular o serial killer, diante disso,
imaginei que esse assassino teria uma personalidade interessantíssima e foi o
que me motivou a terminar a leitura. E foi o que QUASE salvou a leitura (mas
nem isso conseguiu).
As mortes foram
fantasticamente bem elaboradas e algumas até perversas, por isso imaginei que a
narrativa ficaria por muito tempo em cima da investigação, e não em cima de
minúciar passados distantes e desimportantes de personagens. Quando finalmente
o livro verteu para o que eu esperava, mais ou menos faltando umas 150 páginas
para terminar, senti bastante empolgação. O cerco foi se fechando, o assassino
e sua personalidade começaram a ser dissecados e de repente a história, mesmo
com muitas mazelas e situações que não me convenceram, passou a parecer genial.
Contudo, essa empolgação e o sentimento de “no fim valeu a pena” não demoraram
a passar, pois, mais uma vez, ALLENDE
começou a fazer rodeios quanto à identidade do assassino. Tudo estava fluindo
de forma brilhante, quando a autora resolveu pecar pelo excesso. Ela já tinha
revelado o culpado, já tinha contado sobre seu passado tenebroso, que dou o
braço a torcer: foi inigualável e fenomenal, e aí quis fazer firula, dando a
ele mil identidades. De repente, aquele ser tão monstruoso, que estava sendo
tão fascinante e estava me empolgando de um jeito inexplicável, passou a
parecer um bestalhão, pois ficou extremamente claro que a autora estava
enredando por várias identidades para tentar surpreender o leitor, e isso foi
um pecado imperdoável! ALLENDE
conseguiu criar uma personalidade tão sórdida e singular para esse serial
killer, e uma motivação tão impressionante e até convincente, que não deveria
ter se preocupado em tentar surpreender o leitor, pois a qualidade do que ela
havia apresentado na história de vida dele já havia valido por todos os
absurdos apresentados no livro! Já li muitos e muitos livros policiais, e
dificilmente encontrei um assassino com seu lado psicológico tão bem trabalhado
e tão bem abordado como este de O JOGO
DE RIPPER. Não entendi a razão de a autora ter feito o joguinho de
identidades, mesmo porque, foi esse joguinho que tornou absurda a crença nos
fatos e na coerência da história, tornando-a completamente absurda e fazendo com que uma das personagens
principais parecesse extremamente burra. Quem leu vai entender o que estou
falando.
Nunca li outro
livro da ALLENDE, e posso até tentar
ler algo dela que não seja do gênero policial, porque, em minha opinião, muita
coisa deu errada em O JOGO DE RIPPER,
a maioria pelo excesso, muitas vezes menos é mais, e aqui seria o caso.
Oi Mari! Logo ao começar a ler a sinopse me desanimei, pois achei que iria focar em jogos de RPG, que também não gosto. Mas o resto da sinopse me animou. Aí comecei a ler sua resenha e desanimei de novo rs. Fiquei triste por saber que a autora conseguiu construir um personagem tão bem trabalhado assim, e que acabou estragando tudo por conta do exagero.
ResponderExcluirSobre o fato do pai da menina sair distribuindo informações sigilosas, tive que rir, é ridículo mesmo. Se pelo menos a personagem conseguisse descobrir as informações de algum jeito, ouvindo escondida, sei lá, seria um pouquinho melhor.
Apesar de ter ficado bastante curiosa com a construção do serial killer, acho que não vou ler esse livro. Claro, se eu acabar conseguindo-o de algum jeito, eu leio, mas não vou atrás dele.
Beijos,
Adri Brust
Stolen Nights
Não conhecia esse livro mas estava gostando da sinopse. No entanto, foi só você falar no tanto de ferramentas e contextos fúteis e irreais que desanimei. Por outro lado, se a autora foi capaz de criar um assassino tão impressionante que sabe ela não se aprimora nos próximos romances policiais? Ótima resenha.
ResponderExcluirAbraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi, Mari,
ResponderExcluirEu tinha visto pela nota que você não havia gostado do livro, mas como não costumo ler resenhas antes de escrever a minha (está programada para às 21h de hoje haha) estava esperando fazê-lo para vir aqui dar uma olhada.
Confesso que gostei do livro, apesar de algumas falhas. O fato dos personagens serem mais explorados é questão de personalidade autoral mesmo, é algo que eu curto muito, pois os tornam menos superficiais e mais realistas, e nesse caso não achei exagerado. Geralmente autores realistas possuem essa característica e é algo que me agrada por tornar os personagens mais tangíveis.
Ela não seguiu o gênero thriller propriamente dito, inclusive declarou não curtir muito o gênero e resolveu adicionar certa ironia ao colocar a investigação nas mãos de Amanda. Tenho certeza que a própria acha o rumo investigativo improvável, e me pareceu proposital, como uma brincadeira, ao não se levar tão a sério nesse sentido.
Também só me envolvi na investigação nas últimas 150 páginas - colocamos a mesma margem em nossas resenhas haha - mas o que veio antes estava me entretendo de uma forma diferente. Gostei do desfecho, e sei ao que você se refere no final da resenha, que só não achei tão inverídico, apesar de improvável, por já ter assistido/lido sobre casos reais do tipo, por mais creepy que sejam. - aviso de spoiler sugestivo para caso alguém leia o comentário - Teve até uma menina que o ex namorado dela e a melhor amiga eram a mesma pessoa e ela não sabia. Tem doido pra tudo na arte de se disfarçar, principalmente esses psicóticos malucos haha Mas é como você disse, ela já tinha ido bem na explicação, poderia ter deixado essa passar, ainda que existisse a probabilidade mínima.
No mais, te entendo por não ter gostado, pois é uma proposta diferente.
Beijoo!
Oi, Duda!
ExcluirQue feliz ver você por aqui *_* Vou responder aqui e correr para ler sua resenha. Quero muito conferir alguém que gostou, até agora só vi resenhas negativas, geralmente apontando os mesmos aspectos que eu.
Eu até gosto disso de explorar o personagem, mas acho que no livro policial isso tem que ser feito de modo a tornar importante para a investigação, e não achei que a Allende conseguiu isso, fiquei meio irritada de ter acompanhado tanta coisa que não deu em nada.
Quanto ao disfarce, eu até aceitaria se tivesse sido outro personagem, mas vou te falar por DM pq não engoli, se eu falar por aqui corro o risco de o pessoal me matar, pois vai ser um baita de um spoiler.
Agora vou confessar que fiquei em choque com o fato de ela ter declarado que não gosta do gênero. Escreveu pq então? Até entendo que ela possa ter feito de forma proposital, mas sei lá, não engulo, acho que foi desculpa. Pq um autor se daria ao trabalho de escrever um gênero (que tanta gente adora, nós inclusive), só para ser irônico? Por que perder tantos dias em cima de um livro? Sei não, acho que ela foi criticada e usou de desculpa, rs.
Mas vou ser ignorante e dizer que revoltei com o comentário dela, me senti ofendida! (rs) É como se ela tivesse falado "Não gosto do gênero que a Agatha Chrisitie escreve e vou fazer uma piadinha sacana! Oo" Sei que não foi isso que ela disse, mas com essa de não curtir o gênero, foi o que senti. Peguei birra da mulher. Não leio mais nada dela! Nunquinha, rs.
Agora vou ir ler sua resenha.
Beijocas