Disse que só voltava na quarta mas não aguentei. Voltei antes para fazer uma postagem sobre o novo autor parceiro do blog:
JORGE SILVA
BIOGRAFIA:
BIOGRAFIA:
Jorge Silva é um sagitariano de 1975, filho único nascido e criado no Rio de Janeiro. Sua vida de escritor é um pouco tumultuada, uma vez que ser escritor no Brasil não é fácil.
“Costumo dizer que vivo muitas vidas, por isso, nem sempre sou o Jorge Silva, algo estranho para quem desconhece o lado mediúnico de um autor. Escrever é viver outras vidas. A vida profissional atrapalha e muito quando estou envolvido na produção de um livro, de um roteiro pra TV, etc. Sou um amante das palavras. Seria muito chato escrever apenas livros.”
Jorge escreveu MENINO YAGO (ainda não publicado) e SANTUÁRIOS DO VAMPIRO (será publicado em breve).
RESENHA:
MENINO YAGO
O livro conta a história de Yago, um garotinho entre seus 6 e 10 anos que vivia com os pais numa casa velha e pobre ao lado de um cemitério.
Um dia a família muda-se para uma casa um pouco melhor em uma vila, pensando que seria bom para Yago, uma vez que lá teriam vizinhos e crianças para ele brincar. Ocorre, porém, que os gastos com a nova casa se tornam maiores que o previsto e os pais de Yago tomam a decisão de colocá-lo para trabalhar.
O menino, então com seis anos, vai trabalhar no mercado, o que gera a revolta de toda a vizinhança, que diz para os pais de Yago que lugar de criança é na escola. D. Silvia, uma das vizinhas que mais se revolta com a situação, fala para os pais do menino que vai denunciá-los. Com medo, eles aceitam que o menino saia do emprego e vá à escola.
Não passa muito tempo e as coisas ficam difíceis para família e eles precisam que Yago trabalhe. Com medo dos vizinhos, colocam a criança para trabalhar de cobrador em uma van após o período de aula. Yago começa a sair-se mal na escola, o que causa a desconfiança de D. Silvia de que algo está errado. Mas o que será desta vez? Será que os pais continuam colocando o menino para trabalhar?
É o que D. Silvia vai tentar descobrir.
Menino Yago é muito mais que uma história infantil, é o retrato de uma realidade existente em nosso mundo. A exploração do menor é real. Aqueles que são coniventes com tal situação também. Jorge Silva explora com maestria tanto o lado do menor explorado, mostrando seus sentimentos, suas vontades de criança; como também o lado do explorador, aqui no caso os pais.
Os pais de Yago não tiveram estudo e não acreditam que ele seja importante. Para eles, o trabalho enobrece o homem, e Yago precisa trabalhar para aprender a ter responsabilidades.
O mais revoltante nos pais de Yago é a insistência que eles têm em permanecer na nova vila porque ali existe crianças para o filho brincar. Porém, eles trancam o menino em casa para que não haja convivência com a vizinhança, uma vez que temem serem descobertos e denunciados, pois sabem que agem de forma criminosa.
Um livro que nos faz refletir não apenas sobre o tema da exploração do menor, mas também sobre a educação. Muitos pais, assim como os pais de Yago, não tiveram a oportunidade de estudar, mas incentivam seus filhos a fazerem, pois sabem o quanto o estudo é importante. Mas, quando os pais não enxergam isso, estaria já o jovem fadado ao fracasso escolar e condenado ao trabalho servil?
Espero que MENINO YAGO possa ser republicado, pois sem dúvida, é uma obra que merece chegar ao alcance de todos.
ENTREVISTA COM JORGE:
1. Quando e como você resolveu que queria se tornar escritor? Você teve o apoio de alguém em especial?
Quando eu tinha uns 10 anos, achei que um dia podia contar a história de alguns vizinhos, que eram muito interessantes enquanto personagens de uma novela da vida real. Um pensamento que não se consolidou na adolescência, mas sim na idade adulta. Eu odiava ler livros. Tinha horror de redação. Sentia calafrios só de pensar em escrever uma redação. Aos 18 anos descobri que escrever era muito fácil. O meu ódio à escrita de livros tinha a ver com péssimos professores. Se o professor não sabe transmitir o amor pela leitura, infelizmente fica difícil a criança gostar de leitura. Eu gostava de livros ilustrados, mas odiava ler. Aos 18 anos fui obrigado a recorrer aos livros por causa da minha entrada no mundo do funk. Isso mesmo. Fui funkeiro dos 18 aos 20 anos, numa época de barra pesada no Rio de Janeiro pra quem curtia bailes funk, pois havia muitas galeras que disputavam territórios e até ocorriam assassinatos. Tive conhecidos mortos em brigas de baile funk. Moral da história, o funk me abriu as portas para a literatura. Eu queria compor funk e percebi que fazia mais poesia que funk. Então, por que gastaria tempo com funk se o meu talento era pra poesia? Até fiz alguns funks que não emplacaram. Mas valeu a experiência. Os livros, na época do funk, serviram como referência bibliográfica. Eu precisava aumentar meu repertório de palavras, entender mais a língua portuguesa e construir textos atraentes. No entanto, eu estava no caminho errado. Na verdade, foi um professor de violão que me mostrou o caminho da literatura. Quando saí do funk, fui estudar violão clássico. Queria aprender a tocar violão e compor músicas do porte de um Chico Buarque. Aquele professor de violão me incentivou a escrever não apenas poemas, mas sim contos, romance, roteiros, músicas, etc. O meu lado Chico Buarque estava adormecido. Eu gostava de MPB, embora o funk tenha sido um caminho mais atraente do ponto de vista de diversão. Cresci ouvindo MPB no rádio. O funk foi um momento de diversão interessante. A partir do professor de violão comecei a consumir livros de sebos, espaços que eu desconhecia até então. Descobri um mundo nos sebos. Descobri livros ótimos que jamais teria acesso se não fosse a minha pesquisa de autor em início de carreira. Na escola, infelizmente, a gente aprende a ler o que é interessante pra grade curricular. A gente não aprende a ler Best Seller na escola. É óbvio que Machado de Assis tem que fazer parte do currículo escolar, no entanto, um autor clássico é complexo demais para um leitor jovem. Nem todo leitor é um gênio pra desvendar os mistérios de uma Madame Bovary, de um Grande Sertão Veredas. Acho que um autor clássico deve ser trabalhado com a interatividade nas salas de aula, não como leitura obrigatória e base para provas. Acumulei mais de 300 livros em casa, um pequeno tesouro. O violão clássico ficou pra trás. Eu não tinha talento suficiente pra ser violonista. A literatura ocupou a minha vida, como o jornalismo que veio pra facilitar a composição de narrativas.
2. Menino Yago pertence à literatura infantil. Por que você optou por esse gênero? Algum autor te inspirou?
Eu queria atingir o público infanto-juvenil com uma história de impacto. A literatura infanto-juvenil é muito atraente pra levantar discussões em sala de aula. Não tive nenhuma referência de autores. Os autores de literatura infanto-juvenil, pelo menos os que li, narram mais contos de fada que realidade. Aliás, há um autor em particular que trata do mesmo tema. Charles Dickens escreveu Oliver Twist, uma obra genial e infanto-juvenil. Li Oliver Twist depois da escrita de Menino Yago. Charles Dickens pode ser considerado um clássico para se entender a dinâmica da exploração de crianças. Há o filme Oliver Twist, um clássico fiel ao livro de Dickens.
3. Como surgiu a ideia para o livro Menino Yago? Você já sabia que queria escrever sobre o tema da exploração infantil?
O Menino Yago existe. É um personagem das ruas. Em qualquer parte do Brasil, mundo afora, há um Menino Yago. A ideia vem dessa realidade. Não curto escrever contos de fada. A realidade é muito mais atraente.
4. Você se baseou na história de alguém particular para escrever o livro ou baseou-se em todas as crianças que sofrem esse tipo de exploração?
Posso dizer que Yago é um antigo vizinho, que os pais não cuidavam direito e a vizinhança (classe média) possibilitava uma vida menos deficiente do ponto de vista da exclusão social. Mas a história é baseada nas minhas experiências de voluntário em ONGs (Organizações não governamentais). O Yago, meu antigo vizinho, serviu como plataforma inicial da história. Nas ONGs, tive acesso ao PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil). Ou seja, o Menino Yago está nos lixões, nas ruas, nas comunidades pobres, em países oprimidos por ditaduras.
