Bom dia, gente!
Hoje vou falar sobre ÁGUA NA BOCA,
um livro policial diferente de tudo que já li. Escrito em parceria por ANDREA CAMILLERI e CARLO LUCARELLI, e lançado pela BERTRAND BRASIL nesse mês, o livro traz uma história policial que
em nada interessa o leitor, mas com personagens que roubam a cena e nos
deliciam com a investigação.
SINOPSE: Após um encontro entre os dois escritores para a gravação de um
documentário, eles aceitam o desafio proposto por seu editor: escrever um livro
a quatro mãos, em que cada um fosse criando, alternadamente, as partes da
trama. O que começou apenas como uma obra colaborativa, se tornou, ao longo dos
meses, uma partida de xadrez – palavras do próprio editor. Camilleri e
Lucarelli enviavam o texto ao parceiro sempre num momento em que dificultasse a
continuação por parte do adversário. A comunicação entre eles ocorria por meio
de cartas e faxes – em que utilizavam fotos, colagens, textos escritos à mão e
datilografados. Em determinados momentos, segundo eles próprios, foi
extremamente complicado sair da situação criada pelo outro.
Água na boca
é, portanto, o resultado de um duelo travado entre dois mestres detentores de
técnicas distintas de escrita e que conquistaram milhões de leitores ao redor
do mundo. O que põe Montalbano e Grazia em contato é um insólito homicídio
ocorrido em Bolonha: a vítima é encontrada com um saco plástico cobrindo-lhe a
cabeça. No piso, ao lado do cadáver, há três peixinhos vermelhos. O caso está
nas mãos de Grazia Negro, a qual, tendo descoberto que a vítima era originária
de Vigàta, pede ajuda ao colega siciliano. Mas até que ponto Montalbano estará
disposto a entrar no jogo e acompanhar Grazia numa investigação que se anuncia
perigosíssima e é abertamente hostilizada pelos superiores de ambos?
ANDREA CAMILLERI e CARLO LUCARELLI são dois autores
italianos, e CAMILLERI tem diversas
obras publicadas pela RECORD, na COLEÇÃO NEGRA, com o conhecido
personagem Salvo Montalbano. Já LUCARRELLI também escreve policiais,
mas nenhuma outra obra sua chegou ao Brasil.
Quando li a sinopse do livro fiquei bastante interessada, mas achei que o
livro seria mais uma narrativa com diversas e imensas descrições, como todo bom
policial pede. Contudo, ao descobrir que o livro contava com apenas 108 páginas
fiquei esperando por uma surpresa, uma narrativa mais rápida e um crime não tão
elaborado.
A verdade é que a surpresa foi maior do que esperava e o crime em si nem
me importou, rs. Da mesma forma que os dois autores se enviavam cartas e faxes
para a confecção do livro, os dois investigadores da trama, Montalbano e
Grazia, usaram da mesma técnica para se comunicar.
Após a morte de um homem com um saco plástico na cabeça e peixinhos
vermelhos ao redor, Grazia resolve que, apesar de seus superiores terem dado
ordens explicitas para não mexer com esse crime, ela precisa investigar. E é
por meio de cartas e bilhetes que recorre a Montalbano para obter ajuda.
Os dois personagens tornam-se tão gigantes na história que o mistério de
descobrir quem matou e por que, deixa de ser importante. O livro inteiro é contado
em forma de correspondência trocada pelos dois. Não há nenhuma intervenção de
narrador, nada de diálogo da forma corriqueira e nenhum dos personagens se
estende muito em suas palavras. A investigação vai sendo, ao mesmo tempo,
fragmentada e completada por eles. Todas as notícias que vamos tendo do crime e
assassino, são por meio das informações que os personagens trocam.
Os personagens são engraçadíssimos, dotado de humor sagaz e brilhantismo
em suas formas de ação. Vejam bem, não é que o livro não tenha um mistério a
ser desvendado ou um assassino a ser perseguido, pelo contrário, após este ser
pego, Montalbano judia bastante do ser, é que, simplesmente, os personagens sobressaem-se
muito mais que o enredo, possivelmente isso acontece pela forma de interação
escolhida pelos autores para apresentar à narrativa.
Adorei ÁGUA NA BOCA, achei
completamente diferente de tudo que já li, e bastante inusitado. Acredito que
os fãs de policiais vão gostar bastante de ver uma investigação elaborada por
uma perspectiva tão singular. Recomendo!
FICHA DO LIVRO
ANDREA CAMILLERI e CARLOS LUCARELLI
Ano: 2013
Nº págs: 108
Gênero: Policial
Hello,
ResponderExcluirAdorei a resenha fiquei muito interessada no livro, vou procura-lo pra ler.
http://gabriellasm-1993.blogspot.com.br/
Wow. Eu li a resenha e nem achei tudo isso. Quando vi que tinha menos de 200 páginas, aí é que eu torci o nariz mesmo. Mas olha só o poder de um resenha! Estou doida pelo livro agora. Sou apaixonada por livros escritos em cartas e... nossa! Amei a resenha e agora vou correr atrás de mais um livro. Parece que nunca estou saciada de livros, meu Deus! kkk
ResponderExcluirMuito boa resenha! Sou fâ do Camilleri e seu inspetor Salvo Montalbano. Li um livro do Lucarelli, Almost Blue, com o Grazia Negro. Vou ler!!!
ResponderExcluirQuero comprar e não acho em lugar nenhum.
ResponderExcluirPuxa, fiquei uns dias sem aparecer por aqui.... e quando apareço tem tanta coisa boa!!! Mais uma dica de livro bom, adoro isso! Não conheciam e adorei sua resenha... por serem autores italianos, já ganharam créditos! Valeu pela dica, beijos!
ResponderExcluirQuem quiser experimentar um saboroso livro nacional com o mesmo plot - mistério resolvido a 8 mãos - que leia o divertido Pega Pra Kaupput!, de Luis Fernando Verissimo/Moacyr Scliar/Josué Guimarães e Edgar Vasques. Os 4 armam armadilhas sensacionais uns pros outros. Imperdível e disponível aqui: http://www.estantevirtual.com.br/qtit/pega-pra-kapput! De nada, bom proveito.
ResponderExcluirVi a indicação desse livro e vim ler a resenha, com toda certeza entra pra minha lista. Ótima resenha!
ResponderExcluirhttp://brucelivros.com/2013/08/30/agua-na-boca-do-andrea-camilleri-e-do-carlo-lucarelli/
ResponderExcluir"Água na boca", um romance meia boca.