22 de março de 2011

FLAVIA SIMONELLI - ESPECIAL: Autores Parceiros

Boa tarde gente.

O blog conseguiu mais uma parceria com autor. Dessa vez com a FLAVIA CRISTINA SIMONELLI, autora do maravilhoso livro PAIXÃO E LIBERDADE.

Vamos conhecer um pouquinho mais da Flavia.


FLAVIA SIMONELLI



BIOGRAFIA:  (pelas palavras da autora)


Resumir a própria vida em algumas palavras não é fácil, sem cair naquilo que todos dizem, que acaba sendo mais ou menos assim. Nasci em São Paulo, estudei no Colégio Dante Alighieri, cresci no meio de três línguas, italiano, português e francês e depois aprendi inglês. Minha primeira formação acadêmica foi Administração na Fea-USP, e trabalhei  alguns anos na área de marketing. Anos depois, fiz Letras, na FFLCH-USP, dei aulas de português para estrangeiros e para crianças com dificuldades em gramática e redação. Casei-me, tornei-me mãe, adorei! Vivi uma plenitude diferente, uma entrega desinteressada, um amor infinito.

Mas, em certo momento da vida, no meio de tantas tarefas cotidianas, comecei a ter o desejo de saber mais. Mais sobre a existência humana, a origem e o destino de tudo, e dentro dessa busca, mais parecida com uma angústia infundada, minha vida parecia muito pequena. Comecei a ler mitologia, religião, e cheguei a Jung. De Jung, fui além. Deparei-me com as obras de Rudolf Steiner, fiz a formação em Pedagogia Curativa e Terapia Social e durante alguns anos trabalhei com crianças e jovens especiais. Aí, entrei em contato com a doença e com pessoas que não tinham liberdade. Certa de que podia ajudá-las, dar o melhor de mim, percebi depois de algum tempo que eram elas que me ensinavam. Ensinavam-me a não ter preconceitos, a sair da minha visão de mundo tão limitada, a viver o presente, de forma inteira, sem escapes.

Por essa época, tornei-me escritora com a publicação do meu primeiro romance, em 2007. Em 2010, foi publicado Paixão e Liberdade, pela Editora Novo Século, e estou preste a terminar o terceiro livro.

Além da escrita, curso o último ano da Formação Biográfica, e estou me tornando aconselhadora biográfica, um trabalho complexo demais para explicar nessa entrevista!


RESENHA:
PAIXÃO E LIBERDADE


PAIXÃO E LIBERDADE é o segundo livro da autora Flavia Simonelli. Foi lançado em 2010 pelo selo Novos Talentos da Literatura Brasileira da Editora Novo Século.

O livro conta a história de Camila e Isabel, duas amigas que não se viam há vinte anos. Depois de tanto tempo longe, Camila retorna ao Brasil e quer ver Isabel, que no começo estranha, mas depois decide pelo encontro.

Reunidas, as duas amigas começam a conversar e contar, uma a outra, os percalços da vida. Camila, que já fora uma alta executiva, estava casada e feliz com o marido e o filho, porém, um segredo do passado a atormentava e quando essa lembrança vinha à tona, a infelicidade e as dúvidas consumiam a moça. Isabel engravidou cedo, ficou viúva, era mais centrada, não tinha os rompantes e o espírito aventureiro de Camila, mas vivia em busca de uma coisa que lhe faltava: paixão.

Quando li que PAIXÃO E LIBERDADE contaria a história de duas amigas que após vinte anos tinham um reencontro, pensei logo no estilo da Marian Keyes. Estava totalmente enganada. O livro tem uma profundidade tão grande que é capaz de fazer com que sintamos o passado das duas amigas. Mulheres completamente diferentes, com vidas diferentes, planos diferentes, destinos diferentes, mas que no leitor despertam sentimentos comuns. Afinal, quem nunca buscou uma grande paixão como Isabel? Ou quem nunca quis mudar completamente a vida, deixar tudo pra trás em busca de coisas novas como Camila?

PAIXÃO E LIBERDADE é um livro que tem tudo! Fala de amor, paixão, amizade, morte, abandono, assassinato, culpa, melancolia, tristeza, raiva, traição, lembranças; e levanta questões filosóficas que permeiam nossas vidas, questões feitas constantemente por nós e que sob a perspectiva de Isabel, a narradora da história, são respondidas de um modo denso que nos leva a reflexão.

Um fator muito interessante no livro é a falta de um personagem masculino marcante, o que o torna ainda mais verossímil, afinal, essas duas amigas, que não se veem desde a juventude, estão a conversar sobre os últimos vinte anos de suas vidas, não podendo restringir-se a contar sobre uma única paixão por um homem. No entanto, o jeito como Flavia descreve esses personagens na vida das duas mulheres, faz-nos perceber que mesmo sem papel de destaque no livro, eles têm papel marcante na vida das protagonistas.

