13 de abril de 2016

RESENHA: TRUMBO - Bruce Cook (Ed. Intrínseca)



Boa tarde, pessoal!

Hoje é dia de resenha de NÃO-FICÇÃO, e vamos falar de biografia, a de TRUMBO, claro, escrita pelo BRUCE COOK e lançada pela editora INTRÍNSECA.

TrumboTRUMBO
BRUCE COOK
Editora: INTRÍNSECA              
Ano: 2016
Nº págs: 368
Gênero: Não-Ficção, Biografia

SINOPSE: Em 1947, o jornal The Hollywood Reporter divulgou uma série de nomes de vários profissionais do cinema americano supostamente envolvidos com o comunismo. Todos os olhares do Congresso dos Estados Unidos se voltaram para a possibilidade de comunistas e simpatizantes estarem sutilmente instilando sua propaganda nos filmes de Hollywood. Dez pessoas foram intimadas a depor no Comitê de Atividades Antiamericanas – um grupo depois conhecido como os “Dez de Hollywood” –, e o roteirista Dalton Trumbo era seu principal nome. Radical à própria maneira, franco e irônico, membro do Partido Comunista, Trumbo recusou-se a entregar qualquer informação. Foi julgado, declarado culpado por desacato ao Congresso e preso, em 1950. Começara a caça às bruxas da era McCarthy, e depois de cumprir pena Trumbo estava na lista negra de centenas de profissionais banidos de trabalhar para os grandes estúdios. Atuando por trás das câmeras, por quase uma década viveu de produzir roteiros clandestinamente, a preços medíocres, até que dois Oscars depois, e com o esvaziamento do macarthismo, Trumbo se tornou o primeiro integrante da lista a ser novamente creditado em uma produção, abrindo caminho para o fim definitivo da caça às bruxas em Hollywood. Trumbo é uma biografia franca de uma figura exuberante, que esteve no epicentro de um dos períodos mais tumultuados da história americana recente. Apesar da notoriedade como escritor e do apogeu como o mais bem pago roteirista de sua época, criador de épicos como A princesa e o plebeu, Exodus, Spartacus e Papillon, nenhuma das criações de Dalton Trumbo é capaz de rivalizar com sua própria história.

Eu não fazia ideia de quem era TRUMBO, isso até ver metade do mundo falando sobre o filme homônimo. Após ver o “auê” com o filme e mais elogios ainda no Oscar, resolvi que tinha que ler e assistir sobre a vida desse homem, que parecia ser deveras interessante. Parecia não, Trumbo realmente foi um homem interessante.

Li o livro e assisti ao filme, e na minha opinião, ambas as mídias se completam e se ajudam. Obviamente, o livro pode ser considerado uma referência única ao roteirista, pois muito do que foi explorado nele sequer apareceu no filme, como a doença que o acomete logo nas primeiras páginas da biografia. Mas não acho que o filme funcione sem o livro, exatamente por essas partes não exploradas.

Como biógrafo, COOK deu importância a tudo que envolveu a vida de Trumbo: a doença, sua ascensão e queda, sua prisão, a vida familiar, os amigos, os estúdios, os atores, Hollywood, e claro, o momento político. Achei perfeita a forma como COOK organizou os pontos dessa obra, colocando Trumbo como o roteirista incrível que foi, mas ramificando sua vida em diversos pontos, para deixar bem claro quem esse homem foi também como marido, pai, companheiro e lutador por seus ideais. Apesar de o momento político ser de bastante importância e ter bastante peso, senti que foi mesmo Dalton Trumbo quem brilhou nas páginas de TRUMBO, enquanto que no filme senti que em alguns momentos ele foi apagado pelo momento político, por seus inimigos e pelos ideais que se contrapunham ao seu.

O acesso as duas mídias permite vermos claramente que cada uma deu um peso maior em determinado ponto da história de vida de Trumbo, e por isso digo que são mídias que se completam, que nos permitem termos visões mais profundas sob duas perspectivas diferentes, mas ambas são intensas, importantes e até mesmo impecáveis ao retratar essa grande personalidade.

