Bom dia, pessoal.
É de forma
bastante triste que hoje vou falar sobre O
CLONE DE CRISTO, da J.R. LANKFORD,
lançado pela SAÍDA DE EMERGÊNCIA.
J.R.LANKFORD
Editora: SAÍDA DE EMERGÊNCIA
Ano: 2014
Gênero: Thriller, Suspense, Ação
SINOPSE: O
Clone de Cristo é uma história fantástica sobre uma experiência secreta que
pode mudar o mundo: a tentativa de clonar Jesus Cristo a partir do Santo
Sudário. O Dr.Felix Rossi é o chefe da pesquisa, um conceituado cientista
obcecado com duas perguntas: Será que o tecido do Sudário contém mesmo o sangue
de Cristo? E o DNA ainda estará intacto? Apesar do caráter sigiloso do
experimento, forças obscuras tentam impedi-lo e Rossi não tem tempo a perder:
precisa encontrar uma mulher para gerar a criança. Esta trama policial
arrepiante nos leva numa viagem inesquecível da alta sociedade nova-iorquina
aos bares irlandeses, das igrejas do Harlem à Catedral de Turim. Uma narrativa
bem construída sobre laços familiares perdidos, um homem à procura de Deus, uma
mulher em busca de um sentido para a própria vida e uma inesperada história de
amor.
Quando li a
sinopse de O CLONE DE CRISTO tive
certeza de que seria “O” livro. Algo nele lembrava Dan Brown e senti que seria desesperador ler sobre um médico que
tentava clonar Jesus. Antes mesmo de iniciar a leitura, já imaginava esse
cientista como mocinho e vilão, pois o que ele queria fazer podia ser
considerado absurdo por uns e milagroso por outros. O problema é que o Dr.
Felix Rossi não fez nada nas 380 páginas do livro a não ser me irritar.
Rossi tinha tudo
para ser um personagem fabuloso, pois, por sua escolha em relação à clonagem,
poderia ser visto como mocinho e vilão; o fato de ser um homem da ciência, mas
muito religioso, também causaria estranheza e nos deixaria empolgados com a
dualidade presente na vida do personagem, o problema, foi que, a mim, ele
simplesmente pareceu um médico louco e um fiel fanático, nada além.
Pouco antes de
conseguir seus dois fiozinhos do Santo Sudário para tentar prosseguir com a
clonagem, ele descobriu que sua família era judia, e passou a achar terrível o
fato, primeiro porque ele sempre havia sido criado como católico e acreditado
nos preceitos da igreja, depois porque os judeus, seu povo, crucificaram Jesus.
Ele não queria aceitar sua descendência judia, mas, por fim, decidiu que seria
ele, um judeu, que traria Jesus de volta, e assim acabaria com o preconceito
contra seu povo.
Já nessa parte, a
história me causou um mal-estar terrível!
Primeiro: Felix é
um homem da ciência, portanto, deveria crer em fatos que pudessem ser
comprovados. Até hoje não foi comprovado se o Sudário envolveu Jesus, muito
menos se todas as palavras da Bíblia são reais, ou seja, não se sabe
verdadeiramente sobre a crucificação de Cristo, nem se existiu nem se de fato
foi feita pelos judeus.
Segundo: Por que
raios o personagem mostrou-se tão incomodado com o fato de a família ser judia
e de ele ter tal descendência? Por que queria tanto ser católico e mostrava
orgulho disso? Longe de mim querer causar polêmica, mas, como disse, um
cientista deveria prezar por aquilo que se pode provar, e há (muitas) provas na
História, dos massacres que a Igreja Católica cometeu, das tantas mortes que
causou, dos impostos que cobrou, com promessa de garantir ao fiel um lugarzinho
no céu; sem contar roubos, segredos, orgias dentro do Vaticano, e, atualmente,
os diversos escândalos sobre pedofilia e estupros. São tantas as máculas,
provadas e comprovadas, cometidas pela Igreja Católica, que achei de um
tremendo mal gosto o personagem, tão estudado, tão culto, e com tanto acesso à
informação, ter extremo orgulho de uma religião que já causou tanto mal. Aceito,
e até concordo, com o fato de ele ter orgulho de sua fé, mas Rossi não ficou só
aí, apesar de em alguns momentos ele se mostrar contra alguns preceitos do
catolicismo e apontar o que deveria ser visto de forma diferente, em outras
situações parecia querer engrandecer alguns dos dogmas da igreja.
Vergonha por
vergonha, eu teria daquilo que a História já conseguiu provar, não daquilo que
nunca se provou a veracidade. Portanto, aos religiosos fervorosos, desculpem,
mas essa é minha opinião e achei a posição do médico em relação à religião
ridícula! Para mim, existem duas formas de fé: a que você acredita em uma
entidade superior, meu caso, que acredito muitíssimo em Deus; e aquela que você
coloca como primordial em sua vida uma instituição religiosa e os preceitos
(muitos deles absurdos e extremamente moralistas) aos quais ela diz que você deve
guiar seus dias.