PAIXÃO E LIBERDADE é aquele tipo de livro que te engana pela sinopse e que acaba por te surpreender e envolver do começo ao fim. Um ótimo livro para ler numa tarde de frio ou chuva e refletir sobre nossa vida e nosso passado. 


ENTREVISTA COM A FLAVIA:


1. Quando e como você resolveu que queria se tornar escritora? Você teve o apoio de alguém em especial?

Como toda criança, inventava muitas histórias brincando, imaginando, mas foi na adolescência que comecei a escrever poemas. Poemas de amor, claro. Sempre tinha uma paixão platônica que me fazia mergulhar numa profunda melancolia. Agora, escritora mesmo, só me tornei em 2007, pois antes disso era muito crítica com o que escrevia, e não conseguia deixar a imaginação fluir...Se eu tive apoio de alguém? Posso dizer que sim. Foi uma pessoa que é uma verdadeira mestra para mim. Docente da Formação de Pedagogia Curativa, ela leu as primeiras páginas do meu livro e disse: Você não pode parar de escrever. Isso eu levei tão a sério que não pretendo parar mais.


2. PAIXÃO E LIBERDADE lembra muito os títulos de Jane Austen, foi dela que surgiu a inspiração para escolha do título do livro?

É engraçado, porque tenho visto nuns blogs esse comentário. Na verdade, quando pensei no título, foi algo tão espontâneo, intuitivo, que não me lembrei da semelhança com os títulos de Jane Austen. Aliás, Orgulho e Preconceito é meu preferido.


3. Dois tipos de mulheres estão presentes no livro. Camila, que apesar de viver com uma culpa imensa, é uma mulher mais independente e com capacidade de se doar a outros e amar não apenas alguém do sexo oposto, enquanto Isabel parece ter passado a vida buscando o amor de um homem, não se sentindo completa se alguém não estivesse em sua vida; tanto que sua eterna sogra lhe diz que quando ela se descobrir, não haverá solidão capaz de fazê-la sofrer.
Você acredita que a mulher do século XXI aprendeu a buscar a felicidade em outros aspectos da vida, como fez Camila, sendo o amor uma consequência natural; ou que muitas mulheres ainda são como Isabel, e se sentem incompletas sem um parceiro?

A história traz duas mulheres com trajetórias diferentes, mas a busca pelo amor existe tanto em Camila quanto em Isabel. Camila tinha uma certa leveza na juventude, e beleza, invejada por Isabel, mas, torna-se alta executiva e passa um limiar ao cair na tentação do poder. O poder a cegou a tal ponto que ela se esqueceu de seus ideias. Ali viveu o prazer, o sentimento de posse, e a sua própria destruição. Mas muda até de país para reencontrar-se com as forças da vida. Aprende a amar, a se doar, a trabalhar pelo nascimento. E ainda assim, o destino lhe coloca desafios. A culpa que ela carrega torna-se um transtorno à medida que põe em risco sua própria vida amorosa, estável, que ela conquistou à custa de uma grande transformação interior. E nenhuma transformação acontece sem dor. Sem a dor de um parto.
Isabel é como você diz. Caminha inquieta em busca do amor. Sofre perdas, decepções nas várias paixões que viveu, até que encontra um lugar de plenitude dentro de si. O lugar em que pode criar. Escrever. Ser aquilo que é.
Em Paixão e Liberdade, a narrativa se dá por um ponto de vista feminino, mas a busca pelo outro, em minha opinião, é uma questão humana, tanto da mulher como do homem. O fato é que até uma determinada fase da vida, a relação acontece num grande nível de dependência emocional. Quem jamais sofreu desesperadamente por um amor não correspondido, ou que de repente, foi-se embora? A sensação de vazio é insuportável, como se existir não tivesse mais nenhum sentido. Com o passar dos anos, e eu diria, chegando à idade em que estão as personagens do livro, existe a possibilidade de transformar a vida afetiva pela consciência de si mesmo. O que significa isso? Significa que a vida deve fazer sentido por si. E a vida tem sentido quando realizamos nossos ideais, colocamos nossas capacidades no mundo, compartilhamos com os outros. A felicidade pode ser encontrada a partir de tudo que podemos criar. No livro, Camila deu sentido para a existência ao trabalhar pela vida, mas só poderia chegar à felicidade e à liberdade interior se superasse a culpa que carregou durante anos. Já Isabel, encontrou-se na criação literária. Assim, quando se conquista uma maior integração interior é que se pode de verdade compartilhar a vida com outra pessoa, juntar ideais, vontades, gostos ou desgostos... Por que aí se é capaz também de reconhecer o eu do outro e viver um relacionamento de troca e não de dependência.
Mas nada disso se conquista de um dia para o outro. E temos sim que passar pelas dores da paixão, pelo vazio, pela necessidade do outro para encontrar o caminho dentro de si. Para finalizar, se a paixão nos acorrenta, o amor nos liberta.  