Se o livro me instigou a uma leitura ávida por conhecer mais e mais sobre o aclamado roteirista, do qual em minha tremenda ignorância eu nunca havia ouvido falar, o filme me permitiu alguns momentos mais leves, por enfim já conhecer esse importante homem, e fez com que eles fossem vistos como divinos e me levassem às lágrimas. Por exemplo, no livro, quando ele foi o vencedor do Oscar por seu roteiro, não tive uma reação tão entusiástica, afinal, meio que estava com “sangue no zóio” por ter acompanhado a traição sofrida por Trumbo e meio que só conseguia pensar em vingança. Já no filme, sabendo diante mão como alguns dos fatos se desenrolariam, permiti assistir com mais leveza, e ao ser anunciado vencedor do Oscar fui às lágrimas. E quando foi anunciado pela segunda vez... Ah, aí além de lágrimas eu soltei um “CHUPA!” Porque, claro, foi um momento muito emocionante, ver que um homem tão perseguido e que perdeu a oportunidade de usar seu próprio nome, passou uma rasteira em todo mundo e foi muito mais esperto que aqueles que tentaram prejudicar sua vida profissional.

Já a visão política de Trumbo será algo ao qual vou me abster de comentar nessa resenha, afinal, estou aqui para admirar o incrível roteirista que esse homem foi e a primorosa história de vida que teve, não para levantar polêmicas em relação às suas opiniões políticas ou as minhas.


Biografia excelente, muito bem escrita, com fatos e situações muito bem expostos e descritos. COOK mostrou-se um biógrafo de mão cheia, e a INTRÍNSECA mais uma vez acertou no lançamento. Recomendo a todos! 


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7 comentários:

  1. Vi aquele bafafá do filme quando lançou, deu até vontade de assistir porque falavam bem dele. O livro não cheguei a dar muita importante porque raramente leio livros assim. A pegada de biografia não me chama muita atenção, mas achei interessante por mostrar um lado novo de Hollywood. Não conheço muito da história, então tem esse fator de interesse. E vendo falar aqui deu até certa curiosidade, uma vontade de ler pra saber se é bem feito mesmo.

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  2. Até pensei em assistir o filme por falarem tão bem, só que ainda não tive a oportunidade por esperar passar na tv ou ter na netflix, já que aqui não tem cinema então não vi. Mas o livro não me interessei tanto quanto pelo fato de ser uma biografia e essa é a primeira resenha que leio do mesmo, acho que se eu realmente gostar do filme, lerei o livro. Pesquisei sobre ele(no qual eu também tinha a ignorância e não sabia sobre o mesmo) e soube que ele escreveu A Princesa e o Plebeu e fiquei chocada por eu não saber sobre algo simples como isso. Esse livro é fantástico e mostra uma história no qual todos merecem(merecem não, devem!) saber, depoisdessa resenha é agora que pretendo ler.

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  3. Não costumo ler biografias, acho que nunca li uma, mas confesso que depois do filme, que foi tão bem falado eu me interessei por essa.
    Geralmente o livro é melhor que o filme, não sei se isso acontece também com as biografias.
    Se eu tivesse o livro ao meu alcance eu acho que leria sim.

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  4. Tenho curiosidade de assistir o filme, porém não de ler o livro, não sou muito fã de ler biografias, achei o tema bem interessante, não esperava tudo isso confesso.
    A resenha ficou ótima, não tinha ouvido falar do auê que deu kkkkk desinformada, mas conhece o filme por um amigo que leu e gostou.
    Boa Noite.
    Bjs.

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  5. Mari!
    Devo também confessar que ainda não havia escutado sobre Trumbo até o filme.
    Como gosto de biografias, gostaria de conhecer um pouco mais sobre ele e tudo que passou na vida, inclusive a doença.
    “O amor é a sabedoria dos loucos e a loucura dos sábios.” (Samuel Johnson)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista especial de aniversário em abril: com 6 livros 5 ganhadores, participem!

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  6. Oiii
    Não gosto muito de ler biografias,mas vou assistir ao filme.
    Gostei muito da resenha.
    Bjs

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  7. Os filmes são muito bons! Pra começar temos Bryan Cranston (Eu certamente sabia que terá uma participação especial em Segura A Onda 09 ). na pele do excêntrico Dalton Trumbo. Posso dizer que ele está formidável neste filme! Além dos perfeitos traços e trejeitos, Cranston transborda uma caracterização impressionante, pois o atoe retrata um Trumbo bem articulado, com opiniões fortes, respeitando sua ideologia sem se deixar influenciar por nada e ninguém. Mesmo passando por dificuldades, ele e sua família nunca deixaram de ter do bom e do melhor e, apesar de apresentar uma personalidade forte e não muito fácil de lidar, o personagem consegue manter a química com os demais e, nenhum momento, o espectador fica contra ele.

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