Isso me incomodou
por todo o livro, pois Rossi sempre se mostrou um fanático religioso. Por
diversas páginas existem trechos de rezas, de passagens bíblicas, etc; até acho
isso interessante, Dan Brown, Raymond
Khoury, Kathleen McGowan, e tantos outros, conseguiram escrever sobre esses
temas, e inserir essas passagens, de forma fantástica, com protagonistas
excelentes, que a cada página conseguiam arrancar o fôlego do leitor. Já LANKFORD me fez mergulhar em um
tremendo marasmo religioso. Tudo era religião, religião, religião e fé! Pensei
que teria um livro polêmico em mãos, que arrancaria reflexões e pensamentos,
mas só encontrei mesmices. A cada página parecia que nada mudava. Achei muito presunçosa
a forma que a autora escolheu para falar da religião. Seu personagem, que era
para ser alguém sapientíssimo, alguém capaz de equilibrar religião e ciência, apenas
me pareceu um sujeito desequilibrado (“de médico e de louco, todo mundo tem um
pouco”).
Sobre os
personagens, TODOS foram chochos. Desde o primeiro momento fica absurdamente
claro quem Felix vai escolher para conceber a criança clonada, mas a autora
tentou fazer um suspense desnecessário antes de revelar o fato. Além disso, o
livro não conta com um vilão digno, aliás, nem sei se podemos chamar o homem
que quer dar fim nos planos do médico de vilão, simplesmente porque ele não
parece um e tudo o que a autora tentou apresentar sobre ele, para fazê-lo ser,
pareceu demasiado forçado.
Quando finalmente
achava que alguma coisa engrenaria, que surpreenderia, vinha um personagem
chato com a famosa frase: “vamos rezar?” E os personagens se punham a orar. Aí
vinha o que mais me irritava, a autora não se contentava em finalizar a frase,
ela tinha que escrever a oração ¬¬ Fiquei me perguntando se ela recebeu ($) por
palavra, porque só isso (ou nem isso) explica o fato de tantas palavras e
páginas desnecessárias.
Queria ler um
suspense, queria ler um livro de ação, mas encontrei apenas um livro religioso,
bastante tendencioso, se me permitem dizer. Quero aproveitar para esclarecer
que acredito muito em Deus, mas abomino qualquer tipo de fanatismo religioso,
seja por qual religião for, e, mesmo tendo estudado em escola católica até meus
15 anos, a instituição jamais tentou nos tapar os olhos para as atrocidades que
a igreja cometeu, exatamente por isso, por ter estudado tantas vezes sobre o
tema e sobre as máculas cometidas pela igreja, tenho descontentamento com o
catolicismo e com muito do que ele prega, mas tive um profundo pesar ao ler O CLONE DE CRISTO, pois me pareceu que,
de alguma forma, o livro tentou apagar algumas graves manchas que a igreja
possui em seu “currículo”, principalmente ao não explorar suas falhas e
defeitos.
A única parte
interessante do livro fica por conta da descrição do processo de clonagem, que foi bastante esmiuçada, bem exposta e explicada. Não sou cientista e não sei se é
assim que ocorre, mas que a autora conseguiu explicar em palavras simples e me
convencer, isso ela conseguiu. Mas foi o que salvou, a parte religiosa foi maçante
demais! Dr. Felix Rossi foi o pior protagonista que já encontrei, e os
personagens secundários não ficaram para trás, um pior que o outro, um com uma
história de vida mais enfadonha e sem graça que o outro.
Realmente uma
pena, a única coisa que consigo pensar é que com um tema desses, Dan Brown teria criado um enredo
fascinante para Langdon e que o mundo teria parado para receber, assoberbado,
mais uma fascinante aventura do autor. Nesse momento, meu maior desejo é que Brown seja tremendamente cara de pau e
use a clonagem de Jesus em uma de suas tramas, preciso ler sobre o tema nas
mãos de alguém que realmente saiba escrever de forma a causar controvérsias e
colocar o leitor em modo de reflexão.
Nossa, eu até estava curioso quanto ao livro, e realmente, eu já tinha a imagem na cabeça que seria um thriler no estilo do Dan Brown, mas pela sua resenha, vi que é realmente o contrário! Eu acho que um autor, pra falar sobre assuntos polêmicos, precisa ter argumentos e uma escrita boa, senão se torna enfadonho e totalmente sensacionalista, e parece ser o caso desse. Eu realmente ficaria muito p* da vida se eu tivesse comprado esse livro antes de sua resenha. Agora minhas expectativas caíram para 0 quanto a essa obra.
ResponderExcluirHey, será que só eu que percebi que a Saída de Emergência está com lançamentos xoxos? Acho que o que se salva é Tigana e Mago, apenas.
Abraços,
- pensamentosdojoshua.blogspot.com
Oi, Josh.
