Boa tarde,
pessoal.
Hoje vou falar de
uma leitura incrível que fiz no finalzinho de agosto: O CULPADO, livro de estreia da LISA
BALLANTYNE, lançado pela RECORD.
Fiquei bastante
interessada pelo livro após ler a maravilhosa sinopse dele. Mas, após a
leitura, posso dizer que O CULPADO
me dividiu. O livro é excelente! Dei nota 4 no skoob e só não dei 5 porque
algumas coisinhas me incomodaram.
Primeiro quero
falar de tudo que gostei.
Comecei a leitura
pensando que seria um livro policial, mas logo percebi que era um drama com
suspense, fato que me fez adorar o livro e não ficar imaginando mil
possibilidades para ele. Li sabendo que em muitos momentos a tristeza e a
angústia me dominariam, e que meus simplórios “dotes” de detetive poderiam ser deixados de lado.
Adoro histórias
que se passam em tribunais e que nos permite dissecar a vida dos personagens
envolvidos, mas a narrativa de LISA
permitiu mais que isso. A autora foi alternando os capítulos, ora falando da
vida de Daniel enquanto advogado do acusado Sebastian, ora expondo o passado de
Daniel para o leitor. A abordagem feita sobre o passado do personagem foi
perfeita e tocante. Através de suas lembranças, pudemos acompanhar como uma
criança tão problemática conseguiu subir na vida, mas como as tragédias que
viveu o assombraram até o presente. Em relação ao passado do advogado, é
mantido o mistério dos motivos que o levaram a romper relações com Minnie, a
mulher que o adotou e o amou. Chega até ser mágica a forma como LISA narra a vida de Daniel e Minnie na
fazenda, e sempre vai nos dando um aperto no peito de saber que essa relação
tão bela uma hora irá acabar. Esse foi o primeiro acontecimento do livro que me
dividiu. Quando explicada as razões, entendi o lado de Minnie e a mágoa de
Daniel, e simplesmente não consegui tomar partido, justamente por ter
compreendido os sentimentos de ambos.
A vida atual de
Daniel também é narrada de forma magistral. É emocionante acompanhar Daniel na
defesa de Sebastian. A forma como ele se doa ao caso, como se doa ao garoto,
como quer o bem dele, como se imagina no lugar dele... Tudo isso nos comove e
nos faz prosseguir com a leitura de forma desesperada.
Quanto a
Sebastian, é bastante triste ver um garoto de 11 anos acusado de matar um
amiguinho de 8. Mas que o garoto é estranho, isso ele é. Contudo, existem
razões para sua personalidade tão peculiar. Explicações essas que se relacionam
com os pais do menino, e nos chocam e nos fazem sofrer.
Todos os
personagens do livro são extremamente bem explorados, em qualquer aspecto que
tomemos como base para analisá-los. Mesmo aqueles que aparecem pouco, as
palavras que os definem são suficientes para que os caracterizemos em nossas
mentes.
Agora vou falar do
outro aspecto que me dividiu e que fez com que não desse nota 5 ao livro.
Senti que com O CULPADO a autora quis “cutucar” o
sistema penitenciário para crianças e jovens da Inglaterra. Apesar de ter
adorado Daniel, ele é a figura que ela usa para por para fora suas opiniões
sobre os assuntos citados. A situação é que na Inglaterra, crianças acima de 10
anos, ficam nas penitenciárias enquanto aguardam julgamento por homicídio, pois
tal acusação não permite fiança. E Daniel vai falando do absurdo que considera
o fato de Sebastian estar em um local desses, que as medidas adotadas deveriam
ser educativas, etc. No meio dessa narrativa, o advogado também vai lembrando
de seu caso anterior, quando um garoto de 17 anos assassinou uma pessoa e
depois tentou se matar na cadeia por não aguentar estar em um lugar daquele.
E foi nisso que o
livro me dividiu demais. A todo momento Daniel falava do ex-cliente com
tristeza, dizendo que o garoto não deveria estar preso, que não tinha
maturidade nem pra compreender o que de fato havia feito nem para viver na
cadeia. Ok, como assim? Um cara de 17 anos não tem noção que matar é errado? Não sabe que não deve fazer isso? Então é
fácil: ele mata, e por ser considerado imaturo, recebe uma medida educacional. E aí pergunto: onde fica a justiça para a família da vítima? No caso desse
jovem, ele matou um rapaz de uma gangue, o que não justifica o ato, mas também
poderia ter matado qualquer inocente. Acho absurdo dizer que aos 17 anos a
pessoa não tem absoluta compreensão de seus atos.
O mesmo pesar
Daniel fica tento durante o julgamento de Sebastian. Assim como o leitor, ele
fica perdido se acredita ou não na inocência de Sebastin, mas isso não o impede
de formular opiniões contra o sistema prisional. E então temos duas vertentes:
Se Sebastian for inocente, sim, é bastante triste que ele tenha que passar pelo
que está passando. Triste, mas não acho errado; mas se for culpado, não sinto a mínima dó e não acredito que
ele deveria receber medida educativa em vez da cadeia, pois o menino
assassinado, de apenas 8 anos, teve a face esmagada com um tijolo! A crueldade por trás do ato
independe da idade do assassino.
E esse foi o ponto
pelo qual não dei nota 5 ao livro. Uma simples divergência de idéias e
opiniões. Respeito o fato de LISA
ter abordado o assunto no livro e usá-lo para expressar seus ideais, mas,
acredito que para nós, brasileiros, fica mais difícil entender esse lado “belo
e educativo” que as crianças criminosas deveriam ter, afinal, convivemos
diariamente com crimes praticados por menores, e pior, muitos cometidos
justamente pelo fato de serem menores e saberem que “não vai dar nada”.
Sou a favor de
baixar a maioridade penal, sim! Claro que existe uma diferença muito grande em
condenar uma criança de 10 anos que roubou para poder comer, e uma criança de
10 anos que assassinou alguém. A verdade é que acredito que qualquer pessoa,
independente da idade, deva ser julgada como adulta em caso de assassinato.
Obviamente, a
critica da autora deve valer na Europa, pois eles têm uma realidade
completamente diferente da nossa. Mas, como leitora brasileira, sinto-me no
direito de adaptar os fatos do livro a nossa realidade social, e pelo que
vivenciamos diariamente, não me oponho ao sistema penitenciário apresentado no
livro.
Quanto ao final,
não posso dizer que fiquei surpresa, era algo até esperado diante de tantos
fatos apresentados. Mas com certeza O
CULPADO merece ser lido. Daniel e Sebastian são personagens incríveis e que
nos fascinam com suas personalidades e atitudes. Confiram ;)
FICHA DO LIVRO
LISA BALLANTYNE
Editora: RECORD
Ano: 2013
Nº págs: 350
Gênero: Drama
Me parece bem interessante, mesmo o drama/suspense não sendo meu gênero mais lido. Se bem que isso pode ser até um fator a mais para que eu leia, hahaha.
ResponderExcluirIsabela
Parece um livro bem interessante, emocionante mesmo. Mas concordo com seu ponto de vista, crimes hediondos devem ser punidos independente da idade do autor. Não sou a favor da redução da maior idade penal, mas da extinção dela.
ResponderExcluirAbraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Adoro livros deste gênero, os sentidos ficam em alerta.
ResponderExcluirBjs, Rose.