Oi, gente!
Hoje vou falar
sobre A MALDIÇÃO DE DOMARÖ, livro do
JOHN AJVIDE LINDQVIST, lançado pela
editora TORDESILHAS.
JOHN AJVIDE LINDQVIST
Editora: TORDESILHAS
Nº págs: 496
Gênero: Terror, Suspense
SINOPSE: Um jovem
casal leva sua filha, uma criança chamada Maja, para um passeio no farol do
arquipélago sueco Domarö, onde passaram parte importante de sua vida. Contudo,
o momento de comunhão transforma-se em um pesadelo quando a criança desaparece
misteriosamente. A narrativa, então, toma um salto de dois anos, tempo
suficiente para uma mudança drástica na vida do outrora feliz casal. Separado
de Cecilia, Anders é agora um homem entregue à bebida e à apatia. Desolado,
retorna à ilha e logo começa a investigar o que de fato aconteceu à filha,
descobrindo antecedentes de acontecimentos estranhos no lugar. O elo comum
parece ser o mar, cuja aparente calmaria guarda, sob suas profundezas, forças
desconhecidas.
Anders busca uma
explicação, um sentido para a perda que, se por um lado não lhe parece
absolutamente irremediável, por outro não lhe apresenta chances claras de
reversibilidade. Resta-lhe tatear, por vezes cegamente, à procura de um
resquício de Maja, um sinal de que a manifestação de sua presença seja tão
possível quanto ele deseja.O desespero de Anders é traduzido num movimento
pendular, em que se alternam a ação destemperada e uma espécie de torpor
embriagado.
O frio sueco ajuda a
compor o cenário de medo e desespero, na medida em que o clima gélido só faz
aumentaro terror paralisante a que está submetido Anders, que treme ora por
frio, ora por pavor. Na ilha, Anders conta com o apoio de sua avó, Anna-Greta,
e o companheiro desta, Simon, que apesar de ter abandonado a carreira de longa
data na mágica traz consigo um truque que não consta em nenhuma cartilha.
Para quem não está
associando o nome do autor, LINDQVIST
escreveu o famosíssimo DEIXA ELA ENTRAR. Ainda não li o livro, mas assisti ao
filme e ADOREI! Por isso, quando a Cris (da editora Tordesilhas) me indicou A MALDIÇÃO DE DOMARÖ como próxima
resenha, fiquei empolgadíssima, pois iria ter meu primeiro contato com JOHN e
sem ser por um livro que já conhecia algumas partes por ter visto o filme.
A MALDIÇÃO DE DOMARÖ conta sobre o desaparecimento
da filha de Anders no arquipélago de Domarö. Anders e Cecilia, que até então
tiveram uma linda história de amor desde a adolescência, vêem o relacionamento
ir por água com o desaparecimento da filha, Maja.
Depois do
desaparecimento da menina, a história dá um salto no tempo, mostrando Anders já
separado, alcoólatra e sem aceitar o misterioso desaparecimento da filha. Por
conta disso, ele volta a Domarö para ver se consegue descobrir o que de fato
aconteceu a Maja e se consegue encontrá-la.
Começa então um
terror psicológico que envolve o leitor não apenas em relação ao
desaparecimento de Maja, mas também sobre muitos aspectos que cercam a vida dos
que vivem na ilha, que se acredita ser amaldiçoada.
Não vou me ater a
falar sobre o enredo do livro, pois a sinopse é mais que suficiente para sanar
a curiosidade de vocês sobre qual caminho o livro envereda, mas quero saltar
aqui alguns pontos que me incomodaram durante a leitura e outros que me
conquistaram.
A primeira coisa
que me incomodou foi a comparação do autor com STEPHEN KING. Não gosto dessa
coisa de comparação, pois já passamos a ler o livro tentando encontrar um outro
autor dentro dele. A narrativa de LINDQVIST
é realmente maravilhosa, cheia de mínimos detalhes, que tornam a tensão
psicológica da obra ainda mais envolvente, e que nos deixa curiosos a respeito
de cada pontinho que ele vai pincelando nos entremeios da história, por tudo
isso, digo que o autor tem um estilo próprio, e que ao meu ver, foi bastante
singular e nada comparável a KING. Digo isso pois os dois autores são bastante
prolixos, mas enquanto tudo na narrativa de KING parece ser essencial, muito do
que LINDQVIST apresentou poderia ser
retirado sem fazer falta alguma.