5. Quando, como, e por que você resolveu trabalhar esse tema?
Como eu respondi antes, nas ONGs. Tenho um outro livro, inédito, que fala de outro menino excluído. Esse novo livro não tem data prevista pra ser lançado.
6. Qual trabalho social você acha que devia ser feito, para que famílias, como a de Yago, percebessem que para uma criança o estudo deve vir em primeiro lugar?
Qualificação profissional dos pais. Sem qualificação profissional e uma política de salário decente, a estrutura familiar acaba sendo deturpada.
7. Sei que tem um novo livro prestes a ser publicado. Conte um pouquinho pra gente sobre ele. Dê onde tirou inspiração, por que resolveu escrever sobre o tema, qual a previsão de publicação, etc.
O novo livro é voltado àqueles amantes de histórias de suspense. Mas o mundo real está muito presente, embora vampiros façam parte dessa narrativa. Estruturei uma narrativa que discutisse por que as forças do mal nem sempre são perceptíveis. Na história, nem todos os personagens acreditam em vampiros. Na vida real, o mal é traduzido em crimes. O mal está presente no nosso dia-a-dia, mas preferimos acreditar que somos invencíveis enquanto passamos despercebidos de ataques de bandidos. Alguns de nós, quando atingidos por algum mal maior que as nossas forças, passam a acreditar mais na existência de Deus. Em Santuários do Vampiro, o renascimento, título do primeiro volume de uma série, os vampiros querem dominar o Rio de Janeiro, mas o Vaticano já sabe dessa articulação. A guerra entre vampiros e padres é iminente, embora haja um caçador de vampiros atuando no Rio de Janeiro. O Vaticano contrata uma caçadora de vampiros pra que ela descubra a origem do mal no Rio de Janeiro. A jornalista Alice Costa (corrupta) acredita em vampiros e se aproveita disso pra ficar mais famosa. A jornalista Lisa Carvalho (a certinha) não acredita em vampiros, embora as evidências apontem monstros atuando no Rio de Janeiro. Não apenas vampiros atacam no Rio de Janeiro, um psicopata mata mulheres de 30 anos, um criminoso que tem um histórico sombrio na igreja, um criminoso que até os vampiros sentem medo, um criminoso que Lisa Carvalho busca identificar. Portanto, Santuários do Vampiro é uma narrativa que também provoca discussões sobre o papel do jornalismo, minha profissão. Santuários do Vampiro está em pré-produção, capa sendo produzida e revisão gramatical, com lançamento previsto pra daqui a 3 meses.
No twitter.com/santuariosvamp os leitores podem ter acesso a algumas cenas do livro.
8. Pra você, qual a importância da literatura e do habito de ler?
Literatura é uma arte que deveria ser mais valorizada. Infelizmente, a literatura passa despercebida da maior parte dos brasileiros. Eu sou um exemplo de que a literatura tem um papel social. Se não fosse a literatura, o jornalismo teria passado muito longe do meu dia-a-dia. Na faculdade de comunicação, a minha experiência de leitor foi um diferencial. Meu pai só sabe assinar o próprio nome. Minha mãe não passou do antigo primário (1a à 4a série). Eu tinha tudo pra dar errado como autor, como jornalista. Não havia inspiração em casa pra ser escritor, quanto mais jornalista. Então, leitura é fundamental.
RAPIDINHAS:
b) Um autor: Franz Kafka.
c) Uma música: O Tempo Não Para.
d) Uma banda: Queen.
e) Um filme: Hurricane, o Furacão.
f) Um ator: Russell Crowe.
g) Uma atriz: Sandra Bullock.
h) Uma frase: A única morte que preocupo em caçar é a fausta palavra.
CONTATOS DO JORGE:
Não conhecia esse autor e nem o livro ainda! Achei mto interessante a temática do livro! Se encaixa perfeitamente na nossa realidade e, com certeza, merece reflexão! Parabéns pela entrevista e ao Jorge, que pareceu super acessível!
ResponderExcluirOBS: Tem selinho pra ti lá no blog!!!
Beijos
Ale
http://introducingyouabook.blogspot.com/
Tinha escutado falar sobre o livro mas não sabia do que se tratava.
ResponderExcluirA parte que mais gosto das entrevistas é a "rapidinhas"
Acho a Sandra Bullock mais ou menos. Tem filme que ela vai bem, e outros que pelo amor de Deus... huahau
Thiago
http://outroconceito.blogspot.com