RESENHA: O CEMITÉRIO - Stephen King (Ed. Objetiva)

Boa madrugada galera.

Como já passa da meia noite, então já é dia 13. E como prometido, todo dia 13 teremos resenha do Stephen King

Após resenhar A ZONA MORTA, um livro maravilhoso do King, mas sem o toque do terror, resolvi que era hora de apresentar um livro que faz justiça ao fato dele ser chamado MESTRE DO HORROR. Um livro que  realmente dá medo :S (pelo menos eu quase surtei de medo, mas conto mais adiante).

Hoje trago pra vocês o maravilhoso O CEMITÉRIO livro de 1983, editado no Brasil pela Ed. Objetiva e lançado faz pouco tempo em edição de bolso pelo selo Ponto de Leitura.

O CEMITÉRIO conta a história de Louis Creed, um jovem médico que se muda com sua esposa Rachel e os dois filhos, Eileen, de 5 anos e Gage, com pouco mais de um,  da agitada Chicago para uma cidadezinha no Maine. 

Os Creed têm como vizinho Jud Crandall, um senhor que diverte Louis contando histórias fantasmagóricas sobre os dois cemitérios próximos a sua nova residência. 

O primeiro trata-se de um cemitério de animais, lugar onde as diversas gerações de crianças que ali passaram enterraram seus animais e gravaram, com suas letras infantis, o nome de seus companheiros nas lápides. Porém, esse cemitério leva a um segundo lugar...

Um outro cemitério. Um cemitério que não conta com a pureza das crianças e de seus animais, um cemitério que não acalenta seus mortos, um cemitério onde ninguém dorme em paz. Esse cemitério é dominado por forças ancestrais que prometem tornar o impossível real. Mas para Louis, isso é apenas mais uma história do velho Crandall.

Um dia a família Creed viaja e Louis fica sozinho com o gatinho de Eileen que sofre um “pequeno” acidente. Sem saber o que fazer e como contar para a filha, Louis resolve descobrir se o que falam do “tal” cemitério é verdade, e recorre ao poder dos bosques para ajudar o gatinho de Eileen.

Quando a família volta de viagem, é o filhinho de Louis quem sofre um acidente, e mais uma vez, o pai recorre ao cemitério. Mas Louis não sabe o que aquele cemitério esconde, não sabe o que ele é capaz de fazer, não sabe em que ele é capaz de transformar os que lá pisam.

Eu gostaria de poder contar um pouquinho mais pra vocês sobre o livro, mas tenho medo que qualquer outra parte que eu conte estrague as diversas surpresas que o livro traz.

Só posso dizer que vocês devem se preparar para passar momentos de mais puro terror e agonia. Sem dúvida O CEMITÉRIO é um dos livros mais terríveis do King, aquele que mostra a loucura de forma mais irracional. É preciso desenvolver tolerância para aguentar o terror absoluto que se revela na obra, pois a narrativa lenta nos leva ao medo psicológico. Um livro que torna o ato de apagar a luz um tanto quanto difícil.

Minha experiência com O CEMITÉRIO (contém spoilers):

Quando peguei O CEMITÉRIO para ler (infelizmente) já sabia do que se tratava e o que ia acontecer. Mesmo assim a leitura foi prazerosa e assustadora.

Para não estragar a graça de quem ainda não leu, omiti algumas passagens ali em cima. Porém, aqui vou contar minha experiência com o livro. (Preciso compartilhar isso com vocês).

Eu já havia lido alguns outros livros do King e como já contei pra vocês em outro post do autor, nenhum me assustava muito, e eu queria um que assustasse, afinal, todo mundo falava que o KING era O CARA do TERROR. Então me indicaram O CEMITÉRIO, não apenas indicaram, mas me contaram praticamente o livro inteiro, inclusive a parte que o gato ressuscita. Enfim, fui ler já sabendo o que ia acontecer e tendo a certeza que mais uma vez não ia sentir medo. Que engano L

O começo já me apavorou.

E então, cheguei à famosa parte que o gato ressuscita e fui dormir. Claro que eu pensava: é só um livro, é só um livro, é só um livro. Bem, ERA mesmo só um livro, mas livros mexem com a gente, e quando uma criatura, que vive em nossa própria casa também resolve mexer, é difícil não se assustar.

O fato é que tenho uma gata. Uma gata que ama meu pai mais que tudo e dorme no criado-mudo ao lado dele e NUNCA entrou no meu quarto de noite. Mas acho que ela (pre)sentiu meu medo e justamente nesse dia a “ilustríssima” resolveu me fazer uma visita de madrugada. Mas não uma visita comum. Não feliz em entrar no quarto, e me acordar com seus passos, ela resolveu arranhar a minha cama. Pronto, foi o fim da noite de todo mundo. Eu gritava igual uma louca, tinha certeza que não era minha gata boazinha que estava lá, e sim um gato morto-vivo que queria me assombrar.  Conclusão: Fui dormir na cama com meu pai. Na época eu tinha 23 anos. Imaginem a vergonha, dormir com o pai com medo de um livro! Pior, enquanto não cheguei ao final dormi todos os dias com ele. Não conseguia pensar em ficar sozinha no quarto, muito menos com a luz apagada. Demorei uma eternidade para acabar o livro porque tinha medo de ler. Eu sonhava coisa, eu via coisa, eu ouvia coisa. Eu nunca tinha sentido TANTO medo na vida.

Não bastando o surto da primeira noite, minha mãe resolveu contar para todos os conhecidos o “pequeno” escândalo que eu tinha feito (como se tivesse sido algo engraçado).

Enfim, depois de ler O CEMITÉRIO, o sr. King nunca mais conseguiu me assustar. Pelo menos não tanto, rs. Já tive medo com outros livros dele, já chorei de tristeza, de agonia, já acordei assustada (mas não gritei), já tive mil reações, mas nenhuma como a que O CEMITÉRIO me causou. Uma coisa eu sei... Pelos próximos vinte anos não vou ler de novo, a experiência de uma vez já valeu!

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