Outro ponto que me
incomodou bastante, justamente porque tentei encontrar KING na obra, foi o
personagem principal. KING tem o dom de humanizar tanto seus personagens que
sentimos como se eles fossem algum conhecido, um sujeito nada impossível de
encontrar. Já Anders, o personagem principal do livro, não me fez sentir essa
proximidade. Obviamente o autor explora maravilhosamente bem a figura de
Anders, principalmente em suas fraquezas, mas o personagem simplesmente não me
conquistou. Alguma coisa nele (em idade adulta) fazia sempre com que o visse
meio arrogante. Contudo, quando se voltava no tempo, para apresentar a infância
e adolescência de Anders na ilha, o personagem me cativava imensamente.
Quando deixei de
procurar em Anders as características dos personagens do KING, passei a me
deliciar com uma história fantasmagórica maravilhosa. A tensão durante a
leitura era crescente; o anseio por explicações, motivos e razões de tantas
coisas estarem acontecendo naquela ilha quase me fizeram roer as unhas. Ao
finalmente chegar nas explicações, fiquei embasbacada e confusa. Embasbacada
porque se quer imaginei as explicações, e confusa por que não sabia se
acreditava nelas ou não.
Claro que em uma
história sobrenatural você escolhe acreditar ou não naquilo que é apresentado,
eu opto por acreditar SEMPRE que tudo aquilo que o autor apresenta possa ser
real, do contrário, não há sentido para ter medo. A questão de ter ficado em
dúvida, surgiu pelo fato de a história se passar em uma ilha, e com isso não
sabia se o que era contado era “real” ou não passava de crendices de pessoas
que viviam num “cubículo”.
O que me fez crer
na veracidade dos fatos foi Simon, o melhor personagem do livro. Se LINDQVIST não me conquistou com Anders,
operou verdadeiros milagres com Simon! Ele é um senhor fantástico, que também
esconde um grande segredo (e como foi bom ler as partes dele com a
“criaturinha”), e tem aquele passado comovente e ao mesmo tempo intrigante. Simon,
tão correto, tão cético quanto as crendices da ilha, foi quem fez minha visão
mudar, uma vez que ele próprio abriu sua mente para os assuntos que cercavam
Domarö; a partir daí, parei de sentir apenas a tensão psicológica, típica do
gênero terror, para deixar que uma pontadinha de medo me invadisse, ahhh, e
como foi bom! (Apenas meus sonhos noturnos não foram, mas faz parte).
Um ponto que me
agradou imensamente em A MALDIÇÃO DE
DOMARÖ, foi um fato que aconteceu com dois amigos de Anders quando eles
eram adolescentes. Não foi nada voltado ao terror, mas não deixou de ser
terrível, triste, e de causar dor em nosso coração ao ler o que aconteceu com
os garotos. Adoro quando existe uma carga dramática forte nos livros de terror,
e muito drama está presente no livro, mas em relação a esses dois meninos, é
algo que nos deixa chocados, tamanha crueldade e maldade que cerca o ser humano.
Gostei bastante de
A MALDIÇÃO DE DOMARÖ, infelizmente
não aproveitei mais a leitura por causa da comparação que foi feita com STEPHEN
KING. Acredito que sempre que há uma comparação, o leitor fica buscando traços
do outro autor, e esquece de olhar para as singularidades do autor em questão.
Confesso que por muitas e muitas páginas fiz isso, mas assim que caí na real, e
parei de buscar as semelhanças, mergulhei em uma história profunda e
extremamente bem elaborada. À sua maneira e com méritos próprios, LINDQVIST é brilhante!
Adorei a resenha e fiquei super instigada. Vou considerar essa leitura.
ResponderExcluirAbraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/