4. Como foi o processo de criação dos personagens masculinos, uma vez que eles são tão diferentes, mas que nenhum tem grande destaque?

Já nos primeiros esboços, eu tinha a intenção de contar a história por uma perspectiva bem feminina e os personagens masculinos aparecem por esse viés, portanto mais secundários. Mas foi proposital, eu queria que eles surgissem, não objetivamente, mas pelas projeções das personagens.  


5. O livro é contado em primeira pessoa, por Isabel. Em algum momento você pensou em escrevê-lo como Camila?

Não, a idéia foi trazer ambas as histórias pela mente da escritora, que no caso é Isabel É ela quem conta e reflete sobre o passado e tenta chegar a uma compreensão maior.


6. Você se espelhou em si mesma para compor a formação acadêmica da personagem Isabel? Já trabalhou também com tradução? Se sim, pode contar um pouco de sua experiência?

Isabel estudou Administração e não gostava daquele trabalho, assim como eu. Depois, já impulsionada pela vontade de escrever, dedicou-se ao estudo da língua. Posso dizer que esse caminho é conhecido para mim. Eu me formei em francês e português, e cheguei a fazer algumas traduções, mas acabei mesmo dando aulas. Foi um momento de muitas descobertas, eu convivia com estrangeiros e aprendi a valorizar os aspectos positivos do nosso país, apesar de tudo. Percebi, também, que os seres humanos são em essência muito parecidos, vivem dramas, medos, sonhos que não diferem tanto assim.

  
7. O quanto existe das personagens Isabel e Camila em Flavia Cristina Simonelli, ou o quanto existe de Flavia Cristina Simonelli nas personagens Isabel e Camila?

Os sonhos. Os sonhos existem. Sempre existirão. A questão é diferenciar sonho de ilusão, o que talvez leva uma vida inteira...


8. Conte pra gente um pouquinho do seu romance de estréia: A PORTA. E também dos seus planos futuros na área literária.

A Porta começa na época de Natal, e a personagem se inquieta com a agitação das pessoas, nas ruas, nas lojas, e se pergunta qual é o sentido dessa festa. O romance se passa em um ano, e ela percorre as festas subseqüentes, fazendo-se perguntas que são compartilhadas com Gabriel, um músico e ex-executivo que a intriga e que a leva a ampliar o sentido da existência.
Estou no final do terceiro romance, e espero que seja publicado ainda este ano. Estou otimista! É uma história bem diferente dos livros anteriores, pois é escrito em terceira pessoa e pela primeira vez o personagem principal é masculino, sendo a história contada sob esse ponto de vista. Confesso que foi um desafio.


9. Para você, qual a importância da literatura e do hábito de ler?

Ler é conhecer e reconhecer. Conhecer o que está além de si, reconhecer o que dentro de si. Por isso, ler é expandir as fronteiras de dentro e de fora.

RAPIDINHAS:

a) Um livro:  O fio da navalha – Impressionou-me aos 20 anos. Jamais esqueci.
b) Um autor:  Machado de Assis, que só compreendi a grandeza chegando aos 30...
c) Uma música:  Gymnopédie – Erik Satie. Toca na alma.
d) Uma banda: Tantas...Mas, falando rápido e sem pensar, U2
e) Um filme: Sob o sol da Toscana – fabuloso. Cheio de símbolos.
f) Um ator:  Gerard Dépardieu. Presença forte.
g) Uma atriz: Isabella Rosselini. Inspirou o nome da minha filha.
h) Uma frase: O amor não prospera em corações que se amedrontam com as sombras – William Shakespeare


CONTATOS DA FLAVIA:












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3 comentários:

  1. Nossa, eu adorei esse livro! Muito lindo!

    Parabéns à parceria.

    Beijinhos, Babi

    www.a-viajante-dos-livros.blogspot.com

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  2. Aiii amei esse livro, primeiramente pelo titulo..acho que simplifica bem o livro pelo que vi na resenha...
    Segundo pq acho que historias de força e amizades tocantes e muiito singulares.
    To louca pra ler ele , mas ainda nao tive a oportunidade , quando ler volto e relato a experiencia.

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  3. Nossa esse post ficou sensacional, adorei conhecer um pouco mais da escritora, que está alcançando centenas de pessoas com seus livros, espero poder ler algo dela em breve. Fiquei curiosa sobre A porta e o livro que será lançado....vou aguardar pra conferir resenhas por ai...beijoaks elis!!!!!!

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