Boa tarde queridos.
Vamos terminar essa semana com resenha?
A resenha de hoje não é de um lançamento, mas sim de um livro que foi lançado no ano passado pelo selo Suma de Letras (Ed. Objetiva): ESCURIDÃO da Elena P. Melodia. Em agosto o segundo volume dessa trilogia (SOMBRA) chega às livrarias, por isso, hoje vamos relembrar ESCURIDÃO.
Alma é uma adolescente de 17 anos nada convencional. Fria e distante, parece nunca se importar com os que estão ao seu redor. Mas talvez tenha sido a vida que se encarregou de endurecer o coração da jovem, afinal, seu pai sumiu quando ela era criança, seu padrasto se matou e suas duas melhores amigas morreram em um acidente de carro. Acidente esse que Alma estava junto, mas que ficou apenas com uma pequena cicatriz na orelha e terríveis dores de cabeça.
Um dia, ao andar pelas calçadas e olhar as vitrines, ela vê um caderno roxo em uma loja. Aliás, tudo naquela vitrine era roxo, a cor preferida de Alma. Atraída pela cor, ela compra o caderno sem um destino certo para ele. Por alguns dias o caderno fica em seu quarto, ela ainda não sabe o que vai escrever nele. Numa manhã, ao acordar para ir à escola, Alma vê que o caderno não está onde o tinha deixado. Em suas folhas, um conto. Um conto de morte. Um conto que ela não se lembra de ter escrito. Apesar de achar estranho Alma não se abala. Nada é capaz de tirá-la de foco, até que ao ir para escola vê o jornal do dia. Alguém morreu de forma idêntica ao conto escrito (ou não) por ela...
ESCURIDÃO foi o livro mais difícil que resenhei até agora. Qualquer revelação, mínima que for, pode se tornar um spoiler enorme, pois o livro termina sem um final certo. Seu último parágrafo é a espera da continuação. E aí fica o medo de revelar algo que não deveria.
Além disso, o livro me surpreendeu imensamente. ADOREI o livro, mas ODIEI Alma, a personagem principal. Ela é arrogante, prepotente e egocêntrica. Conforme a narrativa vai se aprofundando, Alma amadurece e se humaniza, deixando transparecer suas fraquezas e mostrando que toda sua pose não passava de uma máscara de camuflagem, mas já era tarde, eu já havia antipatizado com ela e não encontrei chance de uma reconciliação entre nós (quem sabe no próximo volume). No entanto, isso foi uma das coisas que mais gostei no livro. Geralmente, amamos a (o) protagonista, nos vemos neles, sentimos o mundo através de seus olhos e por isso passamos a gostar do livro. Elena Melodia conseguiu fazer o inverso. Escreveu um ótimo livro, impossível de não gostar e não ficar curioso pela continuação, mas com uma protagonista que desagrada. Achei isso genial e completamente inusitado.
Quanto aos demais personagens do livro, que são muitos e cada um com sua história de vida e drama pessoal, todos me agradaram. As quatro amigas de Alma formam um grupo seleto, porém bastante oposto. Agatha é a amiga mais misteriosa e mais cheia de segredos, a responsável por aguçar grande parte de nossa curiosidade. Morgan é um garoto que aparece apenas quando julga necessário proteger Alma. É misterioso, literalmente frio, e o livro acaba sem que tenhamos certeza de quem ou o que ele é.
A linguagem do livro também é diferente do que estamos acostumados. A narrativa soa de forma poética e doce aos nossos ouvidos. Soma-se a isso extensos diálogos que tornam a leitura rápida e dinâmica, mas também misteriosa e sombria. As descrições nunca são tão detalhadas, deixando por conta da fala das personagens as (poucas) revelações.
Após a leitura de ESCURIDÃO fica aquela imensa vontade de ler SOMBRA, pois as lacunas abertas que o livro deixa são enormes, e ficamos na esperança de boa parte dos mistérios se resolverem no segundo volume. Mas isso só vamos saber em agosto. Até lá, a “pulguinha” da curiosidade vai ficar nos corroendo.
FICHA DO LIVRO
ESCURIDÃO
Nº págs: 327
Gênero: Sobrenatural
Cortesia da editora para resenha.
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