9 de janeiro de 2014

RESENHA: A MALDIÇÃO DE DOMARÖ - John Ajvide Lindqvist (Ed. Tordesilhas)



Oi, gente!

Hoje vou falar sobre A MALDIÇÃO DE DOMARÖ, livro do JOHN AJVIDE LINDQVIST, lançado pela editora TORDESILHAS.

A Maldição de DomaröA MALDIÇÃO DE DOMARÖ
JOHN AJVIDE LINDQVIST
Editora: TORDESILHAS                                 
Ano: 2013                  
Nº págs: 496
Gênero: Terror, Suspense

SINOPSE: Um jovem casal leva sua filha, uma criança chamada Maja, para um passeio no farol do arquipélago sueco Domarö, onde passaram parte importante de sua vida. Contudo, o momento de comunhão transforma-se em um pesadelo quando a criança desaparece misteriosamente. A narrativa, então, toma um salto de dois anos, tempo suficiente para uma mudança drástica na vida do outrora feliz casal. Separado de Cecilia, Anders é agora um homem entregue à bebida e à apatia. Desolado, retorna à ilha e logo começa a investigar o que de fato aconteceu à filha, descobrindo antecedentes de acontecimentos estranhos no lugar. O elo comum parece ser o mar, cuja aparente calmaria guarda, sob suas profundezas, forças desconhecidas.
Anders busca uma explicação, um sentido para a perda que, se por um lado não lhe parece absolutamente irremediável, por outro não lhe apresenta chances claras de reversibilidade. Resta-lhe tatear, por vezes cegamente, à procura de um resquício de Maja, um sinal de que a manifestação de sua presença seja tão possível quanto ele deseja.O desespero de Anders é traduzido num movimento pendular, em que se alternam a ação destemperada e uma espécie de torpor embriagado.
O frio sueco ajuda a compor o cenário de medo e desespero, na medida em que o clima gélido só faz aumentaro terror paralisante a que está submetido Anders, que treme ora por frio, ora por pavor. Na ilha, Anders conta com o apoio de sua avó, Anna-Greta, e o companheiro desta, Simon, que apesar de ter abandonado a carreira de longa data na mágica traz consigo um truque que não consta em nenhuma cartilha.


Para quem não está associando o nome do autor, LINDQVIST escreveu o famosíssimo DEIXA ELA ENTRAR. Ainda não li o livro, mas assisti ao filme e ADOREI! Por isso, quando a Cris (da editora Tordesilhas) me indicou A MALDIÇÃO DE DOMARÖ como próxima resenha, fiquei empolgadíssima, pois iria ter meu primeiro contato com JOHN e sem ser por um livro que já conhecia algumas partes por ter visto o filme.

A MALDIÇÃO DE DOMARÖ conta sobre o desaparecimento da filha de Anders no arquipélago de Domarö. Anders e Cecilia, que até então tiveram uma linda história de amor desde a adolescência, vêem o relacionamento ir por água com o desaparecimento da filha, Maja.

Depois do desaparecimento da menina, a história dá um salto no tempo, mostrando Anders já separado, alcoólatra e sem aceitar o misterioso desaparecimento da filha. Por conta disso, ele volta a Domarö para ver se consegue descobrir o que de fato aconteceu a Maja e se consegue encontrá-la.

Começa então um terror psicológico que envolve o leitor não apenas em relação ao desaparecimento de Maja, mas também sobre muitos aspectos que cercam a vida dos que vivem na ilha, que se acredita ser amaldiçoada.

Não vou me ater a falar sobre o enredo do livro, pois a sinopse é mais que suficiente para sanar a curiosidade de vocês sobre qual caminho o livro envereda, mas quero saltar aqui alguns pontos que me incomodaram durante a leitura e outros que me conquistaram.