ExcluirAcho que o maior problema foi esse: 90% das pessoas imaginaram algo como Dan Brown, rs. Mas estou doida para ler algumas resenhas positivas para entender pq desgostei tanto, pq fui tão cri cri.
As notas no skoob são boas, apesar de poucas, mas sinto como se tivesse lido um livro totalmente diferente dos outros :/
Quanto aos lançamentos da Saída, concordo com você. O 1º que li foi A Corte do Ar, que acabei abandonando de tão chato que achei, o, segundo, O Clone de Cristo, foi igualmente intragável, só não abandonei pq até o fim tive esperança que melhoraria. Acho que não terei uma 3ª experiência com os livros da editora tão cedo, rs. Ainda bem que a Arqueiro lança livros maravilhosos, pq estou traumatizada com a Saída, hahahaha.
Abraços
Nossa, que trágico! Queria ler, mas pelo visto a série Zero Hour aproveitou de forma mais concisa o tema da clonagem de Cristo. A propósito, assista essa série. Foi cancelada na 1ª temporada mas teve um desfecho e foi bem convincente. Ótima resenha.
ResponderExcluirAbraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Gabis, procurei a série e não achei :(
ExcluirOnde acho pra baixar?
Bjs
Na época baixei daqui: http://seriestvix.tv/category/zero-hour/ Só não sei se os links ainda funcionam. Também deve dar pra baixar por Torrent. Qualquer coisa, me avise no Twitter que eu upo os episódios e te envio. :)
ExcluirBeijos!
O que me faz vir aqui uma e outra vez (mesmo antes de eu fazer parte do grupo de blogueiros) é que sua sinceridade é sempre palpável. Nunca segui uma recomendação sua para não ter ao menos um pensamento parecido com o seu. Contudo, confesso que se você já não tivesse me conquistado antes, você teria me conquistado com essa resenha. Não li o livro, mas cada palavra que você disse a respeito do fanatismo religioso parece muito com o que sempre falo quando as pessoas me questionam sobre o assunto. Só de ler a passagem em que você fala do repúdio que ele sentiu por vir de uma família de judeus, já me fez ficar toda arrepiada de raiva. Principalmente porque acredito que independente da orientação religiosa de alguém, ela tem que ter tolerância com a religião dos demais, já que não existe maneira certa ou errada de se acreditar em Deus – apenas orientações perigosas para alguns que não conseguem separar o joio do trigo.
ResponderExcluirParabéns pela resenha, Mari. Está espetacular.
Beijos,
Isabelle | http://www.mundodoslivros.com/
Isa, me emocionei com suas palavras <3. Muito obrigada pelo carinho.
ExcluirEssa coisa de religião é complicada, fiquei com muito medo de postar a resenha e de alguém me "apedrejar", mas não podia esconder o que senti com a leitura. Achei sufocante e muitas partes desnecessárias.
Adorei o que você disse sobre não existir maneira certa ou errada de se acreditar em Deus. Obviamente, o livro tem tudo para ser polêmico, mas achei que a polêmica seria por conta do embate ciência X religião, se seria correto ou não a clonagem de Cristo. Confesso que o livro até tenta abordar essas questões, mas o aspecto da devoção dos personagens teve tanto peso, que acabou por diluir a polêmica em um marasmo de orações...
Te mandei DM pelo twitter hj ;)
Beijocas
e obrigada pelo seu comentário. Adorei <3
Poooooxa! Pela sinopse, parece ser um livro bem à la Dan Brown, do jeito que gosto...
ResponderExcluirAgora fanatismo nesses livros que envolvem esse tema de Deus, Igreja e etc, não rola!
Oi, Pa, acho que com a sinopse a maioria pensa em Dan Brown, daí o choque de conferir algo tão diferente e tão morno, na verdade, gelado, rs. Não estou arrependida de ter lido, mas, de agora em diante, vou ficar de olhos bem abertos em relação à essas leituras que lembram o Brown, não é para qualquer um.
Excluirbeijocas
Oi sou nova por aqui, adorei seu blog. A sua resenha já tá bem famosa, rs! Nossa adorei sua sinceridade, pela sinopse esse livro tinha tudo pra ser maravilhoso, mas pelo visto vai ficar só na expectativa. Mas você me deixou bem curiosa quanto ao livro, vou tentar ler, já que eu acabei comprando. Ótima resenha. :D
ResponderExcluirOi, Dani, seja bem vinda ;)
ExcluirNossa, fiquei até com medo desse seu "sua resenha já tá bem famosa". Morri de medo de postá-la e alguém vir brigar comigo por conta das criticas à igreja que fiz, mas não poderia deixar de dar minha opinião.
Fico feliz que você tenha comprado o livro, depois que ler, volta pra me falar o que achou, plix? Confesso que depois de ver as notas que o livro teve no Skoob fiquei me achando meio cricri por ter criticado tanto, mas realmente achei que faltou muita coisa na narrativa enquanto outras foram demais.
Vou aguardar você vir contar o que achou.
Beijos
Muito legal
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