RESENHA: O ÚLTIMO RITUAL - Yrsa Sigurdardóttir (Ed. Suma de Letras)

Boa tarde, pessoal!

Hoje vou falar sobre um livro que mexeu bastante comigo: O ÚLTIMO RITUAL da YRSA SIGURDARDÓTTIR, lançado em 2010 pela SUMA DE LETRAS.

O ÚLTIMO RITUAL

YRSA SIGURDARDÓTTIR

Editora: SUMA DE LETRAS       

Ano: 2010  

Nº págs: 352

Gênero: Policial, Suspense

SINOPSE: Um acontecimento horripilante abala os alunos da Universidade de Reykjavík - o corpo de um estudante alemão é encontrado com os olhos arrancados e estranhos símbolos gravados em seu peito. Um suspeito é preso, mas a família da vítima não está segura de que a polícia tenha capturado a pessoa certa e resolvem chamar uma auxiliar na investigação, Thóra Gudmundsdóttir, advogada e mãe solteira de dois filhos, que constata que as razões para o crime se encontram ocultas em tradições e superstições da Idade Média. A vítima não fora escolhida ao acaso. O rapaz morto tinha obsessão pela história da caça e tortura às bruxas na Islândia. História esta que parece estar ganhando novos capítulos no presente, a não ser que Thóra e seu ajudante, Matthew Reich, possam impedir

Não sei se vocês conhecem essa coleção de livros de suspense da SUMA, mas já a coleciono há alguns anos e quero ver se nesse ano de 2015 começo a postar umas resenhas interessantes dessa coleção par vocês. O ÚLTIMO RITUAL era um dos livros que me faltavam e solicitei-o com a editora para poder postar essa resenha. Não fui muito atrás de ler a sinopse nem nada a respeito dele, mesmo porque, quando coleciono alguma série, mesmo essas de autores diferentes, não busco obter informações prévias, pois gosto de me surpreender, seja positiva ou negativamente, com a leitura. E posso dizer para vocês que esse livro foi uma grata surpresa, e que surpresa! A única coisa que busquei informações foi sobre a autora, pois seu nome é bastante diferente. Ao descobrir que YRSA era islandesa, não tive a menor vontade de saber nada sobre a trama, pois tinha certeza de que a amaria.

Há muito venho dizendo que esses autores escandinavos vêm me surpreendendo de forma assustadora. Com O ÚLTIMO RITUAL não foi diferente. Com sua escrita fluida e o mote assustador, YRSA me consumiu para dentro de seu apavorante enredo. Sim, o livro é do gênero policial, mas não se impressionem a cada vez que eu disser que fiquei com medo, assustada ou apavorada, pois muitas das passagens foram dignas de verdadeiros livros de terror :S

O livro segue aquela premissa de quase sempre: um homem e uma mulher investigam uma morte suspeita. Não preciso dizer para os conhecedores do gênero como o lado pessoal do ex-investigador e da advogada serão explorados e nem como tudo acaba, pois, sim, apesar de O ÚLTIMO RITUAL ser um livro brilhante, tem esse clichezão enorme em suas páginas. E aqui já aproveito para dizer que achei o casalzinho insosso, chato e nada inteligente na hora de desvendar o crime. Não que eles não conseguiram chegar ao final, mas sabe aquela coisa de lermos um livro policial e sentirmos que os protagonistas são os fodões, os geniais e que estão sempre no encalço do culpado? Pois bem, não senti isso aqui, pelo contrário, foram muitas as vezes que senti que os dois pareciam cegos em tiroteio, tão perdidos estavam nos acontecimentos.

E então vocês devem estar se perguntando por que raios eu disse que o livro é brilhante se acabei de fazer uma crítica bastante negativa. Na verdade é óbvio, apesar de os protagonistas não se sobressaírem na trama, alguém se sobressai para torná-la soberba, e esse alguém é Harald, o morto.

Foram poucos os livros policiais que li em que a vítima tenha sido tão bem explorada ao ponto de causar dó e repugnância no leitor, mas foram esses dois sentimentos tão díspares que senti pelo rapaz. Harald é um estudante de pós-graduação que pesquisa a época da Caça as Bruxas na Islândia. Ao contrário do que aconteceu em muitos países, na Islândia, a maioria dos acusados de bruxaria eram homens, e o rapaz, obcecado em conhecer melhor esse marco histórico, vai para a universidade do país para ficar mais por dentro do que aconteceu. O problema é que ele não é um estudante comum e não pesquisa apenas essa vertente. Harald é um jovem perturbado, mal intencionado, obcecado e que adora rituais. Rituais macabros, rituais sinistros, rituais de magia negra e também de tortura. Além de seu corpo ter sido encontrado de um jeito em que as descrições me chocaram, seu corpo já tinha marcas muito piores e mais sinistras antes mesmo de sua morte.

Exatamente por causa dessa obsessão do personagem, YRSA nos insere em um mundo de informações sobre bruxaria, magia negra, rituais satânicos e de tortura. É inegável que em MUITAS dessas passagens senti medo. E não foi pouco não! Essa leitura me deixou praticamente duas noites sem dormir tão impressionada fiquei com as passagens ritualísticas e com algumas informações sobre o universo da magia negra e suas crenças. O livro é muito bem fundamentado e perpassa por diversos marcos históricos do mundo que envolveram o tema, explora até mesmo papas que fizeram coisas bizarras em nome de suas crenças e vontade de obter algo.

Bizarro, aliás, é um bom adjetivo para definir esse livro, que foi extremamente perturbador. Foi forte, chocante e bastante audacioso, mas repito: brilhante! Achei impressionante o quanto medo YRSA conseguiu me fazer sentir em um livro policial. Foram muitas as vezes que me vi impressionada e arrepiada com alguma descrição que ela fez. Além disso, a forma como ela explorou a personalidade de Harald foi magnífica, ora me deixando penalizada com as atitudes da família para com o rapaz e ora me deixando chocada com as cruéis atitudes dele em relação a todos que o cercavam, família, amigos, professores... 

O ÚLTIMO RITUAL foi incrível sob vários aspectos: policial, histórico, mas principalmente por essa inusitada mescla com o terror. Só não dei 5 estrelas porque achei que um livro tão incrível e fascinante merecia protagonistas melhores elaborados, mais capazes e menos chatos. Mas, apesar das 4 estrelas, favoritei-o, afinal, foram poucas as vezes que tive prazer de ler sobre uma vítima tão espetacular. É um livro que recomendo de olhos fechados.

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