A primeira coisa que me incomodou foi a comparação do autor com STEPHEN KING. Não gosto dessa coisa de comparação, pois já passamos a ler o livro tentando encontrar um outro autor dentro dele. A narrativa de LINDQVIST é realmente maravilhosa, cheia de mínimos detalhes, que tornam a tensão psicológica da obra ainda mais envolvente, e que nos deixa curiosos a respeito de cada pontinho que ele vai pincelando nos entremeios da história, por tudo isso, digo que o autor tem um estilo próprio, e que ao meu ver, foi bastante singular e nada comparável a KING. Digo isso pois os dois autores são bastante prolixos, mas enquanto tudo na narrativa de KING parece ser essencial, muito do que LINDQVIST apresentou poderia ser retirado sem fazer falta alguma.

Outro ponto que me incomodou bastante, justamente porque tentei encontrar KING na obra, foi o personagem principal. KING tem o dom de humanizar tanto seus personagens que sentimos como se eles fossem algum conhecido, um sujeito nada impossível de encontrar. Já Anders, o personagem principal do livro, não me fez sentir essa proximidade. Obviamente o autor explora maravilhosamente bem a figura de Anders, principalmente em suas fraquezas, mas o personagem simplesmente não me conquistou. Alguma coisa nele (em idade adulta) fazia sempre com que o visse meio arrogante. Contudo, quando se voltava no tempo, para apresentar a infância e adolescência de Anders na ilha, o personagem me cativava imensamente.

Quando deixei de procurar em Anders as características dos personagens do KING, passei a me deliciar com uma história fantasmagórica maravilhosa. A tensão durante a leitura era crescente; o anseio por explicações, motivos e razões de tantas coisas estarem acontecendo naquela ilha quase me fizeram roer as unhas. Ao finalmente chegar nas explicações, fiquei embasbacada e confusa. Embasbacada porque se quer imaginei as explicações, e confusa por que não sabia se acreditava nelas ou não.

Claro que em uma história sobrenatural você escolhe acreditar ou não naquilo que é apresentado, eu opto por acreditar SEMPRE que tudo aquilo que o autor apresenta possa ser real, do contrário, não há sentido para ter medo. A questão de ter ficado em dúvida, surgiu pelo fato de a história se passar em uma ilha, e com isso não sabia se o que era contado era “real” ou não passava de crendices de pessoas que viviam num “cubículo”. 

O que me fez crer na veracidade dos fatos foi Simon, o melhor personagem do livro. Se LINDQVIST não me conquistou com Anders, operou verdadeiros milagres com Simon! Ele é um senhor fantástico, que também esconde um grande segredo (e como foi bom ler as partes dele com a “criaturinha”), e tem aquele passado comovente e ao mesmo tempo intrigante. Simon, tão correto, tão cético quanto as crendices da ilha, foi quem fez minha visão mudar, uma vez que ele próprio abriu sua mente para os assuntos que cercavam Domarö; a partir daí, parei de sentir apenas a tensão psicológica, típica do gênero terror, para deixar que uma pontadinha de medo me invadisse, ahhh, e como foi bom! (Apenas meus sonhos noturnos não foram, mas faz parte).

Um ponto que me agradou imensamente em A MALDIÇÃO DE DOMARÖ, foi um fato que aconteceu com dois amigos de Anders quando eles eram adolescentes. Não foi nada voltado ao terror, mas não deixou de ser terrível, triste, e de causar dor em nosso coração ao ler o que aconteceu com os garotos. Adoro quando existe uma carga dramática forte nos livros de terror, e muito drama está presente no livro, mas em relação a esses dois meninos, é algo que nos deixa chocados, tamanha crueldade e maldade que cerca o ser humano.


Gostei bastante de A MALDIÇÃO DE DOMARÖ, infelizmente não aproveitei mais a leitura por causa da comparação que foi feita com STEPHEN KING. Acredito que sempre que há uma comparação, o leitor fica buscando traços do outro autor, e esquece de olhar para as singularidades do autor em questão. Confesso que por muitas e muitas páginas fiz isso, mas assim que caí na real, e parei de buscar as semelhanças, mergulhei em uma história profunda e extremamente bem elaborada. À sua maneira e com méritos próprios, LINDQVIST é brilhante!



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Um comentário:

  1. Adorei a resenha e fiquei super instigada. Vou considerar essa leitura.

    Abraço!
    http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

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